Senador questiona alinhamento automático com EUA e enfraquecimento do multilateralismo
O novo ministro de Relações Exteriores quer libertar a política externa brasileira do chamado globalismo. Segundo o diplomata Ernesto Araújo, o Brasil precisa adotar posturas mais nacionalistas sem necessariamente se isolar de outros países. Ele defendeu maior proximidade com os Estados Unidos e países com viés de economia política liberal. O presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), senador Fernando Collor (PTC-AL), afirmou que o alinhamento automático da política externa brasileira e a ruptura com o multilateralismo são arriscados para o Brasil.
Transcrição
LOC: NOVO MINISTRO DAS RELAÇÕES EXTERIORES DEFENDE MAIOR PROXIMIDADE COM ESTADOS UNIDOS E PAÍSES COM POLÍTICA ECONÔMICA LIBERAL.
LOC: FERNANDO COLLOR ALERTOU PARA OS RISCOS DO ALIMHAMENTO AUTOMÁTICO E QUEBRA DO MULTILATERALISMO. REPÓRTER FLORIANO FILHO.
TÉC: O discurso de posse do diplomata Ernesto Araújo como novo chanceler brasileiro chamou a atenção dentro e fora do Itamaraty. Ele falou em libertar a política externa brasileira, que estaria presa ao globalismo. Ele é diferente da globalização, vinculada a conceitos econômicos como o da integração comercial e financeira. Já o globalismo é entendido como fenômeno político no qual movimentos internacionalistas como, por exemplo, os das organizações não governamentais colocariam em risco a soberania dos países. O ministro das Relações Exteriores escolhido por Jair Bolsonaro enfatizou a defesa dos interesses nacionais sem isolacionismo. Ao mesmo tempo em que criticou o que considera tirania da Venezuela e regimes socialistas da América do Sul, elogiou o modelo social e político dos Estados Unidos.
(Ernesto Araújo):Por isso admiramos os Estados Unidos da América, aqueles que hasteiam a sua bandeira e cultuam os seus heróis. Admiramos os países latino-americanos que se libertaram dos regimes do Foro de São Paulo.
(Repórter) Durante uma das últimas reuniões da Comissão de Relações Exteriores em dezembro, o presidente do colegiado, senador Fernando Collor, do PTC de Alagoas, havia alertado para os riscos do alinhamento automático da política externa brasileira e da ruptura com o multilateralismo.
(Fernando Collor): Nós vivemos num mundo, queiramos ou não, globalizado. E um mundo globalizado exige que nós não tenhamos alinhamento automático com quem quer que seja. (...) salvo melhor juízo, o Brasil tem que ter a sua posição de independência, de equidistância.
(Repórter): O ministro Ernesto Araújo também prometeu arejar a carreira do Itamaraty, aproximando a diplomacia da sociedade e promovendo diplomatas mais jovens para postos mais altos no ministério. Da Rádio Senado, Floriano Filho.