Abolição da escravatura não acabou com o trabalho escravo no Brasil, afirmam debatedores — Rádio Senado
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Abolição da escravatura não acabou com o trabalho escravo no Brasil, afirmam debatedores

A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) realizou uma audiência pública para discutir a escravidão moderna após os 130 anos da abolição da escravatura. Durante o debate, os convidados criticaram a reforma trabalhista e relembraram a chacina de quatro auditores fiscais, que foram mortos durante fiscalização de rotina em fazendas de Unaí-MG. As informações com a repórter Marciana Alves, da Rádio Senado.

15/05/2018, 19h18 - ATUALIZADO EM 15/05/2018, 19h18
Duração de áudio: 02:06
Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) realiza audiência interativa para debater sobre “ Os 130 anos da Abolição da Escravatura e a Escravidão Moderna”.

Mesa:
subprocurador-geral do Trabalho – e representante da Coordenadoria de Erradicação do Trabalho Escravo do Ministério Público do Trabalho (MPT), André Luis Spies;
presidente do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais do Trabalho (Sinait), Carlos Silva;
auditora fiscal do Trabalho, Paula Mazzulo.

Foto: Geraldo Magela/Agência Senado
Foto: Geraldo Magela/Agência Senado

Transcrição
LOC: A COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS DEBATEU, EM AUDIÊNCIA PÚBLICA, A ESCRAVIDÃO MODERNA, NA SEMANA EM QUE O PAÍS CELEBRA OS 130 ANOS DA LEI ÁUREA. LOC: DE ACORDO COM O MINISTÉRIO DO TRABALHO, MAIS DE 50 MIL PESSOAS FORAM RESGATADAS DO TRABALHO ANÁLOGO AO ESCRAVO ENTRE 1995 E 2015. REPÓRTER MARCIANA ALVES. TÉC: Trabalho forçado, jornada exaustiva, servidão por dívida e condições degradantes são algumas características do trabalho escravo, realidade presente em diversas atividades no Brasil, como a pecuária bovina, a construção civil e a indústria de confecções. A maioria das pessoas resgatadas de serviço análogo ao escravo são migrantes, que saem do local de origem em busca de novas oportunidades ou que são atraídos por falsas promessas, como lembrou o representante do Ministério do Trabalho André Luís Spies. Segundo ele, a realidade de 130 anos após a promulgação da Lei Áurea mostra que o País ainda não superou a escravidão: (André Luís) Afinal de contas nós não estamos, efetivamente, comemorando alguma coisa já que se sabe que a escravidão foi abolida apenas no aspecto formal pelas evidências que a realidade nos apresenta. (Repórter) Durante o debate na CDH, os convidados também criticaram a reforma trabalhista, que para o presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros, Ernesto Luiz Pereira Filho, contribui para o aprofundamento da escravidão moderna. (Ernesto) O que não é a possibilidade da gestante trabalhar em ambiente insalubre, o trabalho intermitente? Isso é a escravidão moderna, pura e completa. (Repórter) Para a presidente da Comissão de Direitos Humanos, senadora Regina Sousa, do PT do Piauí, as marcas da escravidão ainda são evidentes nos dias atuais. (Regina Sousa) Por que a gente fala dessa questão da escravidão, quem não é escravocrata mas as vezes é racista. Então veio o racismo daí também de achar que negro não é gente, como achavam que índio não era gente. (Repórter) Os debatedores também relembraram o assassinato de quatro fiscais do trabalho durante inspeção de rotina em fazendas de Unaí, Minas Gerais. Os auditores fiscais do trabalho que participaram da audiência pública pediram a prisão dos mandantes do crime, que recorreram da sentença e respondem em liberdade. Da Rádio Senado, Marciana Alves.

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