Senadores divergem sobre protocolo para uso de cloroquina — Rádio Senado
Coronavírus

Senadores divergem sobre protocolo para uso de cloroquina

O ministério da Saúde liberou nesta quarta-feira (20) o uso da cloroquina e hidroxicloroquina no Sistema Único de Saúde (SUS) para casos leves da covid-19, desde que o paciente assine um Termo de Ciência e Consentimento. O senador Otto Alencar (PSD-BA), que é médico, explicou que o medicamento é um anti-inflamatório usado para artrose e lúpus. A Sociedade Brasileira de Infectologia não recomenda o seu uso por não estar comprovada a eficácia para tratar a covid-19. Os senadores Humberto Costa (PT-PE), que é médico, e Alessandro Vieira (Cidadania-SE) criticaram a liberação sem o aval da Ciência. Já os senadores Sérgio Petecão (PSD-AC) e o médico Nelsinho Trad (PSD-MS) argumentam que o profissional de saúde é quem deve decidir sobre o uso da cloroquina. Reportagem, Iara Farias Borges.

21/05/2020, 13h15 - ATUALIZADO EM 21/05/2020, 13h19
Duração de áudio: 03:23
Stockphotos/direitos reservados

Transcrição
LOC: O MINISTÉRIO DA SAÚDE LIBEROU NESTA QUARTA-FEIRA O USO DA CLOROQUINA NO SUS PARA CASOS LEVES DA COVID-19. LOC: SENADORES COMENTAM A DECISÃO DO GOVERNO. REPORTAGEM DE IARA FARIAS BORGES. (Repórter) A cloroquina vinha sendo usada apenas para doentes graves, hospitalizados e com acompanhamento médico. Agora, o remédio poderá ser prescrito no Sistema Único de Saúde também para casos leves de covid-19, desde que o paciente assine um Termo de Ciência e Consentimento. O senador Otto Alencar, do PSD da Bahia, que é médico, explicou a ação do medicamento. (Otto Alencar) “A hidroxicloroquina é um anti-inflamatório usado para artrose, usado para lúpus e algumas doenças, que serve para diminuir a dor. É um protocolo, mas não é um remédio para curar a doença, que você toma e mata imediatamente o vírus. É que o ministro Nelson não soube explicar e, muito menos sabe explicar o capitão Jair Bolsonaro, que não entende absolutamente nada de saúde”. (Repórter) A cloroquina e hidroxicloroquina não são recomendados pela Sociedade Brasileira de Infectologia por não ter comprovada eficácia para tratar a covid-19. Sem o aval da Ciência, o medicamento não poderia ser liberado, argumentou o também médico, senador Humberto Costa, do PT de Pernambuco. (Humberto Costa) “Para se adotar isso como uma conduta do Ministério, uma orientação do Ministério, é preciso que tenhamos fundamentos científicos que sustentem essa decisão. E até o presente momento isso não há. Para nós, é mais uma tentativa do presidente Bolsonaro de minimizar a gravidade da Covid-19, encontrando uma droga milagrosa que possa promover a cura da grande maioria dos doentes”. (Repórter) É da mesma opinião o senador Alessandro Vieira, do Cidadania de Sergipe. (Alessandro Vieira) “O presidente Bolsonaro precisa compreender que o exercício de poder por qualquer agente público no Brasil está limitado àquilo que a Constituição permite. Não é possível obrigar estados, municípios e os cidadãos brasileiros a cumprir protocolos que fogem daquilo que é prescrito pela melhor Ciência. Ao cometer esse tipo de desatino, o presidente Bolsonaro incorre em possível crime de responsabilidade”. (Repórter) Já o senador Sérgio Petecão, do PSD do Acre, concorda com a liberação. (Sérgio Petecão) “As pessoas que têm usado, tem ajudado e ajudado muito. Seria a liberação, lógico, com a orientação médica da cloroquina e da hidroxicloroquina. Quando a família autorizar o uso desse medicamento, o médico pode prescrever. Hoje, a maioria dos médicos não prescreve”. (Repórter) E o senador e médico Nelsinho Trad, do PSD sul-mato-grossense deixou a decisão para os médicos. (Nelsinho Tra) “Se vai seguir o protocolo ou não, polêmico que é, do Ministério da Saúde, cabe ao profissional médico, que tem o seu CRM e as responsabilidades em cima disso para definir o que ele vai prescrever para aquele que lhe procura a fim de curar uma doença. Então, olhando por esse prisma, eu vejo de forma positiva”. (Repórter) O Termo de Ciência e Consentimento que o paciente deve assinar para receber o tratamento com cloroquina alerta sobre efeitos colaterais graves, como redução dos glóbulos brancos, disfunção do fígado e do coração e arritmias, além de danos à retina. E ainda que o medicamento pode levar à incapacidade temporária ou permanente e até ao óbito.

Ao vivo
00:0000:00