Comissão de Transparência recebe institutos e especialistas em pesquisas eleitorais — Rádio Senado
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Comissão de Transparência recebe institutos e especialistas em pesquisas eleitorais

Em audiência pública da Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor (CTFC) solicitada pelo senador Carlos Portinho (PL-RJ), diretores da Futura Inteligência e da AtlasIntel avaliaram resultados das pesquisas nas últimas eleições. Cientista político sugere entidade independente para aperfeiçoar trabalho dos institutos.

12/12/2022, 20h57 - ATUALIZADO EM 12/12/2022, 20h58
Duração de áudio: 03:10
Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Transcrição
CENSO DESATUALIZADO E SUPERVALORIZAÇÃO DE PESQUISAS ELEITORAIS. ESTES FORAM ALGUNS DOS PROBLEMAS APONTADOS POR DIRETOR DE INSTITUTO DE PESQUISA DURANTE AUDIÊNCIA PÚBLICA NA COMISSÃO DE TRANSPARÊNCIA. REPÓRTER JANAÍNA ARAÚJO. A Comissão de Transparência e Defesa do Consumidor realizou uma audiência pública sobre metodologias e sistemas de realização de pesquisas eleitorais de intenção de voto. O pedido foi feito pelo senador Carlos Portinho, do PL do Rio de Janeiro, que fez questão de enfatizar a importância de fazer a discussão do tema após o período eleitoral. O interesse dessa audiência pública, e por isso a conveniência de fazê-la após as eleições, fora do calor da emoção, é justamente o interesse em construir de forma participativa uma legislação que assegure fundamentalmente a defesa do eleitor, destinatário final das pesquisas. O interesse é a preservação do voto, que ele possa ter informações, mas que o seu poder de decisão não seja demasiadamente afetado pelas pesquisas ou pela forma como divulgadas as pesquisas. Diretor do instituto Futura Inteligência, José Luiz Soares admitiu que as pesquisas eleitorais atualmente têm problemas a serem superados. Ele citou a falta do censo demográfico realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o IBGE. Nós não temos censo há 12 anos. Então a falta de um censo é uma coisa que nos dificulta muito. Por exemplo, renda: teve instituto que deu 38% de renda até dois salários mínimos e teve instituto que deu 63% do mesmo eleitor. Quer dizer, tem um descompasso aí. Talvez hoje isso já não seja mais tão definidor de voto, têm outros atributos que devam ser considerados na amostra, e que talvez não sejam, que possam ajudar mais a gente a chegar próximo do resultado. José Luiz Soares avalia que tanto os institutos quanto a mídia costumam dar um valor à pesquisa maior do que ela tem. Ele também apontou uma mudança no perfil do eleitor na escolha dos candidatos. O eleitor brasileiro vem mudando muito em termos de voto. Lá em 89, 90, ele achava que tinha que decidir o voto 15, 20, 30 dias antes. Hoje ele sabe que não, que ele tem que decidir o voto na hora que ele vota. Então às vezes tem gente que muda o voto na hora que vota. Isso não tem como o instituto pegar. É um prazer acertar o resultado eleitoral, mas ocorre que as pesquisas não são feitas pra isso, as pesquisas são feitas pra tirar o retrato do momento. O cientista político Paulo Kramer considera que houve erro dos institutos de pesquisa. Ele sugeriu aos senadores a criação de um órgão, nos moldes da Instituição Fiscal Independente do Senado, para elaboração de estudos visando aperfeiçoar o trabalho dos institutos de pesquisas. Institutos de pesquisa erraram muito além da margem de erro esperada. Esses números incorretos estimularam sim o voto útil. Essa instituição que eu tô sugerindo teria um conselho cujos diretores obedeceriam a um mandato fixo, sendo indicados entre autoridades reconhecidas do mundo acadêmico e no mundo profissional das pesquisas. Também foram ouvidos na audiência pública o sociólogo e especialista em pesquisas Fábio Gomes e o diretor-executivo da AtlasIntel, Andrei Roman. Da Rádio Senado, Janaína Araújo.

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