Relatório do Senado considera situação das contas públicas pior do que a versão oficial
O relatório da Instituição Fiscal Independente do Senado - IFI aponta que o ajuste das contas públicas, que está sendo realizado pelo governo Temer, segura o déficit primário bilionário no curto prazo, mas não é suficiente para o controle da dívida pública. Se forem descontadas as arrecadações atípicas, temporárias, o resultado das contas públicas é considerado pior do que aquele anunciado pelo governo. O relatório enfatiza que o Orçamento da União de 2018 já se inicia precisando de mais cortes e gerando incertezas. Na avaliação do diretor da IFI, Gabriel Leal de Barros, além da reforma da Previdência, serão necessários outros cortes como pessoal e seguro desemprego para voltar a equilibrar as contas públicas. Ainda assim, o esforço iria demorar entre cinco e seis anos para começar a produzir resultados positivos.
Transcrição
LOC: O RELATÓRIO FISCAL DE UM INSTITUTO DO SENADO APONTA QUE O AJUSTE FISCAL SEGURA O DÉFICIT PRIMÁRIO BILIONÁRIO NO CURTO PRAZO, MAS NÃO É SUFICIENTE PARA O CONTROLE DA DÍVIDA PÚBLICA.
LOC: SE FOREM DESCONTADAS AS ARRECADAÇÕES ATÍPICAS, O RESULTADO DAS CONTAS PÚBLICAS É CONSIDERADO PIOR DO QUE AQUELE ANUNCIADO PELO GOVERNO. REPÓRTER FLORIANO FILHO.
TEC: Ainda é preciso terminar de conferir os números de 2017. Mas, segundo economistas da Instituição Fiscal Independente do Senado, a IFI, o governo deve conseguir fechar com folga as contas do ano passado. O principal motivo foram arrecadações acima do esperado ao longo do ano. O destaque ficou com a concessão de usinas hidroelétricas como algumas vinculadas à Cemig, royalties de petróleo e gás, e refinanciamento de dívidas tributárias. Pelo lado das despesas também houve corte de investimento em obras públicas. O relatório enfatizou que, mesmo assim, o Orçamento de 2018 já se inicia precisando de mais cortes e gerando incertezas, como explicou o diretor da IFI, Gabriel Leal de Barros.
(Gabriel) Por exemplo, o governo tem uma expectativa de arrecadar 12 bilhões de reais com a venda da Eletrobrás. Tem outras medidas. (...) Aquela que tributava os fundos fechados de investimento. (...) Não foi aprovada. (...) O próprio (...) reajuste dos servidores públicos, estimada em 4,4 bilhões foi concedido para janeiro.
(Rep) Gabriel Barros disse que o quadro fica mais preocupante quando se calcula o resultado final sem receitas e despesas atípicas. É o chamado déficit fiscal recorrente, que sobe de quase 160 bilhões anunciados oficialmente para até 230 bilhões de reais.
(Gabriel 2) O desajuste é bem maior do que o indicador oficial revela justamente porque tem uma série de coisas atípicas, temporárias, que estão afetando positivamente as contas públicas.
(Rep) Para o diretor da IFI, além da reforma da previdência, serão necessários outros cortes como pessoal e seguro desemprego para voltar a equilibrar as contas públicas. Ainda assim, o esforço iria demorar entre cinco e seis anos para começar a produzir os resultados desejados.