25 de julho é o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha — Rádio Senado
Direitos humanos

25 de julho é o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha

Vinte e cinco de julho é o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-americana e Caribenha. No Brasil, a data homenageia a líder quilombola Tereza de Benguela, símbolo de luta e resistência do povo negro. A mulher negra é, ainda hoje, a principal vítima de feminicídio, das violências doméstica e obstétrica e da mortalidade materna; além de estar na base da pirâmide socioeconômica do país. A reportagem é de Marcela Diniz.

25/07/2019, 06h30 - ATUALIZADO EM 24/07/2019, 14h19
Duração de áudio: 03:00
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Transcrição
LOC: 25 DE JULHO É O DIA INTERNACIONAL DA MULHER NEGRA, LATINO-AMERICANA E CARIBENHA. NO BRASIL, A DATA HOMENAGEIA A LÍDER QUILOMBOLA TEREZA DE BENGUELA, SÍMBOLO DE LUTA E RESISTÊNCIA DO POVO NEGRO. LOC: A MULHER NEGRA É A PRINCIPAL VÍTIMA DE FEMINICÍDIO, VIOLÊNCIA DOMÉSTICA, VIOLÊNCIA OBSTÉTRICA E MORTALIDADE MATERNA, COMO NOS MOSTRA ESTA REPORTAGEM, DE MARCELA DINIZ. (Repórter) O dia internacional da mulher negra, latino-americana e caribenha, 25 de julho, é reconhecido pela Organização das Nações Unidas desde 1992 como uma data para se refletir sobre a condição feminina em uma região que tem 15 dos 25 países mais violentos contra as mulheres, incluindo o Brasil, quinto no ranking mundial de feminicídios, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Em dez anos, desde a edição da Lei Maria da Penha, em 2006, o assassinato de mulheres brancas caiu 10% e o de negras cresceu 54%, como lembrou o senador Paulo Paim, do PT gaúcho: (Paulo Paim) O feminicídio também tem cor no Brasil: atinge, principalmente, as mulheres negras – 54%. Também são mais vítimas pela violência doméstica, 58,68%, de acordo com informações do Ligue 180, Central de Atendimento à Mulher. Elas também são mais atingidas pela violência obstétrica, 65,4%, e pela mortalidade maternal, 53,6%. (Repórter) Desde 2014, no Brasil, por força de um projeto da ex-senadora Serys Slhessarenko, que virou lei, o 25 de julho é também o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra – em referência à líder do quilombo do Quariterê, no atual estado de Mato Grosso, lugar de resistência de negros e indígenas até sua destruição, em 1770. A coordenadora do Comitê Latinoamericano e do Caribe para a Defesa dos Direitos da Mulher, Soraia Mendes, ao abordar a persistência, nos dias de hoje, da violência que se volta especialmente contra a mulher negra, observa também o aspecto socioeconômico do problema e diz que propostas como a Reforma da Previdência, ao mudar idades mínimas e tempos de contribuição para as mulheres se aposentarem, fragilizam ainda mais a situação da trabalhadora negra: (Soraia Mendes) No topo de uma pirâmide social e econômica, os homens brancos, na sequência, as mulheres brancas, os homens negros e, no baixo dessa pirâmide, as mulheres negras. Essas mulheres, que já são vulneradas, com a perspectiva da aprovação da Reforma da Previdência, serão ainda mais vulneradas. Eu temo muito, nesse 25 de julho, que leva o nome, no nosso país, de uma mulher negra, lutadora, quilombola, o que pode acontecer daqui para adiante. (Repórter) Pesquisa de 2015, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, Ipea, mostrou que o salário médio das mulheres negras equivalia a 40,9% do rendimento dos homens brancos. A média salarial das mulheres brancas, que também era maior do que a dos homens negros, era 737 reais e 50 centavos maior do que a média de rendimentos das mulheres negras.

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