Senado homenageia mulheres negras e assina acordo para fortalecer ações antirracismo
Uma sessão especial do Senado nesta quinta-feira (8) homenageou as mulheres negras. A celebração aconteceu no Plenário a pedido da senadora Zenaide Maia (PSD-RN) e reuniu juristas e representantes de órgãos públicos que apontaram a sub-representação de mulheres negras em espaços decisórios. O evento comemorou o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra e marcou assinatura, entre o Senado e o Ministério da Igualdade Racial, do Acordo de Cooperação Técnica para Democratização do Acesso à Informação e Fortalecimento de Práticas Antirracistas na Política Institucional.
Transcrição
A SESSÃO ESPECIAL EM HOMENAGEM À MULHER NEGRA, NESTA QUINTA-FEIRA, FOI MARCADA PELA ASSINATURA DE UM ACORDO ENTRE O SENADO E O MINISTÉRIO DA IGUALDADE RACIAL E PELO LANÇAMENTO DO GUIA ELEITORAL PARA CANDIDATURAS FEMININAS E NEGRAS.
A NECESSÁRIA OCUPAÇÃO DE ESPAÇOS DE PODER FOI ENFATIZADA NOS DISCURSOS DAS CONVIDADAS. REPÓRTER JANAÍNA ARAÚJO:
Os dias Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra, celebrados em 25 de julho, foram tema de sessão especial realizada pelo Senado nesta quinta-feira. A senadora Zenaide Maia, do PSD do Rio Grande do Norte, procuradora da Mulher no Senado e autora do pedido para a realização da homenagem, afirmou que a intenção é dar visibilidade para a realidade das mulheres negras que precisam vencer o preconceito, a discriminação, a violência, a falta de oportunidades e o desamparo para viver:
(sen. Zenaide Maia) "Essa celebração é, sobretudo, um convite a uma reflexão sobre os desafios ainda existentes e os caminhos que percorreremos para que os reprimamos. Não podemos mais admitir que a vida da mulher negra no Brasil seja tão difícil e tão cheia de obstáculos. Estamos falando de obstáculos criados por nós mesmos, dificuldades impostas pela própria sociedade."
A senadora anunciou a celebração do Acordo de Cooperação Técnica para Democratização do Acesso à Informação e Fortalecimento de Práticas Antirracistas na Política Institucional, que foi assinado em Plenário por representantes do Senado e do Ministério da Igualdade Racial. Como primeiro fruto do acordo, foi lançado o Guia Eleitoral para Candidaturas Femininas e Negras.
Ministra do Tribunal Superior Eleitoral, a advogada e professora universitária Edilene Lôbo afirmou que a sessão especial marca mais uma oportunidade para ressaltar que o esforço das mulheres negras reunidas pode transformar o quadro atual de baixa representatividade desse grupo em espaços de poder:
(ministra Edilene Lôbo - TSE) "A nossa energia reunida pode, sim, operar transformações. Todo dia é dia de luta para que as mulheres negras, que constroem a riqueza deste país, há séculos, possam se ver representada nos espaços de poder. Nós temos, em qualquer esfera de poder, não mais do que 6%, nessas cadeiras dos Parlamentos, de mulheres negras. Mulheres negras são mais do que 28% da sociedade brasileira. Esta democracia, para ser autêntica, precisa contar com mulheres negras nesses espaços pra mudar essa realidade."
A juíza e secretária-geral do Conselho Nacional de Justiça, Adriana dos Santos Cruz, também fez uma reflexão sobre o pequeno número de mulheres negras em espaços decisórios e a chance de mudar o cenário atual dessa parcela da população:
(Adriana dos Santos Cruz - CNJ) "O lugar que cada uma de nós aqui ocupa – espaços de exercício de poder, como magistradas, parlamentares, professoras, ativistas – é um lugar muito solitário, mas que se fortalece num dia de hoje, que nós nos encontramos para celebrar o nosso caminhar. Não nos encontramos para afirmar a nossa existência, mas para nos fortalecer. Sabemos e temos consciência da nossa existência. Emicida nos lembra que nós clamemos pra que: 'permita que eu fale e não as minhas cicatrizes'."
Também se manifestaram na sessão especial a ministra Vera Lúcia Araújo, do Tribunal Superior Eleitoral, a diretora do Senado, Ilana Trombka, a modelo e ativista Luiza Brunet; e representantes dos ministérios das Mulheres, da Igualdade Racial, das Relações Exteriores, dos Direitos Humanos e da Cidadania, entre outras entidades, além dos senadores Paulo Paim, do PT gaúcho, e Rosana Martinelli, do PL de Mato Grosso. Da Rádio Senado, Janaína Araújo.