Senadores debatem desafios da exploração de terras raras no Brasil
A Comissão de Ciência e Tecnologia fez o primeiro debate, de dois previstos, para discutir o estado da arte, os desafios e o impacto econômico da mineração e do beneficiamento das terras raras no Brasil (REQs 23 e 26/2025-CCT). O senador Flávio Arns (PSB-PR) quer discutir a relevância estratégica desses elementos porque embora o Brasil abrigue a segunda maior reserva do planeta, ainda tem uma participação insignificante nesse mercado.

Transcrição
OS DESAFIOS E O IMPACTO ECONÔMICO DA MINERAÇÃO E BENEFICIAMENTO DAS TERRAS RARAS NO BRASIL FORAM TEMA DE UM DEBATE NA COMISSÃO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA.
A CRESCENTE DEMANDA MUNDIAL POR ESSES ELEMENTOS TEM ESTIMULADO INVESTIMENTOS NA SUA EXPLORAÇÃO E O BRASIL DETÉM A SEGUNDA MAIOR RESERVA DO PLANETA. REPÓRTER CESAR MENDES.
Os minerais de terras raras envolvem 17 elementos químicos que embora não sejam "raros" em termos de ocorrência, exigem recursos elevados e tecnologias complexas para serem extraídos e processados. Elementos hoje cruciais para uma série de tecnologias modernas, incluindo eletrônicos (como smartphones e LEDs), veículos elétricos, turbinas eólicas, ressonâncias magnéticas e equipamentos de uso militar, como caças e satélites.
A China é quem domina a produção e o processamento atualmente, mas o Brasil abriga a segunda maior reserva de terras raras do planeta.
Para discutir a relevância estratégica desses elementos e obter informações técnicas sobre o estado da arte de sua cadeia produtiva, o senador Flávio Arns, do PSB do Paraná, pediu a realização da audiência pública na Comissão de Ciência e Tenologia. Arns destacou que apesar das elevadas reservas, a exploração e o processamento das terras raras são limitados no país, o que aumenta o desafio de gerir esses recursos.
(senador Flávio Arns) "O Brasil figura entre os principais países com mais potencial geológico para a exploração de terras raras, chamando atenção de grandes potências, notadamente os Estados Unidos."
Mariano de Oliveira, da Agência Nacional de Mineração, apontou o cério (Ce) como o mais abundante entre os 17 elementos; e citou os quatro mais desejados: Brasildímio (Bd), neodímio (Nd), térbio (Tb) e disprósio (Dy); revelando a relação deles com os equipamentos mais conhecidos.
(Mariano Laio de Oliveira) "Primeiramente, o smartphone, com grande quantidade de elementos químicos, vamos ter quase a tabela periódica inteira dentro de um smartphone que a gente carrega no nosso bolso; as aplicações também para uso de defesa, de equipamentos bélicos, também todos com um grande consumo de elementos terras raras; e, por fim, o carro elétrico híbrido, também tem uma grande demanda por esses elementos."
Segundo Francisco Valdir Silveira, do Serviço Geológico do Brasil, o caminho até a exploração das terras raras é longo e passa por pesquisas que são caras e cheias de incertezas.
Já Ysrael Vera, pesquisador do Centro de Tecnologia Mineral, vinculado ao Ministério da Ciência e Tecnologia, destacou a importância estratégica das terras raras para a transição energética.
(Ysrael Marrero Vera) "Eles podem ser usados para a fabricação de ímãs permanentes, que hoje em dia são os mais potentes que existem; e esses ímãs permanentes, eles são usados para fabricar tanto aerogeradores, que convertem energia eólica em energia elétrica; como também para motores elétricos, os quais estão ligados à mobilidade elétrica, hoje em dia também extramamente importante na questão da transição energética."
Fernando Landgraf, da Escola Politécnica da USP, disse que a China lidera a extração, com 50% da produção mundial, seguida de perto pelos Estados Unidos; mas no refino, a liderança da China é absoluta, chegando a 80% do total processado no mundo, seguida da Malásia. A participação do Brasil nesse mercado, no entanto, é insignificante, segundo o pesquisador.
Para Flávio Arns, discutir o assunto no Congresso é essencial para a elaboração de leis que regulamentem o setor e o direcionamento de recursos do orçamento. Da Rádio Senado, Cesar Mendes.

