CPI do Assassinato de Jovens apontou dados inesperados sobre a violência no país — Rádio Senado
Balanço 2016

CPI do Assassinato de Jovens apontou dados inesperados sobre a violência no país

A CPI sobre o assassinato de jovens, em 2016, apontou dados inesperados sobre a violência no país. Não apenas a população negra jovem, mas os descendentes de índios no norte e os brancos desempregados no sul, todos são afetados pela violência.

A presidente da CPI, a senadora Lídice da Mata (PSB – BA), do mostrou-se preocupada com o fato de o Ministério Público não questionar o alto número de mortos em estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Espírito Santo, sob o argumento de que as vítimas resistiram à prisão.

22/12/2016, 16h21 - ATUALIZADO EM 22/12/2016, 16h58
Duração de áudio: 02:59
Jane de Araújo/Agência Senado

Transcrição
LOC: A CPI SOBRE O ASSASSINATO DE JOVENS, EM 2016, APONTOU DADOS INESPERADOS SOBRE A VIOLÊNCIA NO PAÍS. LOC: NÃO SOMENTE A POPULAÇÃO NEGRA JOVEM, MAS OS DESCENDENTES DE ÍNDIOS NO NORTE E OS BRANCOS DESEMPREGADOS NO SUL, TODOS SÃO AFETADOS PELA VIOLÊNCIA. REPÓRTER CARLOS PENNA BRESCIANINI. (Repórter) Diante de denúncias de que o chamado Auto de Resistência estava sendo utilizado para acobertar assassinatos de jovens negros por policiais, a CPI que apurou o assassinato de jovens descobriu que essa prática é comum em todo país e afeta também outros grupos. Em 2014, mais de 3 mil mortes foram atribuídas a autos de resistência a prisões. No Norte do país, muitos índios e seus descendentes foram mortos por policiais também sob a argumentação de Auto de Resistência. E no Sul, jovens brancos pobres favelizados são mortos igualmente sob justificativa de resistência à prisão. A presidente da CPI, a senadora Lídice da Mata, do PSB da Bahia, mostrou-se preocupada com o fato de o Ministério Público não questionar o alto número de mortos em estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Espírito Santo, sob o argumento de que as vítimas resistiram à prisão: (Lídice da Mata) Há uma afirmação, denúncia, de diversas entidades que aqui participaram do nosso debate, em relação ao Ministério Público, de uma certa conivência justificatória das mortes a partir dos autos de resistência. E portanto, uma paralisia do Ministério Público em relação ao prosseguimento das investigações. (Repórter) O auto de resistência consta do Código de Processo Penal como a situação em que uma pessoa é ferida ou morta ao resistir ser presa e o policial não é culpabilizado. Outra questão abordada nas mais de 25 audiências realizadas em diversos estados foi a descriminalização da maconha, a droga mais difundida no Brasil. E foram quase unânimes as críticas ao modelo brasileiro, de não debater as drogas e sim combatê-las militarmente. A senadora Lídice acredita que uma mudança nesta política terá de ser realizada pelo governo: (Lídice da Mata) E nós devemos aprofundar inclusive o debate a respeito deste assunto...no contexto da CPI. E a Guerra às drogas, a política de Guerra às Drogas do Brasil é o instrumento, é a ferramenta, é o caminho que justifica, que cria a justificava para que a violência se abata sobre a juventude. (Repórter) Como os negros são quase 76% da população mais pobre, o número de jovens negros mortos em conflitos com a polícia é considerado um genocídio por ativistas e pesquisadores que compareceram ás audiências públicas da CPI. E isso se reflete nas prisões por drogas: enquanto jovens de classes A e B em posse de maconha ou cocaína quase sempre são liberados como usuários, jovens das classes D e E, sendo 76% negros, são quase sempre processados por tráfico.

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