Humberto critica governo por “maquiar” números de mortes e casos da covid-19

Da Redação | 09/06/2020, 17h49

Em pronunciamento nesta terça-feira (9), o senador Humberto Costa (PT-PE) classificou de “impensável” a atitude do presidente da República, Jair Bolsonaro, que decidiu mudar a metodologia para a divulgação de dados de mortos e doentes vítimas da pandemia de covid-19. Segundo o senador, que é ex-ministro da Saúde, esse tipo de procedimento reflete a incapacidade do governo federal de unir a população para "vencermos juntos essa situação".

Para Humberto, ao propor esse pacto nacional, o governo do presidente Jair Bolsonaro optou por “maquiar” os números reais e não divulgar os dados corretos da epidemia causada pelo novo coronavírus, privando a população de ser informada corretamente com números precisos. O senador declarou, ainda, que com esse tipo de comportamento o governo pretende “vender uma imagem para a população de que tudo está bem”. Ele acrescentou que conduta semelhante só havia ocorrido antes no Brasil nos anos 1970, quando o governo militar tentou esconder a existência de uma epidemia de meningite, “proibindo, inclusive, a divulgação de notícias sobre o tema pela imprensa da época”.

— Essa atitude que o governo brasileiro está tomando neste momento desorienta, primeiro a população, que perde a dimensão da gravidade da situação, para poder assim se cuidar melhor. Segundo, desorienta os gestores de saúde dos estados e municípios, que ficam sem informações transparentes e fidedignas para poder planejar as ações de ampliação ou de redução do isolamento social, de realização de testes ou, mesmo, de aplicação do número de leitos hospitalares para atender à população. Além disso, desorienta o trabalho de enfrentamento da covid-19 no mundo inteiro, pois o Brasil, como tem muitos casos da doença, interfere na estatística internacional — afirmou.

Decisão do STF

Humberto Costa disse ainda, que a condução “irresponsável” adotada pelo governo federal no combate à covid-19 gerou um vexame internacional. Também gerou revolta em diversos setores do país, como entidades da sociedade civil organizada, de especialistas da área médica, de integrantes do Congresso Nacional, do Supremo Tribunal Federal (STF), do Tribunal de Contas da União (TCU), e da própria imprensa brasileira, além do Conselho Nacional de Secretários Estaduais de Saúde, que decidiram fazer contabilidades próprias e paralelas à divulgação dos dados “maquiados pelo Ministério da Saúde”.

— Felizmente, ontem (8,) o STF, por decisão do ministro Alexandre de Moraes, atendendo a um pedido do partido Rede Sustentabilidade, determinou ao governo federal que o Ministério da Saúde deve manter a mesma metodologia utilizada anteriormente, equiparada à metodologia mundial para divulgar o número de mortos e doentes pela covid-19 no Brasil — ressaltou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)