Senadores lamentam demissão do ministro da Saúde e esperam que substituto tome decisões técnicas — Rádio Senado
Covid-19

Senadores lamentam demissão do ministro da Saúde e esperam que substituto tome decisões técnicas

Por meio de nota, o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), lamentou a demissão de Luiz Henrique Mandetta do Ministério da Saúde e espera que essa troca não signifique um afrouxamento nas regras de isolamento social. Para o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), a demissão é irresponsável por ocorrer no meio da pandemia. Já o vice-líder do DEM, senador Marcos Rogério (RO), não acredita que o novo ministro Nelson Teich cederá às pressões de Bolsonaro para acabar com a quarentena. Já o senador Nelsinho Trad (PSD-MS) ponderou que Bolsonaro queria um ministro da Saúde com alinhamento ideológico. E Humberto Costa (PT-PE) declarou que Mandetta foi demitido por temor de Bolsonaro pelo aumento da popularidade do ex-ministro da Saúde. As informações são da repórter Hérica Christian.

16/04/2020, 21h22 - ATUALIZADO EM 16/04/2020, 21h22
Duração de áudio: 04:04
Marcello Casal Jr / Agência Brasil

Transcrição
LOC: SENADORES DE DIVERSOS PARTIDOS CRITICAM A DECISÃO DO PRESIDENTE BOLSONARO DE DEMITIR LUIZ HENRIQUE MANDETTA DO MINISTÉRIO DA SAÚDE. LOC: ALIADOS DO GOVERNO AFIRMAM QUE NOVO MINISTRO ADOTARÁ DECISÕES TÉCNICAS APESAR DO ALINHAMENTO IDEOLÓGICO. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN: TÉC: Luiz Henrique Mandetta acabou demitido do Ministério da Saúde por divergir do presidente Jair Bolsonaro, que é contrário ao isolamento social e favorável apenas a que os idosos fiquem em quarentena. Por meio de nota oficial, os presidentes do Senado, Davi Alcolumbre, e da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, declararam que Mandetta “foi um verdadeiro guerreiro em prol da saúde pública” e que o tralbaho responsável e dedicado do ex-ministro foi “irreparável”. Alcolumbre e Maia esperam que Bolsonaro não tenha demitido Mandetta para acabar com o isolamento social e insistir no que chamaram de “falso conflito entre saúde e economia”. Ao desejarem sorte ao novo ministro Nelson Teich, os presidentes do Senado e da Câmara pediram que ele dê continuidade ao bom trabalho do Ministério da Saúde “agindo de forma vigorosa, de acordo com as melhores técnicas científicas”. Ao criticar a demissão de Mandetta, o senador Randolfe Rodrigues, da Rede Sustentabilidade do Amapá, espera que o novo ministro não se deixe levar pelo alinhamento ideológico com o presidente da República. (Randolfe) Demitir o ministro da Saúde no meio da mais grave crise sanitária de todos os tempos em nosso país é temerário e chega a beirar a irresponsabilidade. Eu espero que o novo ministro da Saúde assuma sobre o signo de ser orientado pela ciência e pela medicina. REP: Apesar de destacar o reconhecimento público do ex-ministro Mandetta, o vice-líder do Democratas, senador Marcos Rogério, de Rondônia, ponderou que o presidente da República tem o direito de demitir assessores. Ele não acredita que o novo ministro da Saúde afrouxará o isolamento social para atender Bolsonaro. (Marcos) Não acho que deve mudar muita coisa por mais que haja apelos por parte do presidente e de alguns setores da sociedade para mudanças na condução do tratamento à pandemia. Essas decisões têm que ser cada vez mais técnicas. Não se trata de uma decisão política, de uma escolha política. O Ministério da Saúde é o ministério que tem a responsabilidade de conduzir as políticas de enfrentamento à covid-19. REP: Ao afirmar que Mandetta saiu pela porta da frente, o senador Nelsinho Trad, do PSD de Mato Grosso do Sul, declarou que a demissão já era esperada. (Trad) Ele tem uma convicção térmica diferente da convicção formada pelo presidente da República. Isso gerou um desconforto de relacionamento entre ambos e a prerrogativa e a legitimidade da nomeação são do chefe do Executivo, que acabou colocando uma pessoa alinhada com os seus pensamentos no que tange à conciliação de prioridade saúde e economia. REP: O senador Humberto Costa, do PT de Pernambuco, afirmou que Bolsonaro jamais aceitou o isolamento social e desdenhou do coronavírus. Para ele, a demissão de Mandetta foi política. (Humberto) O ministro vai ser demitido pelos erros cometido, e os cometeu, mas está sendo demitido por erros, mas pelo que fez de certo por seguir as orientações. É também uma demonstração clara da fragilidade de sua personalidade e uma outra razão que o fez demitir o ministro Mandetta é o fato de que o ministro conseguiu ter junto à população uma popularidade que agora o Bolsonaro inveja. REP: O novo ministro da Saúde, Nelson Teich, é oncologista, foi consultor na área de saúde na campanha de Bolsonaro e é fundador do Instituto COI, que faz pesquisas sobre câncer. Da Rádio Senado, Hérica Christian.

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