Especialistas recomendam cautela e aprofundamento dos estudos sobre a fosfoetanolamina — Rádio Senado
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Especialistas recomendam cautela e aprofundamento dos estudos sobre a fosfoetanolamina

05/04/2016, 17h17 - ATUALIZADO EM 05/04/2016, 17h17
Duração de áudio: 03:21
Comissões de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT); de Assuntos Sociais (CAS); e de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) realizam audiência pública conjunta e interativa para discutir etapas do desenvolvimento clínico da Fosfoetanolamina. Entre os convidados, representantes da USP e do Instituto Butantan. 

Em pronunciamento, o biomédico do Instituto Butantan, Durvanei Augusto Maria. 

Foto: Pedro França/Agência Senado
Foto: Pedro França / Agência Senado

Transcrição
LOC: ESTUDOS PRELIMINARES SOBRE A FOSFOETANOLAMINA SINTÉTICA DEMONSTRAM QUE A SUBSTÂNCIA NÃO É TÓXICA. LOC: MAS ESPECIALISTAS QUE PARTICIPARAM DE DEBATE NO SENADO RECOMENDAM CAUTELA E O APROFUNDAMENTO DOS ESTUDOS ANTES DE QUALQUER CONCLUSÃO. A REPORTAGEM É DE MARCELA DINIZ: TÉC: Os estudos sobre a fosfoetanolamina, mais conhecida como a “pílula do câncer” estão na fase pré-clínica e são desenvolvidos por três laboratórios ligados a universidades de Santa Catarina, Rio de Janeiro e Ceará. Um grupo de trabalho do governo federal acompanha os testes e, de acordo com relatório preliminar, não há indícios de que a substância seja tóxica. Os representantes dos Ministérios da Saúde, Pedro Prata, e da Ciência e Tecnologia, Jailson Bittencourt, defenderam, no entanto, a continuidade dos testes antes de qualquer conclusão, já que há dados discrepantes sobre a composição das cápsulas de fosfoetanolamina fornecidas pela USP para os testes. O biomédico do Instituto Butantan, Durvanei Augusto Maria, fazia parte do grupo de trabalho governamental, mas se desligou dele por acreditar que estão sendo desconsiderados seus estudos que comprovariam a eficácia da droga. Durvanei questionou o método seguido nas pesquisas pré-clínicas: (Durvaney) No estudo estão em concentrações muito menores do que eu já havia detectado. Nas concentrações que eu publiquei, mata a célula tumoral e, no modelo animal, reduz a célula tumoral. (REP) A representante da ANVISA no debate, Meiruze Freitas, disse que ainda não há pedido de registro do medicamento na Agência, informação confirmada pelo pesquisador Gilberto Chierice, responsável pelo desenvolvimento da fosfoetanolamina sintética, na década de 90. Chierice afirmou, no entanto, que existe um documento que comprova interesse da FIOCRUZ em levar adiante os testes, desde que ele abrisse mão da patente: (CHIERICE) Farmanguinhos faria tudo, desde que eu transferisse a patente. É por essa razão que lá não existe um documento. (REP) Diante do impasse, Chierice afirmou estudar pedidos de pesquisadores do México, Canadá e da Coréia, para que os testes clínicos sejam feitos fora do Brasil. A coordenadora de pesquisa e educação do INCA – Instituto Nacional do Câncer, Marisa Breitenbach, pediu cautela no debate e sugeriu que o assunto fosse tratado em um Fórum Científico: (MARISA) A gente não pode perder essa riqueza interna por briga entre grupos x, y, z. Vamos fazer um seminário juntando os pesquisadores e a gente vai discutir cientificamente, com linguagem técnica e chegar num ponto comum. (REP) A audiência pública conjunta das Comissões de Ciência e Tecnologia, de Assuntos Sociais e de Direitos Humanos do Senado foi presidida pelo senador Lasier Martins, do PDT gaúcho e contou com aproximadamente 100 perguntas enviadas por cidadãos de todo o Brasil: (LASIER) Na montanha de pedidos aqui dos nossos telespectadores, o Sr. Carlos Mário de Freitas Rezende, que mandou no mínimo, dez perguntas, vou ler só uma: já está comprovado que não há toxicidade na fosfo. Por que não liberar? Só porque é contra o interesse de grandes laboratórios? (REP)Também houve depoimentos de pessoas que se trataram com a fosfoetanolamina e obtiveram resultados positivos. O Senado aprovou, em março, a liberação da “pílula do câncer” antes do registro na ANVISA. Para virar lei, o projeto ainda precisa da sanção da presidente Dilma Roussef. Da Rádio Senado, Marcela Diniz. Projeto número: PLS 3/2016

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