Depoentes se recusam a responder às perguntas dos parlamentares — Rádio Senado

Depoentes se recusam a responder às perguntas dos parlamentares

LOC: OS TRÊS DEPOENTES DA CPI MISTA DO CACHOEIRA SE RECUSARAM A RESPONDER ÀS PERGUNTAS DOS PARLAMENTARES SOBRE O ESQUEMA DE CORRUPÇÃO DO BICHEIRO.

LOC: A COMISSÃO DEVE VOTAR NA TERÇA-FEIRA A QUEBRA DOS SIGILOS DA CONSTRUTORA DELTA E A CONVOCAÇÃO DE TRÊS GOVERNADORES. A REPORTAGEM É DE HÉRICA CHRISTIAN. 

(REPÓRTER) A exemplo do contraventor Carlos Ramos, os três depoentes envolvidos no esquema de corrupção do bicheiro evocaram o direito de permanecer calados na sessão desta quinta-feira da CPI Mista do Cachoeira. Antes de se recusar a responder às perguntas do relator, deputado Odair Cunha, do PT de Minas Gerais, o ex-vereador, Wladimir Garcez, se defendeu das acusações de ter feito negócios em nome de Cachoeira. Ele admitiu, no entanto, que recebia um salário de R$ 20 mil da Delta Construções, e outro de R$ 5 mil de Cachoeira pela prática de lobby por conhecer políticos e empresários. Além de dizer que foram manipuladas as gravações feitas pela Polícia Federal que resultaram na prisão dele, o ex-vereador questionou a validade jurídica das interceptações telefônicas sob o argumento de que o grampo só poderia ser feito com a autorização do Supremo Tribunal Federal por envolver o senador Demóstenes Torres de Goiás. Wladimir negou qualquer negócio ilícito.

(Wladimir Garcez) Não integro e nem integrei qualquer organização criminosa. Sou ex-parlamentar e tenho bom relacionamento político. Agi licitamente fazendo contatos e aproximando pessoas. Mas não pratiquei delito nem qualquer crime. Por isso, gostaria de usar o meu direito constitucional de permanecer em silêncio. 

(REPÓRTER) Já Idalberto de Araújo e Jairo Martins, responsáveis por grampos telefônicos no esquema de Cachoeira, não fizeram qualquer declaração protegidos pelo direito de não se auto-incriminarem. Diante do silêncio dos depoentes, os integrantes da CPI decidiram discutir a análise de novos requerimentos. Na reunião de terça-feira, eles vão votar o pedido da quebra dos sigilos bancário e fiscal da empresa Delta e a convocação dos governadores de Goiás, Marconi Perillo; do Distrito Federal, Agnelo Queiroz; e do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral. O senador Randolfe Rodrigues do PSOL do Amapá defendeu que a CPI deixe de ouvir os demais indiciados, que, segundo ele, não vão falar nada, para aprofundar as investigações relacionadas à Delta Nacional e não apenas às filiais da construtora na Região Centro-Oeste.

(Randolfe Rodrigues) É inadiável, é urgente, é irreversível a convocação da Delta e a quebra de seu sigilo. Claramente, há um acordo firmado aí pelos grandes partidos de blindar tudo, de não convocar governadores, de não investigar a Delta e de não quebrar seu sigilo.

(REPÓRTER) O relator da CPI, deputado Odair Cunha, negou qualquer blindagem à Delta Nacional por ter contratos com o governo federal e aos governadores citados nas conversas grampeadas pela PF.

(Odair Cunha) Não é resistência, Temos uma agenda. A agenda prevista para decidirmos esse tema seria no dia 5. O plenário quer antecipar para terça-feira, não há problema. Vamos enfrentar este tema. A questão central era que tínhamos decidido que o tema da convocação dos governadores seria enfrentado no dia 5 de junho.  

(REPÓRTER) Na reunião de quarta-feira, a CPI vai tomar o depoimento do ex-diretor da Delta Centro-Oeste, Cláudio Abreu; e de outros envolvidos no esquema de Cachoeira: José Olímpio Neto; Gleyb da Cruz; Lenine de Souza; e Jayme Ricón.
24/05/2012, 05h47 - ATUALIZADO EM 24/05/2012, 05h47
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