No mês do doador de sangue, senadores destacam importância da doação

Da Redação | 12/06/2020, 11h54

Neste 14 de junho é comemorado o Dia Mundial do Doador de Sangue. A data homenageia os doadores e conscientiza outras pessoas sobre a importância da ação. Em tempos de pandemia, essa data ganha ainda mais importância — já que os bancos de sangue do país tiveram em média uma queda de 30% nas doações. No Senado, os parlamentares têm se mobilizado para incentivar e informar sobre a necessidade da doação de sangue.

O senador Irajá (PSD-TO) observa que a doação de sangue é essencial para a manutenção da saúde pública. Com isso, ele diz que o Dia do Doador deve ser lembrado e que os cidadãos devem ser estimulados a doar. E o mês de junho é uma oportunidade para isso.

— O mês de junho, infelizmente, é quando as pessoas menos procuram os bancos de sangue para fazer as doações. Aproveitem está oportunidade e vamos cumprir com o nosso papel como cidadão. Vamos ajudar as pessoas que mais precisam da nossa ajuda. Doem sangue. Doe vida — solicitou.

O senador é autor de um projeto que estabelece o direito a atendimento prioritário para doadores de sangue e medula óssea. O Projeto de Lei (PL) 1.855/2020 situa doadores de sangue e de medula óssea entre os cidadãos com direito a atendimento prioritário nas filas em repartições públicas, bancos, rodoviárias, hospitais, correios, entre outros locais, assim como já acontece com idosos e gestantes, por exemplo. O projeto resultou de uma sugestão enviada por um morador de Gurupi (TO), o consultor de vendas Danillo Pereira Borges.

"Ato de amor"

Mesma opinião tem o senador Fabiano Contarato (Rede-ES), para quem esses incentivos podem ser um meio para conscientizar as pessoas a manter os estoques de sangue em níveis seguros. Ele é autor do PL 1.322/2019 que concede aos doadores regulares de sangue o direito à meia-entrada em eventos artístico-culturais e esportivos. A proposta, já aprovada no Senado, está em análise na Câmara dos Deputados.

Contarato encaminhou ainda um ofício ao Ministério da Saúde sugerindo a criação de política pública nacional de coleta de sangue itinerante. Para ele, a medida pode fazer com que os bancos de sangue de todo país sejam recompostos de forma rápida. O senador ressalta que, em meio à pandemia da covid-19, muitos doadores deixaram de ir aos hemocentros fazer a doação.

— Doar sangue é um ato de amor, é ser cidadão e solidário. Historicamente, o estado não tem conseguido educar seus cidadãos com a cultura de doação de sangue. Uma única doação pode salvar até quatro vidas. Esse é um gesto indolor e muito simples. Nessa data, faço um apelo, procure a unidade mais próxima da sua residência. Apoie. Faça a sua parte — disse.

Campanhas e doações

Diante da necessidade de manter os estoques de sangue, o Ministério da Saúde orienta que as doações de sangue devem continuar acontecendo mesmo com a pandemia. Afirma ainda que a doação de sangue é segura, não havendo riscos para quem doa.

No mês de março, com a pandemia de coronavírus, mais da metade dos estados registraram quedas nas arrecadações feitas por hemocentros. Na cidade do Rio de Janeiro, por exemplo, as doações de sangue caíram mais de 50% por causa do coronavírus. Já na capital do país, a Fundação Hemocentro de Brasília observou queda na coleta a partir do início do isolamento social, mas conseguiram se restabelecer.

O diretor-presidente do Hemocentro, Osnei Okumoto, declarou que, mesmo em meio a pandemia, os doadores de sangue do DF e do Entorno mantiveram o propósito de salvar vidas. Ele apresentou dados de que, desde o início da pandemia da covid-19, a coleta em Brasília alcançou pouco mais de 9.900 bolsas de sangue. No primeiro bimestre de 2020, a média de doações foi de 155 bolsas por dia. Após a pandemia, o índice é de 150 coletas diárias.

— Apesar dessa diminuição nas coletas, o fluxo de doadores tem sido constante todos os dias, o que vem mantendo nossos estoques seguros. A população do Distrito Federal e do entorno reconhece a importância de doar sangue regularmente para salvar vidas — observou.

Para incentivar a doação de sangue, o Hemocentro de Brasília vai celebrar o Dia do Doador de Sangue com uma campanha, em suas redes sociais, de agradecimento aos doadores e apoiadores que não deixaram de fazer o bem nesse período. Okumoto afirma que as doações precisam continuar regulares para que as reservas não fiquem comprometidas. Por isso, a campanha também vai lembrar ao público a importância de ser um doador frequente e solicitar o apoio de pessoas e entidades que incentivaram o gesto solidário mobilizando voluntários ou doando serviços e materiais.

O Hemocentro da Unicamp, em Campinas-SP, responsável pelo abastecimento de 41 cidades da região, também iniciou a campanha Junho Vermelho para estimular a doação de sangue. A campanha, cujo início se deu com coleta de sangue e iluminação do prédio em vermelho da Escola Preparatória de Cadetes do Exército (Expcex), será levada às redes sociais, televisão, rádio e com iluminação de patrimônios públicos na cor vermelha.

Doação sem aglomeração

O senador Romário (Podemos-RJ), presidente da Comissão de Assuntos Sociais (CAS), também quer estimular as doações durante a pandemia. Ele pede para que os grupos de igreja, de militares e torcidas organizadas se mobilizem para que, em pequenos grupos, doem sangue aos hemocentros.

 — Peço para que quem já doava com frequência, continue doando. Existe a possibilidade de doação por agendamento, para evitar aglomeração. É possível também fazer coletas itinerante, que podem ser solicitadas pela administração de condomínios, por exemplo — destacou.

Medidas de segurança

O Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) atualizaram os critérios para triagem dos candidatos à doação de sangue durante o período de pandemia. De acordo com as recomendações, as pessoas que tiveram infecção pelo coronavírus não poderão doar sangue por um período de no mínimo 30 dias após a recuperação completa da doença.

Para os candidatos que tiveram contato, nos últimos 30 dias, com pessoa com diagnóstico da covid-19, o período de inaptidão será de 14 dias após o último contato. Os candidatos que viajaram também serão considerados inaptos para a doação por 14 dias após a chegada da viagem, mesmo período para os que estiverem cumprindo isolamento voluntário ou indicado por equipe médica, devido a sintomas de possível infecção pelo coronavírus, caso não apresentem sintomas. O candidato deverá ainda agendar a doção, medida para evitar aglomeração.

Durante a coleta de sangue, os profissionais dos serviços de hemoterapia deverão estar atentos às medidas de higiene para prevenir contaminação pelo coronavírus, como lavagem das mãos e uso de produtos antissépticos. O cuidado com a higienização das áreas, instrumentos e superfícies deve ser intensificado por esses serviços, além de garantir o distanciamento seguro entre os doadores durante a coleta — mínimo de dois metros de distância. 

Condições básicas para doação de sangue

Ter entre 16 e 69 anos de idade (menor de 18 anos deve apresentar o formulário de autorização)

Pesar mais de 51 quilos e ter índice de massa corpórea (IMC) maior ou igual a 18,5

Apresentar documento de identificação oficial com foto

Dormir pelo menos seis horas na noite anterior à doação

Não ingerir bebida alcoólica nas 12 horas anteriores à doação

Não fumar duas horas antes da doação

Evitar alimentos gordurosos por menos três horas antes da doação

Estar bem alimentado e hidratado

Mulheres podem doar até três vezes ao ano, com intervalo de 90 dias. Já os homens podem doar quatro vezes, com intervalo mínimo de 60 dias entre as doações

Doações por homossexuais

Até maio deste ano, era proibia a doação de sangue por homens que tivessem relação sexual com outros homens nos 12 meses anteriores à coleta. A restrição foi anulada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no início de maio. A maioria dos ministros consideraram inconstitucional a regra da Anvisa e do Ministério da Saúde.

Fabiano Contarato afirmou que a restrição se tratava de um preconceito disfarçado de ciência. Para ele, não existe mais espaço para preconceitos no país. “Venceram a solidariedade, a dignidade da pessoa humana e a verdadeira ciência, que é objetiva e não se funda em equivocados estereótipos sociais”, declarou.

Origem do Dia do Doador

O Dia Mundial do Doador de Sangue foi instituído pela Organização Mundial de Saúde (OMS), em 2004, com objetivo de aumentar a conscientização sobre a importância da doação de sangue e agradecer aos doadores pelo gesto que salva vidas. A expectativa da OMS é encorajar os governos dos diversos países a desenvolver um plano de atividades que possa assegurar a disponibilidade do sangue nos bancos. A data escolhida é a do nascimento de Karl Landsteiner (1868-1943), numa forma de homenagear o médico e cientista austríaco responsável pela classificação dos grupos sanguíneos.

De Maria Moura, sob supervisão de Paola Lima

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)