Adesão do Brasil a plano de paz pode trazer perdas, avalia Esperidião Amin

Rodrigo Baptista | 05/03/2020, 14h07

Durante a reunião da Comissão de Relações Exteriores (CRE) nesta quinta-feira (5), o chanceler Ernesto Araújo elogiou o plano de paz apresentado pelo governo dos Estados Unidos, em janeiro, para a solução do conflito entre Palestina e Israel. Mas o senador Esperidião Amin (PP-SC) ressaltou que apenas países como Barein, Emirados Árabes e Omã apoiaram a iniciativa e avaliou que o Brasil só tem a perder em se alinhar com os Estados Unidos nessa questão.

O senador ressaltou que o histórico papel mediador do Brasil constitui um importante ativo, inclusive comercial, e lembrou que outros países árabes rejeitam o plano.

Segundo Ernesto Araújo, o Itamaraty está tentando corrigir um “viés anti-Israel”.

— O Brasil era considerado um país neutro, um país bonzinho por todo mundo, um país que era um mediador. Surpreendeu-me muito em Israel a visão deles em relação ao Brasil, de que era um país que participava de um esquema de sistemática contestação de Israel, nos organismos internacionais principalmente — disse.

O chanceler afirmou que o Brasil é hoje um país que olha para o “lado”, mas para “frente” e para “cima”.

— Hoje o Brasil é um país que olha para frente, não é um país que olha para o lado. Tradicionalmente, uma das coisas não muito boas da nossa política externa de décadas recentes foi isto: nunca se mover sem antes olhar se a gente estava junto com outros e nunca se mover sem antes olhar se a gente está junto com outros, e sempre esperar a liderança de outros, sempre ir atrás, sempre ter que ir em grupo. Não, hoje nós olhamos para frente com as nossas ideias, e para cima — afirmou.

Questionado por Amin se olhar para cima seria olhar para os Estados Unidos, Araújo explicou:

— Eu pensei na dimensão espiritual. Não, nesse sentido, não, nós não estamos pensando no que fazem os Estado Unidos ou deixam de fazer os Estados Unidos, quando nós nos posicionamos — garantiu.

O senador disse ter ficado mais preocupado com a afirmação do chanceler.

— A gente sempre olha para o lado, porque a política manda olhar para o lado. Estar sozinho é achar que o batalhão está marchando errado e eu que sou o certo. Então, eu fiquei mais preocupado ainda, porque nenhum país ocidental tomou posição sequer parecida — disse Esperidião Amim.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)