Ex-secretário do AM confirma recomendação do tratamento precoce pelo Ministério da Saúde — Rádio Senado
CPI da Pandemia

Ex-secretário do AM confirma recomendação do tratamento precoce pelo Ministério da Saúde

Em depoimento à CPI da Pandemia, o ex-secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo, negou que o estado tenha sido laboratório da tese de imunidade de rebanho. Mas confirmou o envio de hidroxicloroquina após reunião da secretária do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, com autoridades locais e médicos da rede pública. Ao afirmar que a falta de oxigênio durou dois dias, ele responsabilizou a empresa White Martins pela crise. O senador Otto Alencar (PSD-BA) culpou os governos federal e estadual pelo caos no Amazonas. Ao destacar que a União não tinha obrigação, o senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) ressaltou que o Ministério da Saúde ajudou quando provocado.

15/06/2021, 20h02 - ATUALIZADO EM 15/06/2021, 20h02
Duração de áudio: 04:08
Marcos Oliveira/Agência Senado

Transcrição
LOC: EX-SECRETÁRIO DE SAÚDE DO AMAZONAS CONFIRMA RECOMENDAÇÃO DO TRATAMENTO PRECOCE PELO MINISTÉRIO DA SAÚDE, MAS NEGA QUE POPULAÇÃO TENHA SIDO USADA COMO COBAIA DA IMUNIDADE DE REBANHO. LOC: MARCELLUS CAMPÊLO RESPONSABILIZOU A FORNECEDORA DE OXIGÊNIO PELA FALTA DO PRODUTO EM JANEIRO. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN TÉC: Em depoimento à CPI da Pandemia, o ex-secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo, responsabilizou a aglomeração das eleições e das festas de fim de ano pelo aumento de casos de covid-19 no estado. Segundo ele, a situação foi agravada pelo surgimento da nova cepa em janeiro. Ele se disse favorável ao uso de máscaras, álcool em gel, distanciamento social e à vacinação. E lamentou a derrubada de um decreto que previa o lock down em dezembro para desafogar os hospitais. O ex-secretário negou que Manaus tenha sido laboratório para a tese da imunidade de rebanho, mas confirmou que a secretária do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, defendeu o tratamento precoce em reuniões com autoridades locais e profissionais da rede pública e enviou para o estado 120 mil comprimidos de hdiroxicloroquina. (Marcellus Mayra) Vimos uma ênfase da dra. Maya Pinheiro em relação ao tratamento precoce e disponibilização de um novo sistema que poderia ser utilizado e que seria apresentado oportunamente, que chamava-se Tratecov. A viagem da dra. Mayra se deu mais com ênfase na atenção primária, ou seja, as reuniões eram para trabalhar com as prefeituras. REP: Sobre a crise do oxigênio, o ex-secretário comentou que foram apenas dois dias sem o fornecimento do produto de responsabilidade da empresa White Martins. Segundo ele, o governo local não foi informado de um eventual desabastecimento e foi procurado em janeiro para viabilizar o transporte de um estoque de segurança devido ao aumento da demanda. Na ocasião, a fornecedora recomendou a não abertura de novos leitos de UTIs até a normalização do abastecimento. Após solicitar apoio logístico ao Ministério da Saúde no dia 7 de janeiro, Marcellus Campêlo disse que recebeu 150 cilindros de oxigênio no dia seguinte. Segundo ele, a partir dali, o ex-ministro Eduardo Pazuello negociou com a empresa o transporte de mais oxigênio. O senador Otto Alencar, do PSD da Bahia, destacou a responsabilidade do Ministério da Saúde por insistir no tratamento precoce e na imunidade de rebanho e do governo estadual que tinha dinheiro em caixa e negligenciou no enfrentamento à pandemia por não ter especialistas na equipe. (Otto) A culpa não é só da incompetência do Ministério da Saúde, a culpa também é muito do governo do Estado. Tivesse um governador responsável, não teria acontecido essa tragédia, em Manaus, de que o senhor é um cúmplice, tanto quanto o ministro Pazuello, um general do Exército, de logística, com um engenheiro cuidando da saúde do povo de Manaus, e falta oxigênio, falta kit intubação, faltam medicamentos para suprimento das UTIs, falta absolutamente tudo. Só não faltou vergonha ao senhor e ao ministro da Saúde. REP: Já o senador Fernando Bezerra Coelho, do MDB de Pernambuco, descartou qualquer responsabilidade do governo federal na crise de Manaus. (Bezerra) A competência para o fornecimento do oxigênio medicinal era da White Martins e caberia ao gestor local fiscalizar esse contrato com a White Martins. A União não detinha responsabilidade jurídica sobre o caos do oxigênio no Amazonas. Ainda assim, com fundamento no pacto federativo humanitário, a União empreendeu todos os esforços para minorar os efeitos do caos em Manaus. REP: O ex-secretário negou superfaturamento na contratação de um hospital de campanha ao afirmar que o governo ainda não pagou pelo serviço prestado. E disse que não estava no cargo quando da compra de respiradores de uma loja de vinhos. À CPI declarou que o dinheiro do Ministério da Saúde foi usado na compra de insumos e equipamentos e na contratação de médicos. Da Rádio Senado, Hérica Christian.

Ao vivo
00:0000:00