Senadores protestam contra defesa de partido nazista feita por influenciador digital

Da Agência Senado | 08/02/2022, 22h01 - ATUALIZADO EM 09/02/2022, 22h00

As declarações sobre a criação de um partido nazista feitas pelo influenciador digital Bruno Monteiro Aiub, conhecido como Monark, repercutiram negativamente entre os senadores. Eles foram às redes sociais repudiar as falas feitas num podcast nesta terça-feira (8). 

Davi Alcolumbre (DEM-AP), que é judeu, foi um dos que se manifestaram. Ele divulgou uma nota oficial, classificando o ato de "repugnante e criminoso". 

"Durante a transmissão do Flow Podcast, o apresentador Bruno Aiub, conhecido como Monark, defendeu a criação de um partido nazista no Brasil. Defender o nazismo não é liberdade de expressão. Defender um regime que assassinou seis milhões de judeus inocentes só por serem judeus, no maior genocídio da história, é um acinte repugnante e criminoso", disse. 

Segundo o senador, em tempos de pós-verdade, não faltam disseminadores do discurso de ódio buscando o revisionismo histórico e a negação do genocídio judeu. Para ele, a divulgação de mentiras é uma ameaça permanente. Não só à comunidade judaica, mas a todas as minorias no mundo.

"O estado nazista criou campos de extermínio, dedicados única e exclusivamente a executar inocentes. Tudo isso me marca de maneira profunda, dada as minhas raízes judaicas. A religião reforça meu elo com as vítimas dessas atrocidades, fazendo com que eu me solidarize e padeça duplamente, como ser humano e como judeu. Este é um país construído sobre o respeito à diversidade e o acolhimento ao diferente. Que nós sejamos capazes de manter viva a memória de um passado tão cheio de dor para jamais termos de testemunhar um holocausto novamente", disse o parlamentar na nota. 

Constituição

O senador Jaques Wagner (PT-BA) considerou "deplorável" a declaração do apresentador Monark. O senador também destacou que a TV Jovem Pan demitiu o comentarista Adrilles Jorge por fazer um gesto que foi identificado como uma saudação nazista durante a edição de quarta-feira (9) do programa Opinião.

"O funcionamento de um partido cuja a base é a criação de uma raça pura, e foi responsável pela morte de milhões, não só de judeus, pois sou judeu, assim como de testemunhas de Jeová, ciganos, e homossexuais, durante o regime nazista que vingou na Europa, é lamentável", disse Wagner, que pediu a realização de sessão temática para lembrar as vítimas do Holocausto, que será realizada nesta quinta-feira (10h), a partir das 9h.

A senadora Leila Barros (Cidadania-DF) disse no Twitter que defender um partido nazista fere não só a comunidade judaica, mas a Constituição. Ela lembrou os limites da liberdade de expressão.

"Destilar preconceito, intolerância e desprezo pelas vidas é crime. A liberdade de expressão não pode ser usada como permissão para propagar discursos de ódio", afirmou. 

Já o senador Styvenson Valentin (Podemos-RN) classificou a atitude de Monark de abominável. Para ele, ou são pessoas ignorantes, que desconhecem a história, ou conhecem e se identificam com as ideias nazistas, o que é muito grave. 

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) também se revoltou com o ocorrido. Para ela, é repugnante usar a liberdade de expressão como pretexto para apologia a crimes abjetos como o nazismo. 

"Nazismo é genocídio; não é liberdade de expressão. Qualquer liberdade precisa estar condicionada ao respeito ao próximo, ao direito à coletividade", escreveu.

Os senadores Fabiano Contarato (PT-ES) e Alessandro Vieira (Cidadania-SE) também protestaram. Para eles, discurso de ódio não se confunde com liberdade de expressão e as liberdades democráticas não podem ser usadas para defender "ideologias nefastas". 

"Discurso de ódio não é opinião; além de uma desumanidade acintosa, é crime previsto no artigo 20 da Lei 7.716/1989", acrescentou Contarato. 

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)