Sindicalistas e especialistas defendem reforma tributária para diminuir concentração de renda — Rádio Senado
Audiência pública

Sindicalistas e especialistas defendem reforma tributária para diminuir concentração de renda

Em audiência pública na Comissão de Direitos Humanos e Legislação participativa do Senado, senadores, sindicalistas e especialistas apontaram que, segundo dados oficiais, o Brasil é um dos países com maior concentração de renda no mundo. O relatório da ONU que usa como referência o chamado Índice de Gini mostra que o Brasil ocupa a décima pior posição no ranking da desigualdade, atrás de nações como Ruanda, Congo e Guatemala. Já o IBGE revela que enquanto 10% dos brasileiros mais ricos detêm 43 por cento da renda total, os dez por cento mais pobres dividem menos de um por cento da riqueza nacional. O senador Paulo Paim, do PT do Rio Grande do Sul, citou um relatório da Ong inglesa Oxfam, em que seis famílias brasileiras concentram uma fortuna de aproximadamente 300 bilhões de reais. Durante o debate, os convidados lembraram que a desigualdade é ainda maior nas regiões mais pobres e entre negros, mulheres e pessoas com menos escolaridade. Também criticaram o ajuste fiscal do governo e apoiaram mudanças na legislação tributária para reverter este cenário. Mais detalhes com o repórter George Cardim, da Rádio Senado.

07/05/2018, 12h58 - ATUALIZADO EM 07/05/2018, 12h58
Duração de áudio: 02:50
Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) realiza audiência pública interativa para discutir concentração de renda no Brasil.

Mesa:
diretor do Departamento de Emprego e Renda – Substituto do Ministério do Trabalho (MT), Marcos Sussumo Andrade;
professor de economia e consultor legislativo da Câmara dos Deputados, Roberto Piscitelli;
diretor de Aposentados e Pensionistas da Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital (Fenafisco), Celso Malhani de Souza;
vice-presidente da CDH, senador Paulo Paim (PT-RS);
membro da Coordenação de População e Indicadores Sociais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), André Geraldo de Moraes Simões;
diretor Técnico do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio Econômicos (Dieese), Clóvis Scherer.

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Geraldo Magela/Agência Senado

Transcrição
LOC: O BRASIL É UM DOS PAÍSES QUE APRESENTAM MAIOR CONCENTRAÇÃO DE RENDA NO MUNDO. A AVALIAÇÃO FOI FEITA NESTA SEGUNDA-FEIRA EM AUDIÊNCIA PÚBLICA NA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS DO SENADO. LOC: PARA REVERTER ESTE CENÁRIO, SENADORES, ESPECIALISTAS E SINDICALISTAS DEFENDERAM MUDANÇAS NA COBRANÇA DE IMPOSTOS E INVESTIMENTOS NA EDUCAÇÃO. REPÓRTER GEORGE CARDIM. (Repórter) Segundo dados oficiais, o Brasil é um dos países que apresentam maior concentração de renda no mundo. O relatório da ONU que usa como referência o chamado Índice de Gini aponta que o Brasil ocupa a décima pior posição no ranking da desigualdade, atrás de nações como Ruanda, Congo e Guatemala. Já o IBGE revela que enquanto 10% dos brasileiros mais ricos detêm 43 por cento da renda total, os dez por cento mais pobres dividem menos de um por cento da riqueza nacional. O senador Paulo Paim, do PT do Rio Grande do Sul, lamentou os indicadores e citou um relatório da Ong inglesa Oxfam, em que seis famílias brasileiras concentram uma fortuna de aproximadamente 300 bilhões de reais. (Paulo Paim) “O Brasil é um dos países com maior concentração de renda do mundo. Ninguém tem dúvida quanto a isso. De que os indicadores de miséria e pobreza aumentam e a concentração de renda, vou trazer um dado que nunca é dito, está centrado o absurdo de que seis famílias praticamente detém mais de 50% de tudo que é produzido no país” (Repórter) Durante o debate na Comissão de Direitos Humanos, os pesquisadores e sindicalistas lembraram que a desigualdade é ainda maior nas regiões mais pobres e entre negros, mulheres e pessoas com menos escolaridade. Para reverter este cenário nas próximas décadas, os convidados defenderam mais investimentos na educação e políticas de distribuição de renda, de reforma agrária e de valorização do salário mínimo. Eles também criticaram o ajuste fiscal do governo e apoiaram mudanças na legislação tributária. O representante da Federação Nacional do Fisco Estadual e Distrital, Celso de Souza, explicou que o atual sistema beneficia os mais ricos, que têm mais isenções fiscais e pagam menos imposto de renda e sobre o patrimônio, entre outras distorções. (Celso de Souza) “É sim através de uma reforma tributária qualificada, com visão solidária, que nós vamos conseguir diminuir este enorme fosso de desigualdade que separa nossa sociedade hoje. Uma enorme parcela dela vive inclusive abaixo da linha da miséria.” (Repórter) Outro levantamento do IBGE revela que em 2017 1% da população teve rendimento médio mensal de 27 mil reais, enquanto metade dos trabalhadores ganhou 754 reais, um valor menor do que o salário mínimo.

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