Ludopatia: CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas debate vício em jogos
Em audiência pública nesta segunda-feira (11), a CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas discutiu com especialistas o vício em jogos de azar. Reconhecida pela Organização Mundial da Saúde como transtorno mental, a ludopatia gera uma série de efeitos negativos, como aumento dos casos de depressão e ansiedade, endividamento, desemprego, alcoolismo, violência doméstica e até suicídio, segundo os estudiosos. Eles defenderam medidas para limitar a extensão dos problemas.
Transcrição
A CPI DA MANIPULAÇÃO DE JOGOS E APOSTAS ESPORTIVAS DISCUTIU NESTA SEGUNDA-FEIRA, EM AUDIÊNCIA PÚBLICA, OS PROBLEMAS RELACIONADOS AO VÍCIO EM JOGOS DE AZAR.
OS ESPECIALISTAS APRESENTARAM SUGESTÕES PARA MINIMIZAR OS DANOS E LIMITAR A AÇÃO DAS EMPRESAS QUE EXPLORAM ESSE TIPO DE ATIVIDADE NO PAÍS. OS DETALHES COM O REPÓRTER ALEXANDRE CAMPOS:
Aumento dos casos de depressão e ansiedade, endividamento, desemprego, alcoolismo, violência doméstica e até suicídio. Esses são alguns efeitos do vício em jogos de azar relatados por especialistas que participaram, nesta segunda-feira, de uma audiência pública na CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas.
Hermano Tavares, professor da Universidade de São Paulo, lamentou que esses problemas não tenham sido levados em conta pelos senadores durante a votação do projeto que regulamentou as atividades exploradas pelas "Bets". O especialista disse ainda que, no Brasil, o número de pessoas viciadas em jogos de azar só perde para os que fazem uso de álcool e cigarro. Ele aproveitou para fazer algumas sugestões para conter o problema, como a proibição de publicidade, alertas sobre os danos que os jogos de azar podem provocar, limitação do valor apostado e criação de uma agência nacional para regular o setor:
(Hermano Tavares) "A gente precisa de algo assim: uma comissão, uma instância reguladora que possa debater isso de maneira recorrente e que possa fazer uma atualização, porque é um ecossistema extremamente dinâmico."
Na mesma linha seguiu Vinícius Oliveira de Andrade, médico psiquiatra e representante da Associação Médica Brasileira e da Associação Brasileira de Psquiatria. Na opinião dele, os investimentos em marketing digital e a participação de ídolos em peças publicitárias têm acelerado a inserção das pessoas no mundo dos jogos de azar, com aumento vertiginoso do número de apostas. O especialista alertou ainda que é preciso dar uma atenção especial às crianças e aos jovens:
(Vinícius Oliveira de Andrade) "Essa camada mais nova, nossos jovens, que - estudos demonstram -, por aspectos do desenvolvimento cerebral, são mais vulneráveis... E já foi comprovado em vários estudos: se expostos mais cedo, apresentam um potencial maior de desenvolver um uso problemático do jogo."
Vice-presidente da CPI, o senador Eduardo Girão, do Novo do Ceará, afirmou que, diante da gravidade do cenário atual, é preciso adotar medidas preventivas, para evitar que as pessoas desenvolvam a compulsão aos jogos de azar, e garantir apoio aos que já estão viciados:
(sen. Eduardo Girão) "Além de uma grave esfera criminal e que está impactando diretamente na economia, no varejo e na indústria... Mostra um problema de saúde pública que exige uma abordagem multifacetada que nos obriga a buscar que esse tipo de atividade seja totalmente proibida no nosso país, motivo pelo qual eu apresentei projeto de lei nesse sentido, para proibir aposta esportiva no Brasil, ou seja, acabar com essa prática no Brasil."
A CPI da Manipulação de Jogos e Apostas Esportivas volta a se reunir nesta terça-feira, a partir de duas e meia da tarde, para votar requerimentos e ouvir André Gelfi, Presidente do Instituto Brasileiro de Jogo Responsável; e Giovanni Rocco, Secretário Nacional de Apostas Esportivas e de Desenvolvimento Econômico do Esporte. Da Rádio Senado, Alexandre Campos.