CE começa a debater acordo ortográfico da língua portuguesa — Rádio Senado

CE começa a debater acordo ortográfico da língua portuguesa

LOC: A COMISSÃO DE EDUCAÇÃO DO SENADO COMEÇOU A DISCUTIR NESTA TERÇA-FEIRA O ACORDO ORTOGRÁFICO DA LÍNGUA PORTUGUESA. 

LOC: AS OPINIÕES DOS ESPECIALISTAS PRESENTES SE AFASTAM QUANDO O TEMA É SIMPLIFICAR AINDA MAIS A ESCRITA DO PORTUGUÊS. REPÓRTER ROBERTO FRAGOSO. 

(Repórter) O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, assinado em 1990, ainda não foi implantado em definitivo por falta de consenso sobre as novas regras, tanto entre os integrantes da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa como dentro do próprio Brasil. Na Comissão de Educação, o presidente do Centro de Estudos Linguísticos da Língua Portuguesa, Ernani Pimentel, voltou a apresentar uma proposta de simplificação da ortografia. Entre as sugestões está o fim do uso do CH e a adoção definitiva do X, o fim do H mudo em palavras como “homem” e a utilização de apenas duas regras para o hífen. 

(Ernani Pimentel) Antes do acordo ortográfico, os senhores sabiam usar o hífen? Não sabiam. E agora, depois do acordo, sabem? Não sabem, desculpa. São 22 regras com um monte de exceções. E o que eu estou fazendo é apresentar propostas que abram a discussão. Com certeza, 200 sugestões, críticas vão aparecer. Mas isso aqui é um ponto de partida para uma discussão aberta e para que se crie um organismo internacional como outras línguas têm. 

(Repórter) Ernani Pimentel destacou que essa proposta foi elaborada por professores, que criticam a complexidade do ensino da língua. Ele acredita que com a mudança, o tempo de estudo da ortografia pelos alunos deve cair de 400 horas para 150. Mas o professor e membro da Academia Brasileira de Letras, Evanildo Bechara, disse que a entidade é contrária à simplificação. 

(Evanildo Bechara) O problema do ensino da língua escrita não se prende rigorosamente à ortografia. Prende-se a um bom ensino de língua, e a prova disso: das ortografias modernas, as mais complicadas são a inglesa e a francesa. O índice cultural desses dois países mostra que não é por uma reforma ortográfica que o índice cultural de um país vai melhorar. 

(Repórter) A senadora Ana Amélia, do PP do Rio Grande do Sul, afirmou que o tema provoca controvérsias e que o papel da comissão é mediar a discussão, e não promover mudanças na ortografia. 

(Ana Amélia) Nós não somos especialistas em língua portuguesa. Nós somos apenas senadores e temos a responsabilidade de tentar aqui buscar esse consenso. Não vamos mexer uma vírgula no conteúdo do acordo, não podemos. Nós estamos aqui fazendo uma articulação política para um entendimento que diz respeito aos interesses da defesa nacional – porque a língua faz parte desse conceito de nação. 

(Repórter) Ernani Pimentel lembra que Angola e Moçambique ainda não ratificaram o protocolo internacional do acordo ortográfico. Ele disse que entidades de professores dos dois países alegam dificuldade em ensinar as novas regras.
21/10/2014, 00h58 - ATUALIZADO EM 21/10/2014, 00h58
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