Pesquisas apontam que milhares de mortes por covid poderiam ter sido evitadas no Brasil

Da Redação | 24/06/2021, 14h52

Em seus depoimentos à CPI da Pandemia, nesta quinta-feira (24), Jurema Werneck, diretora-executiva da Anistia Internacional Brasil e representante do Movimento Alerta, e o epidemiologista Pedro Hallal, da Universidade Federal de Pelotas (RS), apresentaram números sobre a pandemia de covid-19 no Brasil a partir de suas pesquisas que dão um retrato da resposta do país desde março de 2020, quando foi registrada a primeira morte pelo coronavírus.

GRUPO ALERTA
—Jurema Werneck

  • A pandemia provocou, em um ano (março de 2020 a março de 2021), 305 mil mortes acima do esperado no Brasil. Essas mortes ocorreram direta ou indiretamente por covid-19 (99% de confiança).
  • Se medidas eficientes de distanciamento social e controle tivessem sido adotadas, haveria uma redução de 40% no potencial de transmissão do vírus.
  • Com política efetiva de controle baseada em ações não farmacológicas (uso de máscara, álcool em gel, distanciamento e isolamento, entre outros) 120 mil vidas poderiam ter sido poupadas no primeiro ano da pandemia no Brasil.
  • Menos de 14% da população brasileira fez testes de diagnóstico para a covid-19 até novembro de 2020. Pessoas com renda maior do que quatro salários mínimos consumiram quatro vezes mais testes do que pessoas que receberam menos de meio salário mínimo.
  • Desigualdades estruturais tiveram influência sobre as altas taxas de mortalidade, atingindo principalmente negros e indígenas, pessoas com baixa renda e baixa escolaridade.
  • 20.642 pessoas morreram em unidades de atendimento pré-hospitalares, sendo 20.205 em unidades públicas.

ESTUDO EPICOVID
—Pedro Hallal

  • Brasil tem 2,7% da população mundial e concentra quase 13% das mortes no mundo. Nessa quinta-feira (23), 33% das mortes mundiais por covid-19 aconteceram no Brasil.
  • 4 de cada 5 mortes teriam sido evitadas se o Brasil estivesse na média mundial de óbitos pela covid-19, ou seja, 400 mil mortes não teriam ocorrido. No país, 2.345 pessoas morreram pelo coronavírus para cada um milhão de habitantes; média mundial é de 494 pessoas.
  • Em março de 2020 havia seis vezes mais casos de contaminados por covid-19 que números oficiais. Hoje, seriam de 3 a 4 vezes mais que as estatísticas oficiais.
  • Em comparação com os dez países com maior população, o Brasil tem o pior resultado de mortes por milhão de habitantes, assim como na comparação dos países que compõem o Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul).
  • Na América do Sul, Brasil é o segundo país com mais mortalidade de covid-19 por milhão de pessoas, atrás do Peru.
  • Em todas as fases do Epicovid, estudo realizado em 133 cidades, os mais pobres tiveram o dobro de risco de infecção na comparação com pessoas mais ricas.
  • Na terceira fase (21 a 24 de junho), 7,8% dos indígenas tiveram contato com o coronavírus, contra 1,7% dos brancos, 4,5% dos pardos, 3,6% dos negros e 3,6% dos amarelos.
  • Com relação à vacinação, o Brasil é o  em número absoluto em doses aplicadas, o 78º país que mais vacinou com uma dose e o 85º com a população imunizada.
  • A demora em compras de vacinas anticovid teria causado entre 95,5 mil e 145 mil mortes.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)