Senado premia personalidades e instituições com Comenda Dorina Nowill

Da Redação | 03/12/2019, 17h47

No Dia Internacional das Pessoas com Deficiência, celebrado nesta terça-feira (3), o Senado promoveu sessão de premiação da Comenda Dorina de Gouvêa Nowill. A condecoração é destinada a personalidades que tenham oferecido contribuição relevante à defesa das pessoas com deficiência no Brasil.

Para a senadora Daniella Ribeiro (PP-PB), presidente do Conselho da Comenda, a homenagem representa um “justo reconhecimento dos esforços de tantas pessoas e instituições que hoje continuam trilhando o caminho aberto pela dedicação pioneira de Dorina e dão continuidade e ampliam sua luta pela inclusão e pelo bem-estar das pessoas com deficiência”.

— Os agraciados representam bem a variedade e a extensão da rede de apoio e de defesa dos direitos da pessoa com deficiência, que se estende de Norte a Sul do nosso país — afirmou Daniella.

Na cerimônia foram homenageadas quatro instituições: a Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação, o Hospital Santa Marcelina de Rondônia, o Instituto dos Cegos de Campina Grande e a Sociedade Professor Heitor Carrilho.

As personalidades que receberam a condecoração foram Izabel Maria Madeira de Loureiro Maior, Marcos Antônio Teixeira, Ricardo Tadeu Marques da Fonseca, Rosalina Lopes Franciscão, Sônia Regina Diamante Teixeira de Sousa e Ulisses de Araújo Batista.

Além deles, o senador Flávio Arns (Rede-PR) estendeu a homenagem a “tantas outras pessoas que lutam na busca para que as pessoas com deficiência tenham seus direitos respeitados, acesso à cidadania, oportunidades e chances dentro da sociedade”.

Primeiro juiz deficiente visual

Um dos agraciados, o desembargador do Tribunal Regional do Trabalho do Paraná Ricardo Tadeu, indicado pela senadora Mara Gabrilli (PSDB-SP), foi considerado merecedor da Comenda por ter dedicado sua vida à inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho.

Ricardo nasceu prematuro e como resultado disso sofreu paralisia cerebral e perda parcial da visão até os 23 anos, quando ficou completamente cego. Durante a sessão, Ricardo lembrou que foi impedido de concluir um concurso público em 1990 por causa da sua condição física.

Somente após muita luta em busca de adequações legais ele conseguiu se tornar o primeiro cego a ser nomeado juiz e membro do Ministério Público da história do Brasil. Segundo ele, a Fundação para o Livro dos Cegos, fundada por Dorina Nowill, foi essencial para o seu desenvolvimento pessoal e acadêmico.  

— Eu vivi a adolescência inteira ouvindo livros gravados pela Fundação Dorina Nowill, os quais me permitiram, inclusive, galgar os meus sonhos, cursar direito na Faculdade de Direito da USP, fazer mestrado, doutorado. Tudo isso é desdobramento do trabalho da querida Dorina Nowill, o que dá realmente para mim uma emoção muito especial também o fato de ter uma comenda com o nome na minha querida mestra — disse.

Dificuldades

No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 46 milhões de pessoas foram diagnosticadas com algum tipo de deficiência. A questão, porém, é ignorada pela sociedade, na opinião da senadora Zenaide Maia (Pros-RN).

Para ela, a inclusão está em atitudes simples como a de disponibilização de rampas de acesso, serviços de interpretação em libras, informações em braile em pontos de venda. Essas ações, no entanto, não são postas em prática por falta de sensibilidade social. Por isso, além de comemorar a luta de quem se doa pela causa, é preciso buscar soluções, afirmou a parlamentar.

— Eu queria dizer que esta comenda não é só para agraciar vocês, mas para dar visibilidade neste país de que é necessário, sim, haver uma política cada vez mais de inclusão — disse.

Conheça os homenageados de 2019:

  • Instituto dos Cegos de Campina Grande

O instituto é reconhecido pela escolarização e inclusão social de crianças, jovens e adultos com deficiência visual, por meio da leitura e escrita em braile, da aprendizagem musical ou mesmo da prática esportiva. 

  • Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação 

A ABBR presta atendimento de reabilitação a crianças, jovens, adultos e idosos com limitação de atividade motora, com destaque para a multidisciplinaridade e a integralidade de tratamentos.

  • Rosalina Lopes Franciscão

A professora Rosalina criou a fundação do Instituto de Educação de Surdos em Londrina (PR). A entidade foi quem inspirou a lei que tornou obrigatória a realização gratuita do exame em todos os hospitais e maternidades.

  • Ricardo Tadeu Marques da Fonseca 

Ricardo é desembargador do TRT do Paraná e destaca-se por sua atuação voltada à inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho, notadamente pela colaboração para a elaboração de normas trabalhistas.

  • Ulisses de Araújo 

Ulisses é responsável pelo primeiro programa de grande escala na empregabilidade de deficientes auditivos por meio da digitalização de documentos. Ele desenvolve ações para inclusão da pessoa com deficiência nas áreas educacional e esportiva. 

  • Izabel Maria Madeira de Loureiro Maior

Izabel é médica fisiatra, mestre em Medicina Física e Reabilitação e especialista em Bioética. Atua na defesa e promoção dos direitos da pessoa com deficiência. 

  • Hospital Santa Marcelina de Rondônia

O Hospital Santa Marcelina é referência na confecção de órteses e próteses e no tratamento de deficiências auditiva e visual, oferecendo atendimento à população de Rondônia, Amazonas e Acre.

  • Marcos Antônio Teixeira

Marcos é um gestor público, com atuação em ações de inclusão social por meio do esporte. Atualmente, ocupa o cargo de Secretário da Pessoa com Deficiência no município do Rio de Janeiro.

  • Sônia Regina Diamante Teixeira de Sousa

Sônia Regina desenvolveu a “Abordagem Terapêutica Sistema Gravither”, que utiliza um equipamento antigravitacional para o fortalecimento muscular e recuperação funcional voltada à reabilitação de pessoas com deficiência.

  • Sociedade Professor Heitor Carrilho

A sociedade desenvolve estratégias de defesa dos Direitos Humanos, vinculadas à melhoria de qualidade de vida da pessoa com deficiência por meio da inclusão social e do exercício pleno da cidadania.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)