Paulo Paim lamenta dificuldades de acesso de ativistas negros em audiência sobre racismo — Rádio Senado
Audiência pública

Paulo Paim lamenta dificuldades de acesso de ativistas negros em audiência sobre racismo

O Brasil aboliu a escravidão há 131, mas não rompeu, de fato, com o pensamento escravocrata. Esse foi um ponto de vista predominante entre os participantes de audiência pública da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa do Senado (CDH) sobre abolição da escravatura e ações afirmativas. Algumas pessoas que queriam participar do debate na CDH tiveram dificuldades de entrar no Senado. O presidente do colegiado, senador Paulo Paim (PT – RS) lamentou o fato, que considerou uma demonstração concreta da dificuldade de acesso dos negros aos espaços de poder. A reportagem é de Marcela Diniz, da Rádio Senado. Ouça o áudio com mais informações.

12/06/2019, 13h28 - ATUALIZADO EM 12/06/2019, 14h43
Duração de áudio: 02:41
Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) realiza audiência pública interativa para tratar sobre: "A abolição da escravatura e as ações afirmativas", com a participação, entre outros, de representantes de Movimento Negro no Congresso; de demarcações de terras quilombolas; e da Associação Brasileira de Juristas pela Democracia.

Mesa:
coordenadora do Movimento Nacional de Pescadoras e Pescadores, Eliete Paraguassu;
vice-presidente do Conselho Curador do Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (Ibase), Wânia Sant'Anna;
professora do departamento de História da Universidade de Brasília (UnB) e coordenadora nacional do GT Emancipações e Pós-Abolição (Anpuh), Ana Flávia Magalhães Pinto;
presidente da CDH, senador Paulo Paim (PT-RS);
representante das demarcações de terras quilombolas, Danilo Serejo;
secretária de Relações de Trabalho da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Graça Costa.

Foto: Jane de Araújo/Agência Senado
Jane de Araújo/Agência Senado

Transcrição
LOC: O RACISMO ESTRUTURAL NO BRASIL FOI UM DOS PONTOS ENFOCADOS EM DEBATE DA COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS DO SENADO SOBRE ABOLIÇÃO DA ESCRAVIDÃO E POLÍTICAS AFIRMATIVAS. LOC: O PRESIDENTE DO COLEGIADO LAMENTOU A DIFICULDADE DE ACESSO AO SENADO DE INTEGRANTES DO MOVIMENTO NEGRO QUE QUERIAM PARTICIPAR DA AUDIÊNCIA PÚBLICA. A REPORTAGEM É DE MARCELA DINIZ. (Repórter) O Brasil aboliu a escravidão há 131 anos, mas não rompeu, de fato, com o pensamento escravocrata. Prova disso é a persistência, na sociedade, de um racismo estrutural que dificulta ao máximo o acesso da população negra à uma efetiva cidadania. Esse foi o ponto de vista predominante entre os participantes de audiência pública da Comissão de Direitos Humanos sobre abolição da escravatura e ações afirmativas. Algumas pessoas que queriam participar do debate na CDH tiveram dificuldades de entrar no Senado. O presidente do colegiado, senador Paulo Paim, do PT gaúcho, lamentou o fato, que considerou uma demonstração concreta da dificuldade de acesso dos negros aos espaços de poder: (Paulo Paim) Lamento porque é sempre a mesma história. Quando é pobre, quando é Sem Terra, quando é Sem Teto, quando é Movimento Negro, sempre há obstáculos lá na segurança. Não digam que está lotada porque não está e liberem aqueles que estão aqui e querem assistir ao debate. (Repórter) A professora de História da Universidade de Brasília, Ana Flávia Magalhães, observou que, no Congresso, está havendo espaço para provocações abertas ao Movimento Negro, como a sessão de homenagem à princesa Isabel no plenário da Câmara dos Deputados. Exaltar a monarca e silenciar sobre o protagonismo negro na luta abolicionista é prova de que o Brasil insiste em contar apenas um lado da história: (Ana Flávia) O plenário Ulisses Guimarães recebeu uma homenagem à princesa Isabel e uma comemoração aos 131 anos da abolição sem fazer qualquer referência à ação histórica de homens e mulheres negras na luta por liberdade e cidadania nesse país. Seguem tentando nos apagar. (Repórter) A negação do ponto de vista negro na história oficial do Brasil é, para o quilombola e bacharel em Direito, Danilo Serejo, ponto de partida para a negação de direitos básicos, como a posse da terra. Os quilombos, espaços de liberdade criados pela resistência negra durante os três séculos de escravidão, até hoje dependem da boa vontade política e do resguardo do Judiciário para serem reconhecidos e protegidos: (Danilo Serejo) Quais as razões do não-efetivo reconhecimento das comunidades quilombolas? O racismo só é o que é hoje, da forma como o conhecemos porque existe uma institucionalidade que o elabora e o chancela. (Repórter) Das seis mil comunidades quilombolas existentes no Brasil, três mil e quinhentas são certificadas pela Fundação Cultural Palmares, mas pouco mais de duzentas possuem títulos sobre as terras.

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