Pacheco discute crise humanitária com governador de Roraima e senadores

Da Agência Senado | 07/02/2023, 18h59

O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, recebeu nesta terça-feira 7 o governador de Roraima, Antonio Denarium, e os senadores Mecias de Jesus (Republicanos-RR), Chico Rodrigues (PSB-RR) e Dr. Hiran (PP-RR) para discutir uma ajuda para a retirada dos garimpeiros que se encontram ilegalmente em áreas de povos indígenas. A bancada roraimense também debateu com Pacheco a criação de uma comissão externa para acompanhar a crise humanitária dos povos ianomâmis.

"É de extrema importância, com a participação efetiva do Senado, que consigamos identificar formas de transformar esse cenário desolador e assegurar que a população indígena tenha acesso à saúde, educação e a garantia da inviolabilidade de suas terras e das suas tradições", comentou Pacheco em postagem no Twitter após a reunião.

Na saída do encontro, Denarium declarou à imprensa a intenção de criar programas para atendimento social e busca de empregos para garimpeiros (e suas famílias) que forem retirados de áreas indígenas

É uma série de ações propostas para solucionar o problema dos garimpeiros em áreas de indígenas. Tem que preservar os indígenas com saúde melhor, com educação de boa qualidade e dar condição para que eles mantenham a sua cultura e as suas tradições — resumiu o governador.

Segundo Mecias, a comissão, que seria formada pelos três senadores de Roraima, teria o acompanhamento de representantes Procuradoria-Geral da República e dos ministérios da Defesa, da Justiça e dos Direitos Humanos.

A gente quer que tudo isso aconteça de forma pacífica, respeitando todos os direitos e, logicamente, o direito que sempre defendemos, dos nossos povos indígenas — explicou o parlamentar.

Chico Rodrigues disse que a retirada dos garimpeiros é uma ação de caráter humanitário, que precisa de uma logística bem coordenada pelo governo federal para se evitar uma tragédia, já que há muitos idosos, mulheres e crianças entre eles. O senador condenou quem identifica os garimpeiros como criminosos e disse que os financiadores do garimpo não estão na região. 

— Os que estão lá, na sua grande maioria, são trabalhadores brasileiros tangidos pela necessidade de sustentar suas famílias — afirmou.

Segundo o senador Dr. Hiran, existem entre 15 e 20 mil pessoas trabalhando no garimpo, e é preciso cuidar para não aumentar a "crise humanitária sem precedentes" em Roraima:

Há 115 mil venezuelanos, mais os indígenas que saíram de suas comunidades e perambulam por nossas cidades, e agora os garimpeiros que estão saindo das áreas indígenas e vão ficar sem nenhuma oportunidade. Isso é muito doloroso.

O senador Weverton (PDT-MA) também comentou a questão, classificando o auxílio para os garimpeiros como "possível e necessário" diante de uma questão humanitária que envolve famílias que se submeteram à atividade ilegal e não têm mais condição de voltar para casa. Ele acredita que nesta quarta-feira (8) será aprovada a criação da comissão externa.

Os donos desses garimpos, que cometeram crimes lá dentro, nem mais lá estão. Quem está preso lá são pessoas humildes. É uma necessidade urgente do Estado brasileiro, alertou Weverton.

As terras ianomâmis se encontram em estado de emergência em saúde pública. Nesta terça-feira a Força Aérea Brasileira anunciou que reabrirá parcialmente o espaço aéreo sobre as terras ianomâmis em Roraima para permitir, até 13 de fevereiro, a retirada espontânea dos garimpeiros da região.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)