Comunidade LGBT sofre ainda mais com o preconceito e o abandono quando envelhece — Rádio Senado
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Comunidade LGBT sofre ainda mais com o preconceito e o abandono quando envelhece

A audiência pública conjunta das Comissões de Direitos Humanos e Assuntos Sociais debateu os desafios e problemas enfrentados pela comunidade LGBT ao envelhecer. O escritor José Nery, autor do livro “Viagem solitária, memórias de um transexual trinta anos depois”, contou sua experiência como primeiro transgênero homem a se submeter a cirurgia no Brasil, em 1977. Desempregado e sem aposentadoria aos 68 anos, Nery narrou as dificuldades que enfrenta desde que se registrou com nome masculino em um cartório e teve seu diploma de psicólogo cassado, além de perder o emprego como professor universitário. José Nery lembrou que, muitas vezes, as lésbicas, gays e trans da terceira idade sofrem com depressão e são obrigados negar a sua identidade de gênero e orientação sexual para serem aceitos pela sociedade. O artista Bayard Tonneli, fundador do grupo de teatro Dzi Croquettes, lamentou os casos de preconceito e violência contra a comunidade LGBT, principalmente na velhice. A senadora Regina Sousa (PT-PI) registrou a situação de abandono desta parcela da população. Durante o debate, os senadores também elogiaram a recente decisão do STF que reconheceu a mudança de sexo e nome no registro civil de qualquer transexual no País. No entanto, defenderam a aprovação de projetos que assegurem a igualdade de direitos e a proteção da comunidade LGBT, especialmente na terceira idade.

06/06/2018, 12h35 - ATUALIZADO EM 06/06/2018, 12h35
Duração de áudio: 02:54
Pedro França/Agência Senado

Transcrição
LOC: A COMUNIDADE LGBT SOFRE AINDA MAIS COM O PRECONCEITO E O ABANDONO QUANDO ENVELHECE. LOC: A AVALIAÇÃO FOI FEITA EM AUDIÊNCIA PÚBLICA NAS COMISSÕES DE DIREITOS HUMANOS E ASSUNTOS SOCIAIS DO SENADO. REPÓRTER GEORGE CARDIM. TÉC: A audiência pública “O tempo de nossas vidas”, debateu os principais desafios e problemas enfrentados pela comunidade LGBT quando envelhece. O escritor José Nery, autor do livro “Viagem solitária, memórias de um transexual trinta anos depois”, contou sua experiência como primeiro transgênero homem a se submeter a cirurgia no Brasil, em 1977. Desempregado e sem aposentadoria aos 68 anos, Nery narrou as dificuldades que enfrenta desde que se registrou como homem em um cartório e teve seu diploma de psicólogo cassado, além de perder o emprego como professor universitário. José Nery lembrou que muitas vezes as lésbicas, gays e trans da terceira idade sofrem com depressão e são obrigados negar a sua identidade de gênero e orientação sexual para serem aceitos pela sociedade. (João Nery) “Mais de um caso de transexual feminino se vestiu de homem para poder entrar no asilo e quando descobriram expulsaram ele. Voltam a vestir de homem para poder ter assistência médica porque a documentação é masculina. Você abrir mão da sua identidade de gênero, para talvez ser aceito pela família. A família só aceita se você voltar a se vestir de homem ou mulher, enfim.” (Repórter) O artista Bayard Tonneli, fundador do grupo de teatro Dzi Croquettes, contou a trajetória da trupe, com homens que se vestiam de mulher e usavam a irreverência para criticar a ditadura militar. E lamentou os casos de preconceito e violência contra a comunidade LGBT, principalmente na velhice. A senadora Regina Sousa, do PT do Piauí, registrou a situação de abandono desta parcela da população. (Regina Sousa) “Quem está cuidando, já tem um caso aqui sem aposentadoria. Tem que cuidas destas pessoas, tem que ter a saúde, o acesso a saúde, E claro, para a população LGBT tem esta questão de recolher a sua opção para poder ser aceito. Porque mesmo nos asilos, se você ligar para um asilo deste aí e você pergunta se tem um idosos gay, lésbica e trans, eles dizem que não.” (Repórter) Durante o debate, os senadores também elogiaram a recente decisão do STF que reconheceu a mudança de sexo e nome no registro civil de qualquer transexual no País. No entanto, defenderam a aprovação de projetos que assegurem a igualdade de direitos e a proteção da comunidade LGBT, especialmente na terceira idade.

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