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Museu do Senado guarda peças que contam a história do Brasil

Ricardo Westin
Publicado em 27/6/2025

O Museu do Senado ajuda a contar a história do Brasil desde os tempos de D. Pedro I. Entre as peças em exposição, há relíquias que pertenceram ao Palácio Conde dos Arcos, a primeira sede do Senado, e ao Palácio Monroe, a segunda sede da Casa, ambas no Rio de Janeiro.

O acervo também inclui obras de arte contemporâneas, assinadas por artistas como o escultor Alfredo Ceschiatti, a vitralista Marianne Peretti, o designer de móveis Sergio Rodrigues e o arquiteto Oscar Niemeyer.

Criado em 1991, o Museu Histórico Senador Itamar Franco se localiza no Salão Nobre do Senado, ao lado do Salão Negro, e está aberto todos os dias. De segunda a sexta-feira, funciona das 9h às 13h e das 14h às 18h. Nos fins de semana e feriados, das 9h às 18h. A entrada é gratuita.

Outras informações podem ser obtidas pelo e-mail museu@senado.leg.br ou pelo telefone (61) 3303-4029.

Conheça, a seguir, algumas das peças históricas do Museu do Senado:


Primeira Constituição da República

A pintura Ato da Assinatura do Projeto da Primeira Constituição, de Gustavo Hastoy, retrata o marechal Deodoro da Fonseca recebendo, em 1890, uma pena de ouro para assinar a proposta da primeira Constituição republicana, que seria votada pela Assembleia Nacional Constituinte. O presidente do Brasil aparece acompanhado do vice, marechal Floriano Peixoto, dos ministros, entre os quais Ruy Barbosa, e da primeira-dama, Mariana da Fonseca. Quem lhe entrega a pena é o garoto Mário Hermes da Fonseca, seu sobrinho-neto. Com moldura em ouro, a pintura tem aproximadamente 4,5 metros de largura e 3 metros de altura.


Mobiliário do Palácio Conde dos Arcos

Estas cadeiras fizeram parte do mobiliário do Palácio Conde dos Arcos. O prédio foi a primeira sede do Senado brasileiro, no centro do Rio de Janeiro. Os senadores trabalharam no Conde dos Arcos por 99 anos, de 1826 a 1925, o que corresponde a todo o período do Império e praticamente toda a Primeira República. O prédio ainda existe e hoje abriga a Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ao todo, há 27 cadeiras dos tempos do Palácio Conde dos Arcos no Museu do Senado. Elas são acolchoadas e a sua matéria-prima é o jacarandá.


Os imperadores e a princesa

Entre os bustos de personalidades históricas expostos no Museu do Senado, destacam-se o de D. Pedro I, o de D. Pedro II e o da princesa Isabel. As três obras são feitas de bronze fundido e levam a assinatura do escultor Gilberto Mandarino. O Senado tinha uma ligação forte com a Monarquia. Os senadores eram escolhidos pelo monarca a partir de uma lista tríplice contendo os nomes dos candidatos mais votados em cada província. Isso significa que o Senado era composto de homens da confiança do monarca. A Câmara dos Deputados, por sua vez, era formada de políticos escolhidos diretamente pelos eleitores.


Urnas de prata para votações

Estas duas urnas de prata eram usadas com frequência no Senado do Império. Era nelas que os senadores depositavam os papéis contendo os seus votos. Antes de cada votação, o presidente do Senado as destampava e exibia o seu interior para o Plenário, para que os senadores vissem que estavam vazias. As duas urnas aparecem no quadro do pintor Victor Meirelles que retrata a princesa Isabel no Senado em 1871, prestando juramento ao assumir a regência pela primeira vez. Elas têm 40 centímetros de altura e são ornadas com imagens greco-romanas em alto relevo. Hoje em dia, o voto dos senadores é eletrônico.


Tinteiro do Senado imperial

Este tinteiro de bronze ficava no Plenário do Senado do Império, mais especificamente sobre a mesa do presidente da Casa. Além dos compartimentos de cristal que armazenavam a tinta necessária às canetas da época, o tinteiro continha duas sinetas, cada uma com um toque particular, que o presidente do Senado acionava para pedir que os senadores fizessem silêncio ou para convocá-los para alguma votação. Na peça, destaca-se o busto de Demóstenes, célebre orador político da Grécia antiga. O tinteiro foi produzido na França e adquirido pelo Visconde de Abaeté em 1868, quando ele presidia o Senado.


Bancadas de jacarandá

Era nestas bancadas de jacarandá que os senadores do Império e de boa parte da República se sentavam. Os móveis, repletos de entalhes, estiveram presentes tanto no Palácio Conde dos Arcos quanto no Palácio Monroe, ambos no Rio de Janeiro. Na década de 1940, ganharam estes microfones, para que os senadores pudessem falar de seus assentos e ser ouvidos por todos. As bancadas deixaram de ser usadas em 1960, quando Brasília foi inaugurada e o Rio de Janeiro deixou de ser a capital do Brasil. O pomposo mobiliário do século 19 não combinava com a arquitetura modernista do Palácio do Congresso Nacional desenhado por Oscar Niemeyer.


Gravador de discursos

Este é um gravador de rolo que foi utilizado no Palácio Monroe, a segunda sede do Senado, no Rio de Janeiro. As fitas magnéticas, armazenadas em bobinas, eram acopladas ao aparelho para gravar e reproduzir os pronunciamentos que os senadores faziam ao microfone. Da marca WC e em formato de maleta, o gravador estava instalado numa cabine de som localizada ao lado do Plenário. O equipamento foi adquirido pelo Senado na década de 1950.


Mesa do Império vandalizada e restaurada

Esta é uma mesa de madeira que pertenceu ao Palácio Conde dos Arcos, sede do Senado nos tempos do Império e no começo da República. Até algum tempo atrás, ela se localizava na sala de audiências da Presidência do Senado. Nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, porém, acabou sendo destruída: o tampo foi arrancado, a base foi quebrada e outras partes foram despedaçadas. O móvel foi meticulosamente reconstruído pela equipe de restauradores do Museu do Senado. Recuperada, a mesa agora faz parte do acervo do museu.


Tinteiro de Ruy Barbosa

Este tinteiro pertenceu a Ruy Barbosa, talvez o mais célebre senador brasileiro de todos os tempos. Também advogado e jornalista, ele passou 32 anos no Senado. Foi recordista de mandatos. Inaugurou o Senado da República, em 1890, e só o deixou em 1923, quando morreu, aos 72 anos de idade. Antes, no Império, havia sido deputado provincial e deputado geral. Em seus discursos, Ruy costumava destacar a importância da democracia e criticar as oligarquias que dominavam a Primeira República. A matéria-prima do tinteiro é o alabastro, enquanto o elefante e os compartimentos para a tinta são de bronze.


Reportagem: Ricardo Westin
Fotos: Edilson Rodrigues
Edição de fotos: Leonardo Sá e Bernardo Ururahy
Edição multimídia: Bernardo Ururahy

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)