Kajuru abre mão da candidatura à Presidência do Senado e faz críticas a Davi

Da Redação | 01/02/2021, 17h17

Em pronunciamento nesta segunda-feira (1º), o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) abriu mão de sua candidatura à Presidência do Senado em favor da senadora Simone Tebet (MDB-MS), que concorre como candidata avulsa ao mesmo cargo. Em sua fala, Kajuru criticou o senador Davi Alcolumbre e disse que o atual presidente do Senado frustrou todas as expectativas de mudanças dos seus pares, que o elegeram para o comando da Casa, há dois anos. 

Em ordem alfabética, Jorge Kajuru foi o primeiro dos candidatos a presidente do Senado a falar por 15 minutos durante a sessão para eleição da Mesa Diretora que irá comandar a Casa no biênio 2021-2023. O cargo também é disputado pelos senadores Lasier Martins (Podemos-RS), Major Olimpio (PSL-SP) e Rodrigo Pacheco (DEM-MG). Anteriormente, Kajuru já havia adiantado que iria apoiar a candidatura de Simone Tebet. À época, ele explicou que seu nome foi lançado como forma de “marcar posição” em pronunciamento a ser feito no dia da eleição da Mesa como protesto à atual Presidência do Senado.

Nesta segunda, Jorge Kajuru disse que Davi Alcolumbre não deveria pedir a “proteção de Deus” na abertura da sessão plenária, como estabelece o Regimento Interno do Senado, “mas pedir perdão a Deus por ter iniciado um mandato em que tudo o que ele prometeu não cumpriu, tudo, e fecha um mandato de forma tão melancólica que muita gente no Brasil diz ter saudades do [senador] Renan Calheiros, do tempo das capitanias hereditárias”.

Jorge Kajuru disse que Davi Alcolumbre chegou à Presidência do Senado com a confiança dos demais senadores, “ e em especial que não trocaria a palavra independência por subserviência”.

— E o que o senhor foi nesses dois anos, me desculpe a sinceridade, foi literalmente ser um office boy do presidente Jair Bolsonaro. E eu imagino que o candidato de Davi vai ser boy de luxo, não será independente e será também subserviente. O senhor não teve coragem, nas entrevistas e nas declarações, de falar o que a nação brasileira espera de um presidente do Senado, e esperou nesses dois anos, como a [abertura] de CPIs, pedidos de impeachment e projetos corajosos, todos engavetados — afirmou Kajuru a Davi.

O senador por Goiás disse que Davi Alvolumbre o fez lembrar de Geraldo Brindeiro, ex-procurador-geral da República e “o maior engavetador de projetos do governo Fernando Henrique Cardoso”. Kajuru criticou o arquivamento da chamada CPI da Lava Toga e disse que Davi Alcolumbre foi responsável por deixar de lado projetos ousados como o fim da reeleição no Executivo e a taxação de grandes fortunas.

— Não é verdade que durante a pandemia esta Casa só discutiu saúde. Não. Ela discutiu projeto de quem tinha interesse literalmente, e projetos que peitaram a pauta — afirmou.

Jorge Kajuru afirmou ainda que não culpava apenas o MDB pela súbita retirada de apoio do partido à candidatura de Simone Tebet.

— Eu culpo o senhor, que ofereceu ao MDB a vice-presidência dessa Casa e aconteceu algo que me fez chorar por várias noites. Uma mulher honrada de história nessa Casa, trabalhando, ela acreditava em pelo menos 14 votos do MDB, e ela evidentemente sofreu com isso. Como eu poderia manter aqui a minha candidatura atrás de votos, e não ser solidário a ela, retirando a minha candidatura, oferecendo o meu voto a ela de coração, lealdade, respeito por ela, pela história, pelo que ela passou. O que se fez com a Simone Tebet não tem cabimento. Quantos milhões o senhor enviou ao seu estado e quantos milhões foram realmente espalhados nessa campanha. O senador Tasso Jereissati declarou que foi uma cooptação escancarada. O senador Renan Calheiros disse que o partido dele chegou a um fim melancólico — afirmou.

Em sua fala, Jorge Kajuru citou ainda o jornal O Estado de S. Paulo que apontou a distribuição de dinheiro para interferir na escolha dos dirigentes das duas Casas do Congresso Nacional.

— Trinta e cinco senadores negociaram e 241 deputados negociaram. Eu não falei com nenhum candidato, nenhum candidato teve coragem de ligar para mim pedindo voto. Então por que todo mundo é colocado na mesma vala? E isso tem culpa do senhor, Davi. Foi o senhor que escolheu seus candidatos, e foi fazendo essas propostas desde o começo, quando sentiu que ia perder [a possibilidade de reeleição] no Supremo Tribunal Federal. Começou a convencer cada um dos senadores de um jeito, porque que teve jeito, teve. Com todo mundo, não existe a regra de que o almoço foi de graça — afirmou.

Ao concluir sua fala, Kajuru disse que a imagem do Senado não melhorou diante da população.

— Tende-se a trocar seis por meia dúzia, não vai mudar absolutamente nada. Peço desculpa a Simone Tebet por essa covardia. Davi Alcolumbre saiu muito menor [da Presidência do Senado]. Ele, que já perdeu a eleição lá no Amapá. É perigoso que não ganhe eleição nem para síndico, apesar dos milhões que mandou para o Amapá. A minha candidatura é de Simone Tebet, o meu voto é para esse Senado mudar de verdade. Sei que não vou ter mais a amizade dele, do Davi Alcolumbre. Me lixei — concluiu Kajuru.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)