Sub-representação política de mulheres e negros é criticada na CDH — Rádio Senado
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Sub-representação política de mulheres e negros é criticada na CDH

A sub-representação política não é apenas um problema das minorias, mas também de grupos majoritários, como mulheres e negros. A Comissão de Direitos Humanos do Senado debateu os desafios para uma melhor e maior representatividade política no Brasil. A reportagem é de Marcela Diniz

16/04/2019, 17h47 - ATUALIZADO EM 16/04/2019, 18h48
Duração de áudio: 03:28
Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) realiza audiência pública para tratar sobre: "A sociedade e a política: desafios para representar mais e melhor".

Mesa:
gerente de Advocacy da Plan Internacional, Viviana Santiago;
jornalista da TV Cultura, Joyce Ribeiro;
presidente eventual da CDH, senadora Zenaide Maia (Pros-RN);
diretor Executivo da Educafro, Frei Davi dos Santos;
deputada Federal Áurea Carolina (PSOL-MG).

Foto: Roque de Sá/Agência Senado
Foto: Roque de Sá/Agência Senado

Transcrição
LOC: A SUB-REPRESENTAÇÃO NA POLÍTICA É UM PROBLEMA DAS MINORIAS, MAS TAMBÉM DE GRUPOS MAJORITÁRIOS DA POPULAÇÃO BRASILEIRA, COMO MULHERES E NEGROS. LOC: OS DESAFIOS PARA MUDAR ESSA REALIDADE FORAM DISCUTIDOS EM AUDIÊNCIA DA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS. A REPORTAGEM É DE MARCELA DINIZ. TÉC: Mulheres são 51% da população, mas apenas 13% das vereadoras, 15% das deputadas federais e 14,8% das senadoras. Os negros são 55% dos brasileiros, mas no Congresso, não chegam a 25% dos parlamentares. Os dados mostram que não são apenas as minorias que estão sub-representadas no parlamento, mas também grupos majoritários. Os desafios para virar esse jogo foram o foco de debate na Comissão de Direitos Humanos do Senado. O diretor da ONG Educafro, Frei David dos Santos, contabilizou 600 grupos com a proposta de renovação política no país, entre eles, o “Acredito” e o “Renova BR”, comprometidos com uma maior presença negra nos espaços de poder: (Frei David) Todos nós queremos ver mais mulheres senadoras e, fundamentalmente, mulheres negras senadoras. Mais homens negros, é inaceitável que esta tremenda Casa só tenha o senador Paulo Paim nos representando. Mais deficientes: é importante ver mais irmãos deficientes aqui nessa mesa, como senador e senadora. (Rep) Joyce Ribeiro é mulher, negra e jornalista da TV Cultura. Para ela, a imprensa tem o papel fundamental de conectar, pela informação de qualidade, sociedade e poder político: (Joyce) Para a aproximação mais produtiva e de qualidade entre os membros da sociedade e o exercício político real. E, para que isso aconteça, somente a qualidade da informação e a valorização dessa informação que pode interligar representantes e representados. (Rep) Para a deputada federal, Áurea Carolina, do PSOL de Minas Gerais, além de maior e melhor participação de negros, mulheres, lgbti’s e indígenas na política, é preciso fazer frente a quem tenta calar esses grupos. Ela citou o caso Marielle Franco: (Áurea) Mulher, negra, favelada, lgbti, defensora dos Direitos Humanos. Associada a toda essa grandeza da violência, está a violência política como tentativa de silenciamento, impedimento de que esses grupos avancem. (Rep) Os participantes do debate também criticaram o desvio de recursos que deveriam impulsionar candidaturas femininas nos partidos políticos, citando as denúncias de “candidatas laranjas” no PSL, partido do presidente da República, Jair Bolsonaro. Para a senadora Zenaide Maia, do Pros do Rio Grande do Norte, isso não deve ser usado, no entanto, como justificativa para acabar com as cotas femininas, como pretende um projeto em debate no Senado: (Zenaide) Projeto de Lei 1256 quer tirar esses 30% da gente. As experiências de outros países, como México, Argentina, todos tiveram cotas. O México teve por três legislaturas e hoje já é 45% do parlamento. Deram o direito delas de se empoderar. (Rep) A representante da Plan Internacional, Viviana Santiago, defendeu ações educacionais para estimular meninas a serem lideranças políticas. E a assessora parlamentar, Mayra Wapichana, falou da representatividade trazida pelo mandato da primeira mulher indígena do Congresso, a deputada Joênia Wapichana, de Roraima. Da Rádio Senado, Marcela Diniz.

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