Morre Joaquim Roriz, ex-governador e ex-senador pelo DF
O ex-governador do Distrito Federal e ex-senador Joaquim Roriz morreu nesta quinta-feira (27). Em 2007, ele assumiu o mandato de senador, mas ficou apenas cinco meses na Casa. Renunciou para fugir de um possível processo de cassação. Roriz foi acusado pelo Ministério Público de ser o beneficiário de um cheque de R$ 2,23 milhões, assinado por Nenê Constantino, fundador da GOL Linhas Aéreas. Na época, ele alegou que o dinheiro foi um empréstimo usado para comprar o embrião de uma bezerra.
Transcrição
LOC: UM DOS POLÍTICOS MAIS INFLUENTES DO DISTRITO FEDERAL SAIU DE CENA NESTA QUINTA-FEIRA.
LOC: O EX-GOVERNADOR E EX-SENADOR JOAQUIM RORIZ MORREU EM DECORRÊNCIA DOS PROBLEMAS DE SAÚDE QUE VINHA ENFRENTANDO HÁ ALGUNS ANOS. REPÓRTER MAURÍCIO DE SANTI:
(Repórter) Joaquim Roriz tinha 82 anos, era diabético, tinha Mal de Alzheimer, problemas renais e estava internado há cerca de um mês com quadro de pneumonia. Foi vereador em Luziânia, cidade onde nasceu, deputado estadual, deputado federal, prefeito de Goiânia, vice-governador de Goiás e quatro vezes governador do Distrito Federal. A primeira delas, em 1988, indicado pelo então presidente José Sarney. À frente do Palácio do Buriti, Roriz teve uma gestão marcada pela distribuição de lotes a famílias de baixa renda. Em 2006, foi eleito senador. Foi uma passagem breve e conturbada. Assumiu o cargo em fevereiro de 2007, mas pouco tempo depois foi acusado pelo Ministério Público de ter recebido recursos irregulares por meio de um cheque de dois milhões 230 mil reais, usado, segundo ele, para comprar o embrião de uma bezerra. O cheque era assinado por Nenê Constantino, fundador da GOL Linhas Aéreas. Da tribuna do Senado, Roriz se defendeu:
(Joaquim Roriz) Necessitei efetuar um pagamento de um animal que adquiri em um leilão. No dia estabelecido para o pagamento, havia um desconto bastante expressivo. Solicitei de um amigo um empréstimo, no que fui atendido. Eu pergunto, qual o crime que poderia resultar dessa conduta?
(Repórter) Mesmo declarando inocência, Roriz renunciou em 4 de julho de 2007, para fugir da cassação, tendo cumprido apenas cinco meses de mandato no Senado. No último discurso feito na Casa, ele se emocionou ao destacar a atuação dele em defesa dos mais pobres:
(Joaquim Roriz) Nunca derrubei um barraco de um pobre. Nunca demiti um funcionário humilde, que seja. Dei leite e pão para criança subnutrida. Cesta básica para quem passava fome. Casa, moradia para quem morava nas favelas. Só pensava dia e noite em quem passava fome e necessidade. Pergunte nas periferias de Brasília se algum dia eu já tive um comportamento que não fosse ético?
(Repórter) Roriz foi substituído pelo suplente Gim Argello, que concluiu o mandato em 31 de janeiro de 2015. Gim está preso desde 2016, condenado pelo juiz Sérgio Moro dentro da Operação Lava Jato pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
