Ex-ministro Nelson Teich diz à CPI da Pandemia que posição contrária à cloroquina o fez deixar o governo — Rádio Senado
Depoimento

Ex-ministro Nelson Teich diz à CPI da Pandemia que posição contrária à cloroquina o fez deixar o governo

O ex-ministro da Saúde Nelson Teich disse que deixou o governo por falta de autonomia e por divergências com o presidente Jair Bolsonaro sobre a cloroquina, isolamento social e uso de máscaras. O senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE) destacou declarações do ex-ministro de que o SUS não conseguiria atender à pressão da pandemia da noite para o dia. Já o senador Rogério Carvalho (PT-SE) defendeu a responsabilização do presidente da República pela tese da imunidade de rebanho.  

05/05/2021, 19h00 - ATUALIZADO EM 05/05/2021, 19h23
Duração de áudio: 03:37
Edilson Rodrigues/Agência Senado

Transcrição
LOC: EX-MINISTRO DA SAÚDE, NELSON TEICH, CITOU FALTA DE AUTONOMIA E POSIÇÃO CONTRÁRIA À CLOROQUINA PARA DEIXAR O GOVERNO. LOC: GOVERNISTAS RESPONSABILIZAM FALHAS NO SUS PELO AGRAVAMENTO DA PANDEMIA E DESTACAM COMPRA DE VACINAS. REPÓRTER HÉRICA CHRISTIAN TÉC: Ao substituir Luiz Henrique Mandetta no Ministério da Saúde em abril do ano passado, Nelson Teich permaneceu no cargo por apenas 29 dias. Em depoimento à CPI da Pandemia, Teich evitou responder a perguntas que responsabilizassem o governo alegando não ter dados ou não se lembrar de fatos. Mas confirmou que deixou o Ministério da Saúde por falta de autonomia e liderança e divergências com o presidente Jair Bolsonaro sobre a cloroquina, além do uso de máscaras e do isolamento social. (Teich) No final eu percebi ao longo daquele período, e não precisava de um período longo para perceber isso, que não teria autonomia necessária para conduzir como acreditava que fosse a forma mais correta. O pedido específico foi pelo desejo de ampliação do uso da cloroquina. Esse foi um problema pontual, mas isso refletia uma falta de autonomia e liderança. REP: Nelson Teich disse que planejava um programa de isolamento para segurar a contaminação usando a testagem e o rastreamento. E considerou um erro o governo não ter garantido a compra de vacinas ainda no passado ao destacar que a covid-19 só pode ser tratada com imunização. O senador Fernando Bezerra Coelho, do MDB de Pernambuco, ressaltou respostas do ex-ministro para rebater a tentativa da oposição de responsabilizar Bolsonaro pelo agravamento da pandemia. (Bezerra) O sistema de saúde pública do Brasil não estava preparado para este desafio da pandemia, para uma maior integração, para um planejamento centralizado. Ele disse que não se prepara o país da noite para o dia para um enfrentamento da pandemia. Isso é verdade, absolutamente verdade. Porque em alguns momentos, alguns membros aqui desta Comissão tentaram de certa forma forçar uma narrativa de que o presidente Bolsonaro por não estar atento às recomendações ao distanciamento social, em relação ao tratamento precoce, que ele poderia ter perseguido a imunidade de rebanho. REP: O senador Rogério Carvalho, do PT de Sergipe, destacou a tese da imunidade de rebanho defendida pelo presidente Bolsonaro para responsabilizá-lo pelas mais de 400 mil mortes. Segundo o petista, ainda hoje o governo avalia que um número elevado de contaminados resultará na imunidade da população sem a necessidade de vacinas. (Rogério) Nós temos um flagrante delito, ou seja, um delito continuado do presidente da República porque ainda hoje ele declara que vai fazer um decreto para acabar com as restrições impostas por prefeitos e governadores impedindo que aquilo que se mostrou mais eficaz, que é o isolamento social, deixe de acontecer. REP: Nelson Teich confirmou que o então secretário-executivo, Eduardo Pazuello, foi uma indicação do presidente da República e que caberia ao general a logística da distribuição de insumos. Mas negou pressão de Bolsonaro ou de outros ministros para adotar o tratamento precoce até porque disse que não recomendaria o uso de remédios sem eficácia e com efeitos colaterais. Teich negou a falta de recursos embora não tenha se reunido com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para tratar da pandemia. Da Rádio Senado, Hérica Christian.

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