Desemprego é maior entre população preta e parda, aponta IBGE
Dois em cada três desempregados no último trimestre são pretos ou pardos. Os dados constam de pesquisa do IBGE divulgada nesta sexta-feira (17). Para o senador Humberto Costa (PT-PE) o índice maior de desemprego entre pretos e pardos é fruto ainda da escravidão. “A escravidão sem dúvidas é o grande marco de formação da sociedade brasileira. E a grande maioria dos negros, dos pardos são excluídos hoje do acesso à cidadania, as políticas sociais e isso não deixaria de acontecer também em relação ao emprego”, analisou.
Transcrição
LOC: SENADORES DEFENDEM MAIS POLÍTICAS PÚBLICAS PARA PRETOS E PARDOS
LOC: DOIS EM CADA TRÊS DESEMPREGADOS NO ÚLTIMO TRIMESTRE FORAM DESSES GRUPOS ÉTNICOS, COMO APONTOU PESQUISA DO IBGE DIVULGADA NESTA SEXTA-FEIRA. REPÓRTER MARINA FERREIRA.
TÉC: A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua, Pnad, feita pelo IBGE, revelou que o desemprego atingiu mais pessoas pretas e pardas no terceiro trimestre do ano. A quantidade de indivíduos desses dois grupos étnicos que buscaram e não conseguiram trabalho foi superior a oito milhões de brasileiros, ou seja, 63 por cento do total de desempregados. Para o senador Humberto Costa, do PT de Pernambuco, esse índice tem origem nas relações sociais do período da escravidão, que, segundo ele, permanecem até hoje no convívio dos brasileiros.
(Humberto): A escravidão sem dúvidas é o grande marco de formação da sociedade brasileira. E a grande maioria dos negros, dos pardos são excluídos hoje do acesso à cidadania, as políticas sociais e isso não deixaria de acontecer também em relação ao emprego.
(Repórter): O levantamento mostrou também que as atividades desempenhadas por pretos e pardos são de menor qualificação. Segundo a Pnad, o percentual de trabalhadores dessas etnias que atuavam como vendedor ambulante foi de 2,5. Em relação ao mesmo trimestre de 2014, houve um crescimento de 64 por cento. O rendimento mensal desses trabalhadores é de, em média, um mil e quinhentos reais, ou 56 por cento a menos se comparado com o dos brancos, que receberam dois mil e setecentos reais. De acordo com o senador José Medeiros, do Podemos de Mato Grosso, a pesquisa ressalta o tamanho da desigualdade brasileira. Para ele, a solução está na educação. (José): A desigualdade no Brasil ela começa muito cedo. Ela começa lá na primeira infância. Esse nicho populacional tem pouco acesso às políticas públicas de saneamento, de saúde. Nós precisamos fazer um investimento para que todos tenham acesso a uma boa educação e aí sim combater a desigualdade no início.
(Repórter): O estudo verificou ainda a quantidade de pessoas desempregadas por sexo, idade e regiões brasileiras. Da Rádio Senado, Marina Ferreira.