Audiência na CDH mostra violência contra ativistas no Brasil — Rádio Senado
Direitos Humanos

Audiência na CDH mostra violência contra ativistas no Brasil

O assassinato de lideranças sem-terra no último dia 8, na Paraíba, gerou debate na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado, durante audiência sobre os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos. A presidente do colegiado, senadora Regina Sousa (PT-PI) citou o duplo assassinato como exemplo da violência contra lideranças populares no Brasil. Relatórios de 2017 da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Anistia Internacional e da ONG Front Line colocam o país entre os quatro mais perigosos para ativistas, juntamente com Colômbia, Filipinas e México.

10/12/2018, 18h41 - ATUALIZADO EM 11/12/2018, 15h23
Duração de áudio: 02:33
Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) realiza audiência pública interativa para "celebrar os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, instituída pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de Dezembro de 1948". 

Mesa: 
representante da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib), Poran Potiguara; 
vice-presidente da CDH, senador Paulo Paim (PT-RS);
advogado Gabriel Sampaio.

Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado
Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Transcrição
LOC: O BRASIL É UM DOS QUATRO PAÍSES MAIS PERIGOSOS PARA DEFENSORES DOS DIREITOS HUMANOS E SOCIOAMBIENTAIS. LOC: CASOS COMO A EXECUÇÃO DE LIDERANÇAS SEM-TERRA, NO ÚLTIMO FIM DE SEMANA, E O ASSASSINATO DE MARIELLE FRANCO, PROVOCARAM A REAÇÃO DA COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS, DA OEA. A REPORTAGEM É DE MARCELA DINIZ. TÉC: Dois integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra, Rodrigo Celestino e José Bernardo da Silva, conhecido como Orlando, foram executados por homens encapuzados, na noite do último sábado, dia 8, em um acampamento no município de Alhandra, na Paraíba. Orlando estava no programa de proteção aos defensores dos direitos humanos, do governo federal, desde que seu irmão, Odilon da Silva Filho, do Movimento dos Atingidos por Barragens, foi assassinado, em 2009. O duplo assassinato foi citado pela presidente da Comissão de Direitos Humanos do Senado, Regina Sousa, do PT do Piauí, entre os recentes exemplos da violência contra lideranças populares no Brasil: (Regina) Rodrigo e José Bernardo da Silva, companheiros do MST, foram executados. Segundo as testemunhas, disseram que “só queriam eles dois”, mandaram os outros saírem do meio e atiraram. (Rep) Na CDH, que debatia os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, o advogado Gabriel Sampaio, salientou que o caso paraibano é retrato de um modelo agrário que se desenvolveu com base no trabalho escravo e que reage com violência quando interesses de uma elite são ameaçados por lutas sociais: (Gabriel) E a reminiscência desse comportamento desses setores da nossa sociedade persistem até hoje no ataque diário a pessoas que defendem os direitos humanos no Brasil. (Rep) De acordo com relatório da Comissão Pastoral da Terra, em 2017, foram 71 os homicídios decorrentes de conflitos agrários no Brasil. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da Organização dos Estados Americanos OEA, instou o governo brasileiros a tomar providências para barrar a onda de assassinatos de defensores de direitos humanos e socioambientais. Pediu, também, esclarecimentos sobre a execução de Marielle Franco, ocorrida em março, no Rio de Janeiro. A mãe da vereadora, Marinete Silva, pediu justiça à filha, neste 10 de dezembro, dia Internacional dos Direitos Humanos: (Marinete) Nunca a gente imaginava passar um 10 de dezembro, uma data tão simbólica, estar passando por essa dor e por esse desencanto de saber que alguém planejou de matar uma ativista desse direito direito que é das pessoas. (Rep) Relatórios de 2017 da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, Anistia Internacional e da ONG Front Line colocam o Brasil entre os quatro países mais perigosos para ativistas, juntamente com Colômbia, Filipinas e México. Da Rádio Senado, Marcela Diniz.

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