Viva Hermeto

O Improviso desta semana presta sua homenagem a Hermeto Pascoal, o grande mestre da música universal, que nos deixou no último dia 13 de setembro, deste 2025. 

Hermeto Pascoal nasceu em Lagoa da Canoa, sertão de Alagoas, em 1936. Albino, com forte deficiência visual, desde pequeno desenvolveu enorme sensibilidade para as sonoridades do mundo. Bem menino, fazia flautas de talos de mamona. Tirava sons dos objetos do quintal de casa, como paus, pedras e metais. Organizava aqueles ruídos, à sua maneira, e aquilo virava a música de seu universo.

Aprendeu, sozinho, a tocar uma sanfona de oito baixos de seu pai. Aos oito anos, ganhou seu primeiro acordeom. Aos 10, já era um fenômeno na região, tocando em festas e bailes. Aos 14 anos, foi para o Recife, já contratado pela Rádio Jornal do Comércio, seu primeiro emprego como músico, com carteira assinada. Sua trajetória o levou para o Rio de Janeiro, de lá para São Paulo, Nova York e o mundo inteiro.

Hermeto explicava que sua música era o resultado de todos os sons que escutava e das músicas de todas as partes do universo. E assim, ele também transformava qualquer objeto em instrumento musical. Tocava não só o piano, a flauta ou o acordeom, mas fazia música com um copo d’agua, uma chaleira, umas garrafas. Até mesmo com os famosos guinchar dos porquinhos, que chegou a levar para seus espetáculos, viravam música.

Os estudiosos acreditam que Hermeto Pascoal chegou a criar mais de dez mil composições. Seu acervo de partituras é descomunal. São peças de todos os gêneros, escritas para diferentes formações, como trios, quartetos, solos, big bands de jazz e até mesmo para orquestra sinfônica.

Escutaremos alguns de seus últimos trabalhos em disco e peças clássicas de seu infinito repertório.