Feira do Livro de Porto Alegre tem inédita curadoria de literatura negra — Rádio Senado
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Feira do Livro de Porto Alegre tem inédita curadoria de literatura negra

Pela primeira vez, a Feira do Livro de Porto Alegre conta com uma curadoria para literatura e cultura negras. A escritora e musicista Lilian Rocha foi a escolhida para a função. Ela acredita na literatura como instrumento de combate à discriminação racial. A Livraria do Senado participa da feira e no seu estande há uma seção especial dedicada à diversidade de raças e etnias no Brasil, com obras sobre o assunto, além de biografias de senadores negros, como Abdias Nascimento.

11/11/2024, 18h36 - ATUALIZADO EM 11/11/2024, 18h36
Duração de áudio: 02:21
Foto: Abelardo Mendes Jr/Livraria do Senado

Transcrição
A FEIRA DO LIVRO DE PORTO ALEGRE TEM PELA PRIMEIRA VEZ UMA CURADORIA DE LITERATURA E CULTURA NEGRAS. A ESCRITORA E MUSICISTA LILIAN ROCHA, QUE ABRAÇOU A MISSÃO DA CURADORIA, ACREDITA NA LITERATURA COMO INSTRUMENTO PARA COMBATER O PRECONCEITO RACIAL. A REPORTAGEM É DE MAURÍCIO DE SANTI: Em 70 edições, essa é a primeira vez que a Feira do Livro de Porto Alegre tem uma curadoria especialmente voltada para a literatura e a cultura negras. A função ficou a cargo da poetisa, compositora e musicista Lilian Rocha. O trabalho de escolha das obras e artistas começou em fevereiro e levou dois fatores em consideração, como explica Lilian. Um deles foi o convite a autores conhecidos e já consagrados, o segundo foi a identificação de obras literárias de muita qualidade, mas escritas por pessoas que ainda não estão nas prateleiras das grandes livrarias: Trazer essas duas pontes, não é? Aqueles que já são consagrados, já tem uma estrutura, já tem uma projeção nacionalmente, assim como os escritores daqui que buscam um lugar ao sol também para mostrar a sua literatura e que tem também uma literatura altamente bem escrita, altamente qualificada. Lilian Rocha vê no ineditismo da curadoria negra uma iniciativa importante no combate à discriminação racial. Ela lembra que muitos escritores negros não se apresentavam com tal e que a história chegou a esconder nomes como a primeira romancista brasileira, Maria Firmina dos Reis, pioneira da literatura afro. Seu romance Úrsula foi publicado em 1859, quase 30 anos antes da Lei Áurea decretar o fim da escravidão no Brasil: A primeira romancista brasileira, data de 1859, Maria Firmina dos Reis, que foi esquecida no tempo e nos últimos anos foi retomada, né? E tantos outros que vieram depois, alguns que não se colocavam como negros, como Machado de Assis, um dos maiores escritores e que foi fundador da nossa Academia de Letras. Então, o que se tem que dar conta é que nós só estamos exigindo é que cada vez tenha oportunidades de mostrar essa literatura das mais variadas formas. Lilian Rocha disse que a Feira do Livro de Porto Alegre terá uma série de eventos para comemorar o primeiro feriado nacional do Dia da Consciência Negra, em 20 de novembro, último dia da feira na Praça da Alfândega, no Centro de Porto Alegre. A Livraria do Senado participa da feira e no seu estande há uma seção especial dedicada à diversidade de raças e etnias no Brasil, com obras sobre o assunto, além de biografias de senadores negros, como Abdias Nascimento. Da Rádio Senado, Maurício de Santi.

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