Conectividade nas escolas: debatedores apontam má distribuição de verbas

Da Agência Senado | 08/08/2022, 13h25

Convidados dSubcomissão Temporária para Acompanhamento da Educação na Pandemia defenderam em audiência pública nesta segunda-feira (8) uma divisão igualitária de recursos entre escolas de grandes centros e as localizadas áreas rurais, ribeirinhas, indígenas e quilombolas. Sob o comando do senador Flávio Arns (Podemos-PR), o colegiado debateu meios para garantir a estudantes e professores da rede pública o acesso a dispositivos com conexão à internet de alta velocidade. 

A coordenadora de produção de conhecimento do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais (Ceipe), Ariana Britto, apresentou dados do Censo Escolar de 2021 segundo o qual 23% das escolas não têm acesso a internet e 58% não têm wi-fi. E também sete a cada 10 estudantes do primeiro ao quinto ano não têm acesso à rede mundial de computadores, a maioria em escolas distantes das sedes dos municípios. 

— Todos os atores das redes educacionais, gestores, professores e alunos, precisam compartilhar o potencial pedagógico dessas tecnologias. Além disso, temos que formar profissionais de forma continuada. Sim, temos que pensar formações, competências e habilidades principalmente pra quem está dentro da sala de aula. E temos professores nos níveis mais distintos de conhecimento digital — esclareceu. 

Segundo a pesquisadora em Equidade na Educação e doutoranda, Yasmim Melo, o problema de conectividade é muito mais forte no Norte e Nordeste do país, que têm mais escolas em zonas rurais e distantes dos centros urbanos.

— Dados do censo escolar mostram ainda enormes disparidades entre escolas. Além disso os programas educacionais de conectividade ainda focam muito as unidades de ensino urbanas — acrescentou. 

Consequências da pandemia

Já o diretor de pesquisa e avaliação do Cenpec, Romualdo Portela de Oliveira, lembrou que a pandemia trouxe três consequências graves à educação brasileira: aumentou a exclusão escolar; deixou o acesso à escola mais precário e trouxe a necessidade de adoção do sistema remoto, inviável em muitas escolas que não contam com internet com a mínima qualidade. 

— Tivemos prejuízos inegáveis no aprendizado e ainda não tivemos condições de mensurar isso.  Teremos um desafio grande nos próximos anos pois não é possível pensar que vamos recuperar as perdas com a pandemia num semestre ou em um ano — alertou. 

Medidas urgentes

Ao abrir a audiência desta segunda-feira, Flávio Arns informou que nas audiências públicas já realizadas pela subcomissão, senadores e convidados apontaram seis eixos temáticos relacionados a medidas que precisam ser tomadas em função da pandemia: acesso dos alunos às escolas, permanência dos estudantes nas salas de aula, infraestrutura, valorização do profissional da educação, recomposição da aprendizagem e conectividade. 

 Está muito claro os caminhos que devem ser percorridos depois que fizermos essas audiências públicas com a participação de especialistas  afirmou o senador, que disse ainda esperar para outubro a elaboração do relatório final da subcomissão. 

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)