Reitores afirmam que Future-se não pode ferir autonomia universitária
Reunidos em audiência na Comissão de Educação, dirigentes de universidades públicas debateram o programa Future-se, lançado pelo MEC. Os reitores manifestaram preocupação com a manutenção da autonomia universitária e com a garantia de recursos públicos para o ensino superior. A reportagem é de Rodrigo Resende, da Rádio Senado.

Transcrição
LOC: REITORES APONTAM QUE FUTURE-SE PRECISA DE MUITOS AJUSTES PARA COLABORAR DE FATO COM A CRISE FINANCEIRA DAS UNIVERSIDADES.
LOC: OS DIRIGENTES AFIRMARAM QUE O PROGRAMA NÃO PODE FERIR A AUTONOMIA UNIVERSITÁRIA E QUE A ADMINISTRAÇÃO POR ORGANIZAÇÕES SOCIAIS PODE APRESENTAR PROBLEMAS. A REPORTAGEM É DE RODRIGO RESENDE:
TÉC: O Future-se é um programa apresentado pelo Ministério da Educação para a repartição de recursos e criação de novos modelos de gestão nas instituições de ensino superior. Ele se baseia em três eixos: o primeiro, Gestão, Governança e Empreendedorismo, o segundo, pesquisa e inovação e o terceiro, internacionalização. Reitores de diversas universidades brasileiras estiveram na Comissão de Educação do Senado para debater o programa. Wanda Aparecida Machado Hoffmann, Reitora da Universidade Federal de São Carlos, destacou que o Future-se não pode ferir a autonomia universitária, com a simples presença das organizações sociais na administração das universidades. Para Wanda, o projeto precisa de ajustes, pois apresenta algumas premissas que podem colaborar com as universidades:
(Wanda): O programa future-se não pode ser visto como solução para o funcionamento básico das universidades, mas caso ajustado, aprovado e abraçado pelas instituições, o future-se tem o potencial de trazer benefícios significativos. Fim do teto, flexibilização na utilização dos recursos próprios, melhorias nos indicadores de gestão e internacionalização
(REP) Rui Oppermann, Reitor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, afirmou que o MEC não conversou com as universidades antes do lançamento do programa:
(Rui): Essa foi a primeira crítica ao future-se que o MEC ignorou completamente uma questão histórica entre as universidades federais e o ministério da educação.
(REP) Soraya Smaili, Reitora da Universidade Federal de São Paulo, afirmou que o programa future-se ainda traz muitas dúvidas:
(Soraya) Nós temos mais dúvidas do que certeza em relação à proposta e muitas coisas precisam de muitos esclarecimentos e também de muito debate antes que qualquer decisão seja tomada.
(REP) Para Fernando Peregrino, Presidente do Conselho Nacional das Fundações de Apoio às Instituições de Ensino Superior e de Pesquisa Científica e Tecnológica, um dos caminhos para o financiamento das universidades seria um fundo com as receitas próprias, sem contingenciamento e com administração pelas IFES:
(Peregrino) Aqui tem um fundo soberano que parece que vai salvar a pátria, um fundo imobiliário. E aqui tem um fundo das receitas próprias, esse eu aposto tudo, para salvar a nossa pátria, salvar as nossas universidades, esse fundo é pra mim possível.
(REP) O senador Omar Aziz, do PSD do Amazonas, defendeu a possibilidade das universidades utilizarem recursos obtidos por meio de pesquisa e inovação:
(Aziz): Hoje, se você alocar pesquisa de Pesquisa e Desenvolvimento para esses professores parte desse ganho com essa pesquisa tinha que ficar com a universidade, parte com o professor que fez a pesquisa.
(REP) O presidente da Comissão de Educação, Dário Berger, do MDB de Santa Catarina, afirmou que o programa será debatido com afinco no Senado:
(Berger): Um dos projetos proeminentes da educação brasileira e nós precisamos discutir isso muito amiúde.
(REP) Também participaram da audiência os reitores da UFMG, UFMS, UFRJ e Universidade de Brasília. Da Rádio Senado, Rodrigo Resende.