Senado lança livro sobre o ex-senador Vasconcelos Torres pelo seu centenário

Da Redação | 08/12/2020, 18h52

O Senado vai lançar, nesta quarta-feira (9), a biografia Vasconcelos Torres — O senador do povo e os desafios de seu tempo, livro que resgata a memória de Vasconcelos Torres, que completaria 100 anos em 2020. João Batista de Vasconcelos Torres cumpriu dois mandatos no Senado.

O cenário politico conturbado no Brasil durante a década de 1960, quando foi instaurado o regime militar, pode ter restringido as deliberações do Congresso Nacional, mas não impediu a atuação destacada de alguns parlamentares, entre eles, o fluminense João Batista de Vasconcelos Torres, o Vasconça, ou o "Senador do Povo".  

Em meio às transformações sociais e políticas da época, o representante do Rio de Janeiro já se preocupava com fenômenos e problemas que só despertariam atenção da opinião pública mais fortemente tempos depois, como a defesa da Amazônia, a ocupação da Antártica, o êxodo rural e a necessidade de se fixar o homem no campo. 

Para o lançamento do livro, dia 9 de dezembro, às 10h, será realizado debate on-line com a autora, professora e pesquisadora Andréa Telo da Corte; e os jornalistas Ronaldo Martins e Maurício Melo Júnior e vai contar com depoimentos de personalidades ligadas ao ex-senador. O evento de lançamento terá transmissão ao vivo realizada simultaneamente pela TV Senado e pelo canal da TV no YouTube.

De questões locais a temas nacionais

Nascido em Campos dos Goytacazes em 2 de abril de 1920, Vasconcelos Torres iniciou a vida pública como líder estudantil na faculdade de Direito no Rio de Janeiro. Depois de exercer os mandatos de deputado estadual e deputado federal, chegou ao Senado Federal em 1963, pelo PTB. Exerceu dois mandatos, ficando na Casa até 1978, quando encerrou seu mandato pela Arena.

Agindo em diversas frentes, conciliou questões locais como as reivindicações de seus eleitores por bolsas de estudos, internações ou empregos, além das solicitações de movimentos sindicais e de prefeitos; aos grandes temas do desenvolvimento regional do estado, como a agroindústria do açúcar, o êxodo rural, e a industrialização da Baixada Fluminense; e, ainda, às questões nacionais como a indústria automobilística, o petróleo, e a soberania do país. 

Sua trajetória política remonta a 1947, quando foi eleito deputado para a Assembleia Constituinte fluminense, logo após o fim do Estado Novo, e se estende até  1978, quando expirou seu mandato no Senado Federal.

Apesar de eleito senador pelo PTB em 1962, com grande votação, suas pretensões políticas de governar o Rio de Janeiro, foram sepultadas com o golpe de 1964, e logo depois pela instituição de eleições indiretas nacionais, estaduais e municipais, quando surgiram os chamados governadores biônicos, pelo AI-3 em 1966. Vasconcelos não seria governador se não fosse pelo voto popular e, em 1978, recusou-se a concorrer ao Senado como indicado pelo governo, para não ser um senador biônico. 

Memória

Para a autora Andréa Telo da Corte, celebrar a memória do parlamentar não é só um resgate da história, mas uma forma de mostrar as gerações atuais e futuras a importância da política como instrumento de transformação social. 

"Morto em 1982, a poucos dias do primeiro pleito direto para governador, após o fim da ditadura que teve início em 1964, Vasconcelos Torres deixou consagrada no imaginário sociopolítico da época um tipo próprio. O farto bigode, o charuto na boca, os pés espalhados e a indefectível Polaroid, com a qual se deixava fotografar junto a seus eleitores, oferecendo a fotografia emoldurada como recordação. A forma como fazia política e a sensibilidade com a qual apreendia o mundo a seu redor, assim como o humor e a ironia que empregava em suas frases de efeito, destacaram-no no mundo político. Entrecortado por conjunturas difíceis, atravessou com fidalguia, cruzando, inclusive, fronteiras partidárias", escreveu a historiadora.

Livros

Paralelo ao seu trabalho no Legislativo, Vasconcelos Torres escreveu livros. Alguns foram compilações de discursos precedidos de prefácios da posição política do autor; outros foram ensaios de sociologia, escritos na sua juventude. E há ainda obras tratando de temas relevantes da economia fluminense e nacional como Condições de Vida do Trabalhador da Agroindústria do Açúcar, de 1945; A Mobilidade Rural Brasileira, de 1950; e Uma Face do Problema Agrário Fluminense, de 1951. 

Esta biografia a ser lançada agora pelo Senado é composta de três partes e uma conclusão: a primeira traça a trajetória do parlamentar. A segunda reproduz alguns dos seus discursos mais importantes. A terceira apresenta sua produção parlamentar por intermédio de seus projetos aprovados. No decorrer das 275 páginas do livro, estão ainda um vasto material fotográfico dos acervos profissional e familiar do político.

Inspiração

Para o presidente do Senado Federal, Davi Alcolumbre (DEM-AP), o exemplo de Vasconcelos Torres, que pioneiramente defendeu a preservação da Floresta Amazônica, serve “de inspiração para nossas lutas políticas presentes”.

"Foram dezesseis anos no Senado, de 1962 a 1978, convertidos em uma produção legislativa extraordinária (2.260 proposições e projetos apresentados), que traduziu suas principais preocupações: o desenvolvimento regional do estado do Rio de Janeiro, a agroindústria do açúcar, o êxodo rural, a indústria automobilística, o petróleo, a educação e a soberania do país. Seus discursos em Plenário reforçavam tais preocupações, e, de forma pioneira, ele chegou a tratar de questões ambientais e da proteção da Amazônia", escreveu Alcolumbre na apresentação da obra.

Leituras Especial Vasconcelos Torres

Quarta-feira, 9/12, às 10h.

TV Senado e no canal da TV no Youtube (Youtube.com/tvsenado)

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)