Salles defende queimadas e criação de gado para conter incêndios no Pantanal
O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, participou nesta terça-feira (13) de audiência pública na comissão temporária externa criada para acompanhar as ações de enfrentamento aos incêndios no Pantanal. Ele defendeu a ampliação da pecuária e as queimadas controladas para remover o excesso de matéria orgânica. Questionado pela senadora Simone Tebet (MDB–MS) sobre a quantidade de multas ambientais aplicadas pelo Ibama, Salles apresentou relatório da Controladoria Geral da União sobre a inefetividade das medidas punitivas. A reportagem é de Marcella Cunha.
Transcrição
LOC: O MINISTRO DO MEIO AMBIENTE DEFENDEU QUEIMADAS PREVENTIVAS E AUMENTO DA CRIAÇÃO DE GADO PARA CONTROLAR O AVANÇO DE INCÊNDIOS NO PANTANAL.
LOC: EM AUDIÊNCIA NA COMISSÃO QUE ACOMPANHA A SITUAÇÃO DAS QUEIMADAS NO BIOMA, ELE QUESTIONOU A EFETIVIDADE DE MULTAS AMBIENTAIS. A REPORTAGEM É DE MARCELLA CUNHA
(Repórter) O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, atribuiu as queimadas no Pantanal ao clima quente e seco do bioma e ao acúmulo de matéria orgânica. Ele defendeu o uso de queimadas preventivas como forma de evitar a propagação do fogo. Sobre a polêmica do chamado “boi bombeiro”, Salles também afirmou que concorda com a declaração da ministra da Agricultura, Tereza Cristina, na última reunião da comissão, de que o gado contribui na prevenção de incêndios.
(Ricardo Salles) Ouvimos de várias fontes diferentes sobre a necessidade de haver um reconhecimento do papel da criação de gado no Pantanal, uma vez que o gado também contribui para diminuir o que há de excesso de matéria orgânica: o capim, enfim, o pasto que ele ajuda a reduzir.
(Repórter) Salles discordou, ainda, da inclusão temporária do Pantanal no Conselho Nacional da Amazônia Legal, sugerida pela comissão como forma de ampliar os esforços de combate aos incêndios nos próximos 4 anos de estiagem. Para Salles, a presença das Forças Armadas na região pode ser solicitada por decreto presidencial, sem a necessidade de o bioma integrar Conselho. A senadora Simone Tebet, do MDB de Mato Grosso do Sul, pediu informações sobre a quantidade de multas ambientais aplicadas pelo Ibama nos últimos cinco anos.
(Simone Tebet) Acho até que o Ibama multa muito! O problema é que o Ibama multa mal. Ele multa muitas vezes o agronegócio, aquele que produz, aquele que põe comida barata na mesa do brasileiro e muitas vezes deixa passar a manada de elefante, deixa passar aquela indústria de crime organizado, de madeireiros, de indústrias madeireiras ilícitas que exploram a Amazônia, ou mesmo de grileiros, de mineradores ilegais.
(Repórter) Segundo Salles, um levantamento da CGU apontou a ineficiência desse tipo de medida, com processos que chegam a durar mais de cinco anos. Para o ministro, não se trata de punir os poucos que agem de maneira criminosa, mas apoiar as boas práticas. O senador Nesinho Trad, do PSD de Mato Grosso do Sul, vai incluir em seu relatório critérios para premiar quem faz o manejo correto da terra.
(Nesinho Trad) Aqueles que procuram não fazer o desmatamento criminoso, no período correto e de maneira certa, fazem o manejo do solo para não propagar as queimadas, ou seja, fazer com que o exemplo do manejo correto possa ser visto, reconhecido e premiado, para a gente ter essa história deste ano de 2020 como algo do passado.
(Repórter) A comissão do Pantanal deve funcionar até dezembro e vai elaborar um Estatuto com normas gerais de proteção ao bioma.