Ex-ministro G. Dias diz que apenas o uso de armas impediria invasão do Palácio do Planalto — Rádio Senado
CPMI do 8 de Janeiro

Ex-ministro G. Dias diz que apenas o uso de armas impediria invasão do Palácio do Planalto

Em depoimento à CPMI do 8 de Janeiro, o ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional do presidente Lula, general G. Dias, responsabilizou subordinados do GSI e a Polícia Militar do Distrito Federal pela invasão ao Palácio do Planalto. Relatou ter recebido informações divergentes sobre a situação e que ao chegar ao prédio pediu reforço para então prender os manifestantes. A relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), citou sindicâncias abertas por G. Dias que questionam o não cumprimento do chamado Plano Escudo pelos responsáveis no GSI. Já a oposição, que pediu a prisão do general, a exemplo do senador Izalci Lucas (PSDB-DF), destacou que G. Dias não convocou o Batalhão da Guarda Presidencial ou homens do Exército após mensagens da Agência Brasileira de Inteligência alertarem para a violência da manifestação.

31/08/2023, 21h52 - ATUALIZADO EM 31/08/2023, 21h53
Duração de áudio: 03:55
Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

Transcrição
EX-MINISTRO DE LULA DIZ QUE APENAS O USO DE ARMAS IMPEDIRIA INVASÃO DO PALÁCIO DO PLANALTO E RESPONSABILIZA A POLÍCIA MILITAR PELO AVANÇO DOS MANIFESTANTES. ALIADOS ALEGAM QUE O GENERAL FOI SABOTADO POR INTEGRANTES DO GSI DE BOLSONARO. OPOSIÇÃO, QUE PEDIU A PRISÃO DO MILITAR, QUESTIONOU A AUSÊNCIA DE HOMENS DO EXÉRCITO NO PRÉDIO. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN. Em depoimento à CPMI do 8 de Janeiro, o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional do presidente Lula, general G. Dias, afirmou que após receber mensagens contraditórias sobre os manifestantes no dia dos ataques, decidiu ir para o Palácio do Planalto. Ao verificar as invasões, pediu reforço, já que 38 homens não conseguiriam segurar 5 mil pessoas. Afirmou que a prioridade no momento foi impedir a invasão ao gabinete presidencial. Ao revelar estar desarmado, relatou ter condizido os manifestantes para o segundo andar onde seriam efetivadas as prisões após a chegada do reforço. G. Dias disse que determinou o acionamento do chamado Plano Escudo desde sexta-feira e admitiu que teria sido mais duro se pudesse voltar atrás. O ex-ministro do GSI responsabilizou subordinados e a Polícia Militar do Distrito Federal pela invasão ao Palácio do Planalto. E revelou que atuou para evitar um confronto que poderia resultar em mortes.  O Plano Escudo prevê de acordo com a análise de criticidade o emprego de um pelotão, um batalhão. Um Batalhão gira em torno de 400 a 500 homens dependendo da unidade. Eu sou sincero pra senhora. Mesmo que se colocasse o efetivo máximo de um batalhão aí previsto no plano escudo do Planalto com 5.000 manifestante, a horda sendo despejada lá só se a senhora utilizasse munição real que a senhora contei isso daí. Ao mencionar que a maioria dos integrantes do GSI ainda eram da gestão de Bolsonaro, a relatora, senadora Eliziane Gama, do PSD do Maranhão, questionou se o general não se sentiu sabotado, ao que ele citou a hierarquia e disciplina e que as Forças Armadas são de Estado e não de governo. Para ela, no entanto, está clara a omissão do próprio GSI e da PMDF.  Nessa sindicância claramente nós tivemos ali a responsabilidade de pessoas de dentro do GSI, que vieram do governo anterior e que deveriam ter feito uma ação mais enérgica e contundente. Houve uma omissão clara em relação à Polícia Militar do DF, mas também me leva a crer que pessoas estratégicas dentro do GSI ,que deveriam ter uma ação forte também foram omissas e essas pessoas devem também ser responsabilizadas. A oposição, que chegou a pedir a prisão do general por omissão, reforçou que G. Dias recebeu os alertas da Agência Brasileira de Inteligência. O senador Izalci Lucas, do PSDB do Distrito Federal, declarou que o general não pode se eximir da responsabilidade diante também das tropas que tinha à disposição.  A gente sempre reconheceu que a Polícia Militar do DF falhou, é óbvio, mas o que a gente reafirma é que o governo federal poderia ter evitado. Muito próximo ali do Palácio a responsabilidade era do GSI, ainda mais que a Abin já tinha feito os alertas e estavam disponíveis para o Palácio do Planalto não só o BGP, Batalhão da Guarda Presidencial, mas também a polícia do exército e várias outras instituições, inclusive a Força Nacional, que poderia ter acionado para proteger a área federal. G. Dias negou ordens para adulterar relatórios da Agência Brasileira de Inteligência. Explicou que de fato não recebeu as mensagens trocadas num grupo do WhatsApp e que informações de inteligência não foram enviadas pelos meios oficiais, por isso, solicitou que não fosse incluído o nome dele no documento. O general deixou o governo Lula em abril após a divulgação de imagens em que aparece conversando com os manifestantes dentro do Palácio do Planalto, que, segundo ele, foram editadas. O militar foi incluído no inquérito do Supremo Tribunal Federal que investiga os atos do dia 8 de Janeiro. Da Rádio Senado, Hérica Christian. 

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