Em carta lida na Comissão do Impeachment, Dilma faz apelo contra "julgamento injusto" e "acusações frágeis"
Transcrição
LOC: EM CARTA LIDA NA COMISSÃO ESPECIAL DO IMPEACHMENT, PRESIDENTE AFASTADA FAZ UM APELO CONTRA JULGAMENTO INJUSTO E ACUSAÇÕES FRÁGEIS.
LOC: SENADORES PRÓ-IMPEACHMENT CRITICAM A AUSÊNCIA DE DILMA ROUSSEFF NO DIA DEDICADO AO INTERROGATÓRIO. A REPORTAGEM É DE HÉRICA CHRISTIAN.
TÉC: A presidente afastada Dilma Rousseff decidiu não se defender pessoalmente na Comissão Especial do Impeachment por sugestão dos próprios aliados. Na carta de 30 páginas lida pelo advogado José Eduardo Cardozo, Dilma disse que já enfrentou a dor da tortura no regime militar, a dor da doença numa referência ao câncer linfático em 2009. Mas que a maior de todas é a da traição, da injustiça e a do golpe. Ela negou os crimes de responsabilidade. Sobre os decretos, disse que assinou a liberação dos recursos numa rotina administrativa baseada em pareceres técnicos e jurídicos. Negou prejuízos nas contas públicas e citou que após mudança de entendimento do Tribunal de Contas da União parou de editá-los. Em relação às pedaladas fiscais, Dilma afirmou que o Plano Safra não é gerido por ela, mas pelo Ministério da Fazenda. Negou atraso de pagamento por não existir um contrato entre a União e o Banco do Brasil. E citou que o Congresso Nacional aprovou a mudança da meta após a queda na arrecadação e por não haver mais espaço para cortes no Orçamento. Ela concluiu a defesa fazendo um apelo para que os senadores não a condenassem por crimes não cometidos, como destacou Cardozo na leitura da carta.
(Cardozo) Que Vossas Excelências meditem sobre as frágeis acusações que me são dirigidas confrontando-as com as provas irrefutáveis que nesses autos foram produzidas e que acabam por demonstrar de forma cabal e irretorquível a absoluta improcedência por crime de responsabilidade que motiva esse processo. Postulo que ao fazerem essa análise pensem na injustiça da condenação de alguém que não praticou qualquer crime e que teve sua vida pública sempre marcada por uma profunda honestidade.
REP: A senadora Simone Tebet do PMDB de Mato Grosso do Sul rebateu a defesa de Dilma quanto à falta de ato para os crimes.
(Tebet) Independentemente da digital da senhora presidente, basta que haja realmente um fato. Este fato é um crime de responsabilidade. Independentemente do dolo e da ação, basta a omissão por negligência e por imperícia. Impeachment é isso, é tirar do poder aquele que usa mal o poder. Aqui não se julga a pessoa, mas a autoridade.
REP: Apesar de ter a procuração, o advogado não respondeu às perguntas dos senadores porque o presidente da Comissão, senador Raimundo Lira do PMDB da Paraíba, declarou que somente a acusada teria condições de comentar atos praticados por ela mesma. Da Rádio Senado, Hérica Cristhian.