Centenário de Elizabeth Teixeira reúne políticos e sindicalistas

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UMA GRANDE CELEBRAÇÃO PELO CENTENÁRIO DA HISTÓRICA LÍDER CAMPONESA ELIZABETH TEIXEIRA REÚNE POLÍTICOS E REPRESENTANTES DOS MOVIMENTOS POPULARES ATÉ SÁBADO, DIA 15 DE FEVEREIRO, EM SAPÉ, NA PARAÍBA. REPÓRTER CESAR MENDES. Distante 60 km da capital da Paraíba, João Pessoa, a pequena cidade de Sapé, na zona da mata, celebra o aniversário de 100 anos de Elizabeth Teixeira, a histórica líder camponesa eternizada como personagem do filme 'Cabra Marcado pra Morrer', do cineasta Eduardo Coutinho. (Filme Cabra Marcado pra Morrer - narrador) ''Os camponeses se reuniram primeiro em frente à sede da Associação dos Lavradores e Trabalhadores Agrícolas, mais conhecida como Liga Camponesa. Nessa época, a Liga de Sape já era maior do Nordeste, com mais de 7 mil sócios. Como a sindicalização rural era um direito inexistente na prática, os trabalhadores do campo encontraram nas Ligas o único meio legal para canalizar suas reivindicações.'' (toca música regional ao fundo) Interrompida bruscamente pelo golpe de 1964, a filmagem original durou apenas 35 dias. O diretor e os personagens viraram alvos da repressão. Entrevistado em um documentário da TV Senado sobre o golpe militar, Eduardo Coutinho contou que corria o boato em Sapé de que um grupo de cubanos produzia um filme na região. Como alguns integrantes da equipe de filmagem usavam barba, foram identificados assim pelos moradores de Sapé. (Eduardo Coutinho em depoimento para o documentário '1964: 40 Anos Depois' - TV Senado - 2004 - Direção: Cesar Mendes e Chico Santana) ''As ligas eram mais agressivas até porque não tinha uma base sindical e tinham uma palavra de ordem mais esquerdista e o Partido Comunista tinha palavras de ordem menos esquerdistas. A palavra camponês ficou com um tal sentido político que os jornais, Diário de Pernambuco, quando falavam dos camponeses, falavam 'rurículas'; mas o fato é que essa palavra foi usada, e foi usada no México, liga campesina, movimento campesino,  na Bolívia; a palavra tem toda uma conotação, assim heróica e tal... Eu me lembro que um dia, em Sapé, na Paraíba, chegou um cara e falou assim: 'Onde é que é a sede da liga japonesa'? É extraordinário, né...!'' Os militares chegaram a prender Elizabeth, que se mudou de estado e adotou um nome falso. 17 anos depois, Coutinho localizou a protagonista no interior do Rio Grande do Norte, trabalhando como lavadeira e alfabetizadora de crianças, e retomou o filme. Aclamado pela crítica, 'Cabra Marcado pra Morre'r recebeu diversos prêmios, inclusive em dinheiro, o que permitiu que o cineasta comprasse a casa em que Elizabeth mora hoje em João Pessoa, em companhia de sua filha, Anatilde. Para o senador Paulo Paim, do PT do Rio Grande do Sul, que foi presidente da Comissão de Direitos Humanos no último biênio, Elizabeth Teixeira é um ícone da luta pela reforma agrária. (senador Paulo Paim) ''Símbolo de luta na defesa dos direitos dos trabalhadores do campo, ela sofreu perseguições por décadas, como seu marido que acabou sendo assassinado. Com a saúde debilitada, Elizabeth traz as mãos às marcas daqueles anos de muita, muita batalha. Uma mulher forte, corajosa, líder e inspiradora. Aproveito para desejar-lhe um feliz aniversário, cheio de alegria e esperança.'' A abertura dos festejos em Sapé, na quinta-feira, contou com representantes da Presidência da República, dos ministérios da Cultura e do Desenvolvimento Social, do Instituto de Patrimônio Histórico da Paraíba e do MST. Neste sábado, a festa começa de manhã, com apresentações de artistas populares na praça de eventos de Sapé, entre eles o repentista Oliveira de Panelas, a violeira Soledade e a banda de forró Três do Norte. Da Rádio Senado, Cesar Mendes.