Comissão debate investimentos e influência chinesa na África — Rádio Senado
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Comissão debate investimentos e influência chinesa na África

Especialistas brasileiros analisaram os investimentos e a influência da china em projetos de desenvolvimento africano. A China se tornou o principal parceiro comercial da África e é um dos países no mundo que mais tem investido na infraestrutura africana, como ferrovias, estradas, portos, hidroelétricas e aeroportos. O assunto foi debatido na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado (CRE). O senador Cristovam Buarque (PPS-DF) alertou que o Brasil deve estar atento para que esses investimentos não prejudiquem culturas como a soja ou empreendimentos minerais no Brasil, transferindo cadeias produtivas para outras partes do mundo.  A reportagem é de Floriano Filho, da Rádio Senado. Ouça os detalhes no áudio da matéria.

16/04/2018, 21h07 - ATUALIZADO EM 17/04/2018, 09h37
Duração de áudio: 02:40
Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE) realiza 

Foto: Roque de Sá/Agência Senado
Foto: Roque de Sá/Agência Senado

Transcrição
LOC: ESPECIALISTAS BRASILEIROS ANALISARAM OS INVESTIMENTOS E A INFLUÊNCIA DA CHINA EM PROJETOS DE DESENVOLVIMENTO AFRICANO. LOC: A AUDIÊNCIA PÚBLICA OCORREU NA COMISSÃO DE RELAÇÕES EXTERIORES DO SENADO. REPÓRTER FLORIANO FILHO. TÉC: A relação econômica com a África continua muito baseada na exploração de matéria-prima. Os investimentos na industrialização regional costumam acontecer em escala insuficiente. Era assim na época da colonização europeia e não mudou muito com a entrada de novos países investidores. Entre eles, Brasil e Índia. Mas, sobretudo a China, que em 10 anos colocou cerca de 300 mil trabalhadores chineses em projetos desenvolvidos em diferentes países africanos. Alguns países europeus levaram 500 anos para chegar a esse número. A China se tornou o principal parceiro comercial da África e é um dos países no mundo que mais têm investido na infraestrutura africana, como ferrovias, estradas, portos, hidroelétricas e aeroportos. Em vários contratos, o pagamento pelo investimento ou empréstimos chineses é feito com petróleo e gás africanos. Para o professor José Manuel Gonçalves, da Universidade Federal Fluminense, nem sempre esse tipo de troca é favorável no longo prazo. (José Gonçalves) A política chinesa (...) é a aquisição de matérias-primas. Ou seja, que não contribui em nada para o desenvolvimento da África. E, ainda por cima, reduz o potencial de matérias-primas no continente africano. (Repórter) Para a professora Analúcia Pereira, da Universidade do Rio Grande do Sul, a atuação Chinesa na África atende a interesses dos dois lados e não é predatória como na relação Norte-Sul. (Analúcia Pereira) O que eu vejo como resultado dessa cooperação é a China buscando (...) recursos importantes para o seu próprio desenvolvimento (...). Mas vejo também uma contrapartida que é uma contrapartida que é definida pelos governos africanos. (Repórter) O senador Cristovam Buarque, do PPS do Distrito Federal, alertou que o Brasil deve estar atento para que esses investimentos chineses na África não prejudiquem culturas como a soja ou empreendimentos minerais no Brasil, transferindo cadeias produtivas para outras partes do mundo. (Cristovam Buarque) O Brasil tem uma experiência de perder desenvolvimento por transferência de lugar onde se faz produção. (Repórter) A China se tornou o principal parceiro econômico da África em 2009. Da Rádio Senado, Floriano Filho.

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