Esposa de ex-procurador do INSS é questionada sobre movimentações milionárias
A médica Thaísa Hoffmann, esposa do ex-procurador-geral do INSS, Virgílio Antônio, prestou depoimento à CPMI do INSS, mas respondeu a poucas perguntas. Ela é sócia de três empresas suspeitas de receber recursos ligados a fraudes contra aposentados. O relator da CPMI, deputado federal Alfredo Gaspar (União-AL), avalia que ela pode ter agido com o marido no desvio dos valores. Senadores também questionaram movimentações milionárias e a reserva de um imóvel no valor de R$ 28 milhões.

Transcrição
EM DEPOIMENTO À CPMI DO INSS, MÉDICA DECLARA QUE TODOS OS RECURSOS RECEBIDOS POR SUAS EMPRESAS SÃO JUSTIFICADOS EM SERVIÇOS E PESQUISAS MÉDICAS REALIZADAS.
MAS SENADORES E DEPUTADOS NÃO SE CONVENCERAM DA INOCÊNCIA DA MÉDICA QUE MOVIMENTOU MILHÕES DE REAIS NOS ÚLTIMOS ANOS. REPÓRTER RODRIGO RESENDE.
Thaisa Hoffmann, médica e esposa do ex-procurador geral do INSS, Virgílio Antônio, respondeu a poucas perguntas durante o depoimento à CPMI do INSS.
Ela é proprietária de três empresas que receberam recursos de associações ligadas aos descontos fraudulentos de aposentados e pensionistas.
De acordo com o relator da CPMI, deputado Alfredo Gaspar, do União de Alagoas, Thaisa pode estar agindo em conjunto com o marido, o ex-procurador do INSS, Virgílio Antônio, para o desvio dos recursos dos aposentados.
(deputado Alfredo Gaspar) "A senhora perdeu uma grande oportunidade de mostrar que não foi propina através do seu marido como procurador geral do INSS. Eu entrei pensando nisso e vou sair pensando nisso."
(Thaísa Hoffmann) "Deputado, eu prestei o meu trabalho. Foram anos de estudo para chegar onde eu cheguei, noites mal dormidas, mesmo grávida, né? Então eu prestei o meu trabalho. A verdade vai aparecer. Eu tenho documentos comprovatórios de todo o material que foi enviado e foi prestado, do trabalho que foi prestado."
O senador Fabiano Contarato, do PT do Espírito Santo, sugeriu que a médica e empresária feche um acordo de delação premiada.
(senador Fabiano Contarato) "Para que a senhora manifeste esse interesse em fazer a delação premiada. O que que a senhora acha?"
(Thaísa) "Eu agradeço, excelência, mas eu tenho plena convicção da verdade e que os fatos serão todos esclarecidos com as devidas provas."
O senador Izalci Lucas, do PL do Distrito Federal, questionou as movimentações milionárias das empresas de Thaisa, inclusive aquelas em sociedade com Antônio Carlos Camilo Antunes, o careca do INSS.
(senador Izalci Lucas) "Eu analisei toda a questão do sigilo fiscal e o RIF, analisei bastante e por lá parece que tá tudo perfeito, mas houve, evidentemente, a emissão de muitas notas fiscais de alguns milhões de reais. Agora o que a gente não entende é exatamente a origem, né? Porque foi exatamente o Careca, que o Careca tinha todo um esquema no INSS."
Já o deputado federal Paulo Pimenta, do PT do Rio Grande do Sul, lamentou o possível papel da médica como laranja no esquema de descontos ilegais em aposentadorias e pensões do INSS.
(deputado Paulo Pimenta) "A senhora está sendo utilizada por essa quadrilha! Eu estou convencido disso. Eu sei que é delicado, eu sei que é difícil. Talvez aqui nem seja o local mais oportuno, né? Nós estamos aqui numa CPI. Mas, doutora, se a senhora não fizer um gesto no sentido de se desvincular desse esquema criminoso, infelizmente, e a sua advogada tá aqui, sabe disso, a senhora vai ser presa."
Os parlamentares também questionaram Thaisa sobre uma reserva de um apartamento em Balneário Camboriú avaliado em 28 milhões de reais.
O negócio foi foi cancelado, mas a empresária não deu mais detalhes sobre a transação. Da Rádio Senado, Rodrigo Resende.

