Senadores reconhecem exemplo de amor de Santa Dulce dos Pobres

Da Redação | 21/11/2019, 15h04

A caridade, a fé e a resistência de Santa Dulce dos Pobres foram as virtudes mais elogiadas na sessão especial que homenageou a canonização da freira conhecida como o Anjo Bom da Bahia. Por requerimento da senadora Kátia Abreu (PDT-TO), o Senado homenageou, nesta quinta-feira (21), a primeira religiosa nascida no Brasil, canonizada pelo papa Francisco no último dia 13 de outubro.

Iniciada com a Ave Maria cantada pelo Coral do Senado, a sessão contou com as falas dos senadores baianos e também de Kátia Abreu, que presidiu a homenagem, e do senador Telmário Mota (Pros-RR). A senadora pelo Tocantins abordou a situação do país, em que muitos estão na pobreza extrema e da responsabilidade que o Senado tem de mudar essa realidade.

— A sessão de hoje de homenagem à Santa Dulce dos Pobres é uma oportunidade para que o Senado da República assuma as responsabilidades e o legado da primeira santa brasileira e comece a discutir, com a maior urgência possível, soluções efetivas de suspensão da pobreza e das desigualdades sociais vividas pelos brasileiros. Garantir a dignidade humana a milhões de brasileiros e brasileiras é nossa obrigação, é nosso dever — disse a senadora.

Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), atualmente há no Brasil 52 milhões de pessoas abaixo da linha da pobreza e 13 milhões de pessoas na extrema pobreza, ou seja, que recebem menos de R$ 70 por mês. Os dados foram mencionados por Kátia Abreu, que lembrou que Santa Dulce estaria imensamente preocupada com esses números.

— Ao lado do Estado, que não pode faltar a quem precisa do Estado, os pobres do Brasil precisam contar com inúmeras 'irmãs dulces', com um esforço suplementar de solidariedade de todos nós. Que possamos, espiritualmente, vestir o hábito de Irmã Dulce e fazer minimamente o papel que ela fazia — disse a senadora.

O senador Jaques Wagner (PT-BA), que conheceu Santa Dulce, afirmou ser admirável a obstinação da religiosa em suas obras sociais e em sua fé. Também lembou o seu exemplo de tolerância.

— Eu chamo a atenção para que as bênçãos de Santa Dulce dos Pobres possam inspirar mentes e corações brasileiros para que a gente diminua o nível de intolerância que a gente vem vivendo nos últimos anos, em que as pessoas se dão ao direito de ofender por divergir. E não há nada mais belo na democracia do que a pluralidade, o caleidoscópio brasileiro com todas as ideias, com todas as crianças, com todas as convicções políticas, com toda a fé religiosa — afirmou.

O senador Angelo Coronel (PSD-BA) trouxe números dos hospitais das Obras Sociais da Irmã Dulce (Osid). Atualmente são feitos 2,2 milhões de procedimentos ambulatoriais por ano, há 954 leitos e 3 mil funcionários trabalhando.

— Esses números grandiosos são pequenos perto do que foi Irmã Dulce, do seu amor pelo semelhante, algo que tem faltado no mundo de hoje — disse o senador.

Angelo Coronel lembrou que é autor do Projeto de Lei 4.028/2019, que institui o dia 13 de outubro como o Dia de Santa Dulce dos Pobres, que, segundo ele, servirá para “refletirmos ainda mais sobre um mundo melhor”.

O senador Otto Alencar (PSD-BA), que atuou nas obras sociais da santa como médico voluntário, disse que não tem a menor dúvida de que a fé cura. Para ele, Irmã Dulce se inspirou no livro bíblico de São Tiago, em que se lê que a fé sem obras é morta. O senador lembrou que embora a santa convivesse com vários enfermos com doenças infectocontagiosas, facilmente transmissíveis, nunca ficava doente.

— Eu acho que o grande milagre foi esse. Passar a vida inteira ali dentro, ela convivendo com pessoas com doenças infectocontagiosas, que se transmitiam com facilidade, ela nunca foi acometida de tuberculose, de nenhuma outra doença. (...) Eu não tenho nenhuma dúvida, do que aconteceu ao longo da minha vida, de tantas e quantas cirurgias que fiz em ambiente sem muita condição técnica, de que a fé cura — afirmou.

O senador Telmário Mota (Pros-RR) afirmou que, embora seja de Roraima, se formou na Bahia e conheceu Irmã Dulce. Para o senador, ela era um exemplo de amor.

— Deus não mede as pessoas pelos seus olhos azuis, pela sua cor, pelo seu patrimônio. Mas mede pelo seu amor. E a Irmã Dulce era isto: 1 metro e 40 de amor. Na terra, quem foi amor? Jesus. Quem foi o anjo do amor na Bahia? Irmã Dulce — afirmou.

Quem foi Santa Dulce

Batizada como Maria Rita de Sousa Brito Lopes Pontes, ela era a segunda filha do professor universitário e dentista Augusto Lopes Pontes e da dona de casa Dulce de Souza Brito. Nasceu em Salvador, em 1914, e, a partir de 1921, adotou o nome da mãe. A religiosa dedicou-se à missão de ajudar as comunidades pobres da capital baiana e ficou reconhecida ao longo da vida pela devoção ao próximo, sobretudo os doentes e necessitados. Ela criou e ajudou a criar várias instituições filantrópicas, como o Hospital Santo Antônio, que atende milhares de pessoas todos os dias. Dulce foi beatificada em 2011, quando passou a ser reconhecida como beata Dulce dos Pobres. Após a canonização, tornou-se Santa Dulce dos Pobres e a primeira santa nascida no Brasil.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)