Especialistas apontam possíveis soluções para a violência no ambiente escolar
Em debate sobre a segurança nas escolas, na Comissão de Direitos Humanos do Senado, especialistas apontaram possíveis soluções para o problema da violência no ambiente escolar, entre elas, compliance escolar, uso de aplicativos de controle de acesso, respeito à diversidade e o estímulo a uma educação menos competitiva e mais solidária. A reportagem é de Marcela Diniz.
Transcrição
LOC: COMPLIANCE ESCOLAR PARA ENFRENTAR O BULLYING, APLICATIVOS DE CONTROLE DE ACESSO, RESPEITO À DIVERSIDADE E UMA EDUCAÇÃO MENOS VOLTADA À COMPETIÇÃO.
LOC: EM DEBATE NA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS, ESPECIALISTAS APONTARAM POSSÍVEIS SOLUÇÕES PARA O PROBLEMA DA VIOLÊNCIA NO AMBIENTE ESCOLAR. A REPORTAGEM É DE MARCELA DINIZ.
(Repórter) No debate da Comissão de Direitos Humanos do Senado sobre segurança nas escolas, o bullying – ou intimidação sistemática – foi citado entre as causas de violência no ambiente escolar. A especialista em bullying e ciberbullying, Ana Paula Lazzaresch, defendeu o compliance escolar, com a adequação dos estabelecimentos de ensino às leis, com a devida preparação do corpo técnico. O primeiro passo, segundo a especialista, é parar de negar a gravidade do problema:
(Ana Paula) Enquanto nós estamos enterrando crianças e jovens por agressões ao celular, eu digo: não é frescura. Temos sim, esses efeitos: ansiedade, tendência à depressão. O que eu acredito: compliance escolar: colocar as escolas preparadas não para esperar a repetição do evento danoso, a gente tem que chegar lá antes do primeiro incidente, antes de virar o bullying.
(Repórter) O representante da UNESCO, Célio Cunha, defendeu uma educação que invista na valorização do humano, em toda a sua diversidade. Para Célio Cunha, a segurança nas escolas, antes de ser policiamento ou controle de entrada e saída, é a sensação de pertencimento a uma comunidade inclusiva:
(Célio Cunha) Respeito à identidade de gênero, à diversidade e às diferenças. A presença da família e dos responsáveis pelas crianças. A dimensão humana das aprendizagens. Mais educação e menos competitividade. Conviver juntos representa o maior desafio contemporâneo.
(Repórter) A especialista em gestão em orientação escolar, Antonieta Santos, relatou a experiência positiva de sua escola, em Taguatinga, no Distrito Federal. Por meio de um aplicativo e de uma carteira de controle de acesso, as entradas e saídas de alunos são registradas e reportadas aos pais via celular. A pedagoga chamou a atenção para o fato de que as agressões entre alunos, por vezes, são reflexos de violência ou tensões em casa:
(Antonieta Santos) Ás vezes, acontece o efeito cascata da violência: o pai chega nervoso em casa, teve problema no trabalho, desconta na esposa, que desconta no menino, que bate no cachorro e quando não tem cachorro, ele vai para a escola xingar o coleguinha. Falo muito para os meus adolescentes: ele não pode usar aquela situação como justificativa para agir mal na escola.
(Repórter) O representante do Ministério da Educação, Leonardo Lapa, enfatizou estudo da Organização Mundial da Saúde, OMS, que aponta quatro fatores determinantes para o sucesso de programas de redução de violência nas escolas: o desenvolvimento das habilidades socioemocionais do aluno; apoio à família e comunidade local; promoção da igualdade e capacitação de professores para a gestão de conflitos. O senador Styvenson Valentim, do Podemos do Rio Grande do Norte, destacou a importância de se investir no debate sobre boas práticas em educação para a paz:
(Styvenson Valentim) Ideias, possibilidades de se melhorar a educação, para uma sociedade melhor, pra que a gente viva em paz porque sem paz não adianta economia pujante, sem paz não adianta saúde perfeita porque sem paz a gente não vive.
(Repórter) O debate também contou com a participação de representantes dos pais de alunos, da Secretaria de Educação do Distrito Federal e entidades da sociedade civil que atuam para a promoção da cultura de paz.