Especialistas debatem proibição dos inibidores de apetite — Rádio Senado

Especialistas debatem proibição dos inibidores de apetite

LOC: CONTINUA A POLÊMICA SOBRE A POSIÇÃO DA ANVISA DE RETIRAR OS INIBIDORES DE APETITE DO MERCADO. LOC: ESPECIALISTAS DISCUTIRAM A PROPOSTA NESTA TERÇA-FEIRA, NA AUDIÊNCIA PÚBLICA CONJUNTA PROMOVIDA PELAS COMISSÕES DE ASSUNTOS SOCIAIS E DE DIREITOS HUMANOS DO SENADO. A REPORTAGEM É DE RENINA VALEJO. A Agência de Vigilância Sanitária ¿ Anvisa ¿ pretende retirar do mercado alguns inibidores de apetite do tipo anfetamínicos, como o anfepramona, femproporex e mazindol, ou à base de sibutramina. Segundo o presidente da Anvisa, Dirceu Barbano, não dá dados que comprovem a segurança e a eficácia desses medicamentos. (DIRCEU) ¿Nós não podemos sujeitar a sociedade a consumir um produto que pode ser, o seu uso, mais danoso que a doença que ele pretende tratar¿. (REP) A discussão é antiga. Desde 1993 a Anvisa estuda a proibição desses produtos, mas as preocupações foram acentuadas com a divulgação de um estudo encomendado pela Agência Europeia de Vigilância Sanitária, que condena o uso da sibutramina. De acordo com a pesquisa ¿Scout¿, que durou seis anos e envolveu cerca de dez mil pacientes obesos com diabetes ou com histórico de doenças cardiovasculares, o uso de sibutramina aumenta em 16% o risco de infarto ou AVC, por exemplo. Os resultados levaram a Agência Europeia de Medicamentos a retirar o produto de circulação no início do ano passado, como também ocorreu nos Estados Unidos. Especialistas, porém, divergem da metodologia do estudo. O diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, e da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade, João Salles, discute o resultado da pesquisa, já que a sibutramina não é indicada para pacientes com problemas cardiovasculares. Ele defendeu a permanência desses produtos no mercado e a realização de novos estudos. (JOÃO) A sugestão é que a Sociedade Brasileira de Endocrinologia deixa é que o governo brasileiro patrocine sim um estudo com anfetamina, com derivados de anfetamina, para que a gente possa testar a segurança desse medicamento. (REP) O diretor da Associação Brasileira de Nutrologia, Paulo Giorelli, também é contra a proibição dos anorexígenos. E chamou atenção para o fato de que, se os quatro inibidores de apetite saírem de circulação, pacientes e médicos terão apenas uma opção de medicamento liberado. (PAULO) O que vai acontecer, não vai restar nenhum medicamento que diminua o apetite, só vai ficar um único medicamento, que é o Orlistat, que só funciona no intestino, e só a nível de inibição de absorção, e só de gordura. Portanto, esse medicamento, evidentemente, não irá resolver nunca o problema da obesidade. (REP) Para o diretor da Sociedade Brasileira de Clínica Médica e professor da Escola Paulista de Medicina, Antônio Carlos Lopes, o problema não está no medicamento em si, mas em quem prescreve. (ANTONIO) O problema está na má formação médica. O individuo não sabe receitar, o individuo vive à custa exatamente dos pacientes que ele faz emagrecer, então lança mão de tudo que pode para poder fazer emagrecer, pro outro chegar a ele, de tal forma que não adianta um cadáver magro. (REP) Ele defendeu um controle mais rigoroso da prescrição dos inibidores de apetite, com o uso do receituário amarelo, usado para a administração de morfina, por exemplo. Para o secretário do Conselho Federal de Medicina, Desiré Carlos Callegari, os médicos que prescrevem anorexígenos de forma abusiva devem ser punidos, mas também defendeu a autonomia médica e o papel fiscalizador da Anvisa para restringir o uso dessas substâncias, sem retirá-las do mercado. O debate continua. No dia 14 de junho, a Anvisa vai reunir cerca de 30 entidades médicas e científicas para discutir os pareceres técnicos que recomendaram a retirada dos inibidores de apetite do mercado brasileiro.
07/06/2011, 06h58 - ATUALIZADO EM 07/06/2011, 06h58
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