Especialistas dizem que inadimplência é um dos grandes responsáveis pelo alto spread bancário brasileiro — Rádio Senado
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Especialistas dizem que inadimplência é um dos grandes responsáveis pelo alto spread bancário brasileiro

O spread bancário brasileiro é um dos mais altos do mundo. A falta de competição entre os bancos e a inadimplência são dois dos fatores que contribuem para isso, de acordo com os debatedores que falaram sobre o assunto na Comissão de Assuntos Econômicos, nesta terça-feira (5). O spread bancário é a diferença entre o que os bancos pagam na captação de dinheiro e o que eles cobram do cliente final ao conceder um empréstimo para pessoa física ou jurídica. Para o senador Armando Monteiro (PTB-PE), o alto custo na contratação de crédito é o maior responsável pelo fraco desempenho da economia brasileira.

05/06/2018, 20h31 - ATUALIZADO EM 06/06/2018, 09h01
Duração de áudio: 02:06
Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) realiza audiência pública interativa para debater novos caminhos para redução dos "spreads" bancários (custos e margens da intermediação financeira). 

À mesa em pronunciamento, diretor de Regulação do Banco Central do Brasil, Otávio Ribeiro Damaso.

Foto: Roque de Sá/Agência Senado
Foto: Roque de Sá/Agência Senado

Transcrição
LOC: O SPREAD BANCÁRIO BRASILEIRO É UM DOS MAIS ALTOS DO MUNDO. A FALTA DE COMPETIÇÃO ENTRE OS BANCOS E A INADIMPLÊNCIA SÃO DOIS DOS FATORES QUE CONTRIBUEM PARA ISSO, DE ACORDO COM OS DEBATEDORES QUE FALARAM SOBRE O ASSUNTO NA COMISSÃO DE ASSUNTOS ECONÔMICOS. LOC: O SPREAD BANCÁRIO É A DIFERENÇA ENTRE O QUE OS BANCOS PAGAM NA CAPTAÇÃO DE DINHEIRO E O QUE ELES COBRAM DO CLIENTE FINAL AO CONCEDER UM EMPRÉSTIMO PARA PESSOA FÍSICA OU JURÍDICA. REPÓRTER MAURÍCIO DE SANTI: TÉC: Apesar da redução da taxa básica de juros, a chamada Selic, que hoje está em 6 e meio por cento ao ano, os juros cobrados pelos bancos são muito maiores. O representante do Ministério da Fazenda, João Manoel de Mello, explicou que a Selic é apenas um dos componentes da taxa final. O que pesa mesmo é a inadimplência e a margem de lucro dos bancos: (JOÃO MANOEL DE MELLO) São esses dois lados que a gente tem que atacar. Margem, eu acho que tem onde atacar. E, principalmente, inadimplência. Sempre que nós fizemos a coisa certa que é dar segurança às garantias, o spread cai. Ele ainda é alto, é. Mas ele cai. (MAURÍCIO) João Manoel de Mello citou o crédito consignado em folha de pagamento e a alienação fiduciária no financiamento de veículos como medidas positivas para baratear os juros, já que o risco de inadimplência é bem menor nesses casos. Outra ação que poderia ser tomada é a aprovação do cadastro positivo, como destacou a conselheira do Cade, Cristiane Junqueira Schmidt: (CRISTIANE ALKMIM JUNQUEIRA SCHMIDT): A aprovação do cadastro positivo eu acho que vai na linha corretíssima. Vai trazer uma maior concorrência no empréstimo de crédito, aumentar o crédito de forma que mais pessoas tenham crédito na economia de forma a diminuir a taxa de juros e de quebra reduzir o nível de inadimplência sobre o investimento. (MAURÍCIO) O cadastro positivo já passou pelo Senado e está em análise na Câmara dos Deputados. O senador Armando Monteiro, do PTB de Pernambuco, destacou também a falta de competição entre os bancos. Quatro instituições bancárias dominam boa parte do mercado. E o problema é ainda mais grave porque esses bancos controlam outras áreas, como as de seguro e cartão de crédito: (ARMANDO MONTEIRO) O problema da concentração não é essa dimensão horizontal entre as instituições. É a atuação verticalizada, o domínio que o sistema passou a ter em todo o processo, sobretudo nos meios de pagamento, etc. (MAURÍCIO) Armando Monteiro acredita que o alto custo na contratação de crédito é o maior responsável pelo fraco desempenho da economia brasileira. Da Rádio Senado, Maurício de Santi.

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