CPI do Assassinato de Jovens aprova relatório — Rádio Senado
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CPI do Assassinato de Jovens aprova relatório

08/06/2016, 18h41 - ATUALIZADO EM 08/06/2016, 18h41
Duração de áudio: 03:19
CPI do Assassinato de Jovens (CPIADJ) realiza audiência pública interativa com a participação de convidados, para apresentação do relatório. 

Mesa: 
relator da CPIADJ, senador Lindbergh Farias (PT-RJ); 
presidente da CPIADJ, senadora Lídice da Mata (PSB-BA); 
senadora Fátima Bezerra (PT-RN) 

Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado
Marcos Oliveira / Agência Senado

Transcrição
LOC: O RELATÓRIO DA CPI DO ASSASSINATO DE JOVENS FOI APROVADO NESTA QUARTA-FEIRA LOC: RACISMO, TRÁFICO DE DROGAS E AÇÃO VIOLENTA DA POLÍCIA FORAM APONTADAS COMO AS PRINCIPAIS CAUSAS DO ASSASSINATO DE JOVENS NO PAÍS, A MAIORIA POBRES E NEGROS. REPÓRTER PAULA GROBA. TÉC: O Estado brasileiro, direta ou indiretamente, provoca o genocídio da população jovem e negra. Seja por falta de amparo em políticas públicas, por omissão, ou pela intervenção violenta da polícia. Foi o que concluiu o relator da CPI do Assassinato de Jovens, senador Lindbergh Farias, do PT do Rio de Janeiro, ao apresentar o relatório final à comissão. Dados do Mapa da Violência apontam que a cada ano cerca de 31 mil jovens, com idade entre 15 e 29 anos, são assassinados no país. E, desses, 23 mil são negros. São 63 mortes por dia. Na avaliação do relator, as mortes ocorrem pela violência, tanto da polícia, quanto do tráfico de drogas nas comunidades de baixa renda, resultados da omissão do Estado. Lindbergh Farias também aponta o visível racismo institucional infiltrado nas instituições públicas e privadas, o que leva à maioria dos homicídios de jovens negros e pobres. (LINDBERGH) É uma juventude que está sendo vítima do tráfico, da polícia e da milícia. Fracasso dessa política de guerra às drogas. Um fracasso que está dizimando a nossa juventude. Então a gente quer que esse documento aqui seja mais uma denúncia do Estado brasileiro. Não é nem dos governos. (Paula) Para a representante do Movimento Mães de Maio, Débora Maria da Silva, o estado tem responsabilidade não só pelas mortes de grande parte dos jovens, mas também das mães dos assassinados. (DÉBORA) Quando a gente luta, a gente não luta com a boca, luta com o útero. Porque o Estado não mata o meu filho, os filhos dessas mães. Mata a família inteira. E nossos filhos, eles têm sangue. Não são baratas que se matam e se jogam nas valas comuns clandestinas muitas vezes. E a gente cai no conformismo perante esse estado ao qual nós sustentamos com nossos salários. (Paula) Lindbergh denunciou ainda a morosidade, a burocracia do Estado e a inexistência de dados oficiais sobre as mortes ocorridas no país. A falha nas apurações dos assassinatos também é, segundo ele, outro problema. O índice de apuração da Polícia Civil não chega ao patamar de 8% de elucidação dos casos. O senador defendeu a unificação das polícias Civil e Militar e a criação de uma polícia cidadã, com reciclagem e treinamento dos agentes. Também presente na reunião, Frei David, listou vários pleitos dos jovens negros, entre eles o direito à uma educação digna. Ele citou um exemplo de sucesso, mas uma realidade triste. (FREI DAVID) O caso do jovem negro, de 17 anos, Lucas, negro pobre da baixada fluminense da Educafro, acaba de passar pra duas universidades dos Estados Unidos. Eu quero saber o seguinte: Lucas, seus 10 melhores amigos, onde eles estão? E aí a resposta machuca a gente: 3 mortos, 4 presos injustamente. É esse Brasil que nós temos. Não queremos um caso só. Queremos todos eles vencendo. (Paula) A comissão aprovou o relatório com sugestões de vários segmentos da sociedade que estiveram presentes durante a apresentação do documento. O colegiado ainda pretende se reunir com o presidente do Senado Renan Calheiros nos próximos dias para pedir agilidade na votação de projetos relacionados ao relatório, como a desmilitarização e a unificação da polícia. Da Rádio Senado, Paula Groba.

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