Comissão debate demarcação de terras indígenas e quilombolas — Rádio Senado

Comissão debate demarcação de terras indígenas e quilombolas

LOC: A COMISSÃO DE AGRICULTURA E REFORMA AGRÁRIA SE REUNIU EM PORTO ALEGRE, NESTA SEXTA-FEIRA, E RECEBEU PROPOSTAS SOBRE A DEMARCAÇÃO DAS TERRAS INDÍGENAS E DE QUILOMBOLAS NO RIO GRANDE DO SUL.

LOC: AGRICULTORES, QUE TEMEM DESPEJO NESSAS ÁREAS, PEDIRAM A SUSPENSÃO DE PROCESSOS ATÉ QUE HAJA ACORDO SOBRE AS DEMARCAÇÕES. MAIS INFORMAÇÕES, COM O REPÓRTER NILO BAIRROS:

(REPÓRTER): Terras gaúchas reconhecidas pela lei como áreas de remanescentes de quilombos, ou seja, de descendentes de escravos, e outras que são de povos indígenas, encontram-se hoje ocupadas por pequenos agricultores. Muitas foram griladas ou reduzidas pela construção de rodovias e outros empreendimentos. A situação é de conflito e coloca em lados opostos agricultores, índios e negros. O desafio é demarcar as terras de povos tradicionais e, ao mesmo tempo, assegurar aos pequenos agricultores o direito ao trabalho na lavoura. Uma tarefa que não é fácil, como mostrou na audiência o representante indígena Francisco dos Santos:
(FRANCISCO SANTOS): o que eu quero é a demarcação das minhas terras, as pequenas que sobraram. Eu não quero mais todo o Brasil, porque ele não me pertence mais a mim. Mas eu quero aquelas onde ficam as cinzas do nosso chão, que fazem bem para a minha cultura, da minha comunidade indígena. Rep: Ao lado dele está o representante do Movimento Negro Unificado, Onir Araújo, que defende autonomia para que INCRA e FUNAI levem à frente os processos de demarcação:
(ONIR ARAÚJO): nos não queremos o confronto, nós queremos que se cumpra a lei, nós queremos que se respeite nosso direito de nossa existência enquanto quilombolas e indígenas, direito garantido inclusive pelos tratados internacionais que o Brasil subscreve. Rep: Mas, como disse a produtora rural Maria Anacilda Carvalho, os agricultores querem uma solução que mantenha as famílias nas terras que foram compradas:
(MARIA ANACILDA CARVALHO): a injustiça foi muito grande o no passado, mas hoje ela pode ser muito maior, danificar muito mais, provocar muito mais mortes, muito sangue e eu espero que esse trabalho vá para frente, e que traga soluções que serão benéficas para todos nós.
(REPÓRTER): A senadora Ana Amélia Lemos, do PP gaúcho, prometeu reunir os órgãos responsáveis para buscar um acordo:
(ANA AMÉLLIA LEMOS): várias sugestões foram encaminhadas, coletamos todas. Eu queria agradecer a todos, representantes indígenas, quilombolas e dos produtores rurais. Nós estaremos permanentemente no Congresso Nacional à disposição desse tema. Não podemos nos omitir. Estaremos lá para com equilíbrio, serenidade, seguir e cumprir a lei.
(REPÓRTER): além da comissão de reforma agrária, o governo gaúcho, presente ao encontro, prometeu nova rodada de discussão para tentar encaminhar um acordo para a disputa de terras.
21/10/2011, 06h33 - ATUALIZADO EM 21/10/2011, 06h33
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