CRE debate protecionismo e atraso da política comercial brasileira — Rádio Senado
Relações Exteriores

CRE debate protecionismo e atraso da política comercial brasileira

A Comissão de Relações Exteriores debateu o protecionismo e o atraso da política comercial brasileira, considerada uma das mais protecionistas no mundo. O Brasil, que já foi um dos países com maior crescimento, não fez acordos internacionais para participar das cadeias globais de valor, como lembrou o Professor da Fundação Getúlio Vargas, Lucas Ferraz. Um dos resultados foi a queda da participação industrial no PIB nacional. A reportagem é de Floriano Filho, da Rádio Senado.

07/05/2018, 20h40 - ATUALIZADO EM 07/05/2018, 20h40
Duração de áudio: 02:29
Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) realiza ciclo de debates - O Brasil e a Ordem Internacional - 5º Painel: "Disputa Comercial Internacional: oportunidade e desafios para o Brasil."

Mesa:
doutor em Economia pela Universidade de Londres e Diretor do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento (Cindes), José Tavares de Araújo Júnior;
presidente eventual da CRE, senador Antonio Anastasia (PSDB-MG);
doutor em Economia e Professor da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Lucas Pedreira do Couto Ferraz.

Foto: Roque de Sá/Agência Senado
Roque de Sá/Agência Senado

Transcrição
LOC: A POLÍTICA COMERCIAL BRASILEIRA É DEFASADA, PROTECIONISTA E DEVERIA SER REFORMULADA, AFIRMARAM ESPECIALISTAS. LOC: O DEBATE FOI NA COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES NESTA SEGUNDA-FEIRA. REPÓRTER FLORIANO FILHO. (Repórter) As tarifas de importação caíram muito nas últimas décadas em todo o mundo após oito rodadas de negociação na Organização Mundial do Comércio. Especialmente nos países mais desenvolvidos. Mais de 270 acordos regionais impulsionam praticamente metade de todo o comércio internacional. Quase 65% das exportações mundiais são de bens intermediários, ou seja, que servem para fabricar outros bens. Isso tem fortalecido cadeias internacionais de valor e setores de serviços, como finanças e transportes. O Brasil, que já foi um dos países que mais cresceram no mundo, não fez acordos internacionais para acompanhar essas mudanças, como lembrou o Professor da Fundação Getúlio Vargas, Lucas Ferraz. Ele participou do ciclo de debates na Comissão de Relações Exteriores e disse que o resultado desse erro foi o declínio da participação da indústria no PIB brasileiro, nos últimos 40 anos. Segundo ele, o país ficou para trás. (Lucas Ferraz) Estamos falando da indústria 4.0. O mundo hoje está avançando nessa linha. O Brasil hoje tem um quadro que basicamente está ainda na segunda revolução. (...) O Brasil quer desenvolver tecnologia de ponta, indústria 4.0 e internet das coisas com tecnologia 100% nacional. É um outro tiro no pé. (Repórter) O diretor do Centro de Estudos de Integração e Desenvolvimento, José de Araújo Júnior, acrescentou que o Brasil tem uma das tarifas de importação mais altas do mundo para bens intermediários, encarecendo os custos de produção e criando uma burocracia desnecessária e ineficiente. Para ele, a tarifa comum do Mercosul foi um dos piores erros da política comercial brasileira. (José de Araújo) Esse foi talvez (...) um dos principais erros de política comercial das últimas décadas que foi ter tornado o Mercosul uma (...) União Aduaneira. (Repórter) Os especialistas afirmaram ainda que o atual protecionismo norte-americano abre uma oportunidade para o Brasil fechar novos acordos comerciais com outros países e blocos, favorecendo a participação nas cadeias globais de valor.

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